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Gestante pode tomar chá de erva doce? Conheça as recomendações e o que evitar

A infusão contém anetol, uma substância que, em excesso, pode estimular o útero e exigir cuidado médico.

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Se você está grávida e adora um chá, é provável que alguém já te recomendou o chá de erva doce. Você pode sim tomá-lo, mas com muita moderação e sempre com o aval do seu obstetra ou nutricionista.

O chá de erva-doce é amplamente conhecido por suas propriedades calmantes e por ajudar a aliviar desconfortos digestivos comuns na gravidez, como gases e inchaço. No entanto, mesmo sendo natural, ele possui substâncias ativas que podem ser prejudiciais se consumidas em excesso.

É importante tomar cuidado com a quantidade consumida para que o chá traga apenas benefícios, e não riscos para a saúde da mãe e do bebê. Conheça a seguir a quantidade recomendada, como preparar e quais outros chás são permitidos e proibidos na gestação.

Recomendações importantes ao tomar chá de erva doce

O que torna o chá de erva-doce um ponto de atenção é um componente específico presente nele: o anetol. O anetol é uma substância que, em grandes quantidades, pode agir como um estimulante e causar relaxamento ou contrações no útero.

O consumo descontrolado de chás ou plantas medicinais sem comprovação científica pode, inclusive, aumentar o risco de abortamento ou parto prematuro (Secretaria da Saúde do Ceará, 2021).

Por isso, a moderação e a qualidade do preparo são importantes para consumir a bebida com segurança. Conheça as principais recomendações:

Não ultrapasse a moderação máxima na dose diária

O ideal é não ultrapassar uma xícara, cerca de 200ml por dia. Também é importante evitar a ingestão contínua por longos períodos. O consumo excessivo pode interferir no equilíbrio dos hormônios da gestante.

Priorize o preparo natural

Evite chás industrializados ou em sachês. Eles podem conter misturas de outras ervas e conservantes. Prefira a infusão simples, feita com as sementes ou as folhas secas da erva-doce.

Cuidado com a concentração

Use a menor quantidade de erva possível no preparo da infusão. Isso garante que a concentração de anetol seja baixa.

Procure orientação médica

Não inicie o consumo de qualquer chá, mesmo os considerados seguros, sem antes consultar o seu ginecologista-obstetra ou nutricionista. O profissional vai avaliar seu histórico de saúde e o uso de outros medicamentos.

Atenção a alergias: pessoas com histórico de alergia a plantas da família das apiáceas, como o funcho e o coentro, devem evitar totalmente o consumo de chá de erva-doce.

Em geral, se o chá for preparado na dose certa e for consumido ocasionalmente, ele pode ajudar a aliviar pequenos incômodos. O efeito levemente sedativo também contribui para reduzir a ansiedade e melhorar a qualidade do sono da gestante.

Leia também: Grávida pode tomar leite? Entenda os benefícios, riscos e orientações seguras

Chá na gravidez: conheça outros opções e seus benefícios

Manter-se hidratada é fundamental durante a gestação. Para variar o consumo de água, existem outras opções de chás que são considerados seguros e que podem ajudar a aliviar sintomas comuns, como náuseas ou insônia.

É importante que todos os chás sejam preparados na forma de infusão simples. Use apenas a folha ou a fruta da planta, sem adição de açúcar. Lembre-se que a moderação no consumo deve ser mantida.

Chá de gengibre

É o mais recomendado para combater os enjoos e as náuseas, especialmente nos primeiros três meses de gravidez.

Recomendação: use fatias finas da raiz fresca para preparar a infusão. A dose diária deve ser controlada, pois o gengibre pode ter um efeito estimulante (Atenção Primária à Saúde, 2015).

Chá de camomila (Matricaria recutita)

Possui efeito calmante e relaxante. Pode ajudar a melhorar a qualidade do sono e diminuir a ansiedade.

Recomendação: deve ser consumido em pouca quantidade. Há estudos que sugerem que doses muito altas de camomila podem causar relaxamento uterino, com risco de estimular a menstruação e provocar abortamento (Secretaria da Saúde do Ceará, 2021).

Chás de frutas

Chás feitos com a polpa ou a casca de frutas, como maçã, laranja, limão, morango ou abacaxi. Eles são saborosos e seguros. Não possuem ativos fortes que possam afetar a gestação.

Recomendação: use apenas a casca ou a polpa da fruta fresca e evite chás industrializados com muitas misturas de ervas (BORGES et al., 2018).

Leia também: Grávida pode tomar limão? Dicas de consumo e orientações durante a gravidez

Chá de folha de framboesa

É frequentemente indicado no último trimestre da gestação. Ele pode ajudar a fortalecer o útero e preparar o corpo para o parto.

Recomendação: a indicação é o consumo somente após a 34º semana de gestação. Ele não deve ser usado para tentar induzir o parto.

O consumo de chás de frutas e ervas leves na dose correta pode ser uma excelente forma de manter a gestante hidratada e confortável durante os nove meses (Fitoterapia Brasil, 2015).

Quais chás e outras bebidas as gestantes devem evitar?

Existem alimentos que são contraindicados durante a gravidez, e a isso se inclui alguns chás. Estes possuem componentes que podem causar contração do útero ou que podem afetar o desenvolvimento do bebê:

  • Chá de canela: é um estimulante. Ele aumenta a circulação e pode causar contrações musculares, incluindo as do útero. Isso eleva o risco de aborto (GORONSKI et al., 2021);
  • Chá de boldo: contém ascaridol, uma substância que pode aumentar as contrações uterinas, podendo levar a sangramentos (BARBOSA, 2023);
  • Chá de hibisco: tem propriedades que podem relaxar os músculos do útero, sendo associado a risco de aborto ou parto prematuro (SILVA et al., 2021);
  • Chás com cafeína em excesso: chá-preto, chá-verde, chá-branco e chá-mate devem ser evitados. Eles têm muito alto teor de cafeína. O excesso de cafeína pode aumentar os batimentos cardíacos da mãe e do bebê, e está associado a baixo peso ao nascer (Associação Brasileira de Nutrologia, 2018);
  • Outros chás proibidos: incluem arruda, losna, cavalinha, sálvia, carqueja, poejo e anis-estrelado (BRASIL ESCOLA, S.D.) e (SESA, 2021).

Além dos chás, as gestantes devem evitar qualquer bebida alcoólica, segundo recomendação da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (FEBRASGO).

O consumo de açúcar também deve ser rigorosamente controlado para prevenir ganho de peso excessivo e diabetes gestacional (FEBRASGO, 2024).

Lembre-se: nem tudo que é natural é inofensivo. Antes de incluir qualquer tipo de chá, suplemento ou planta medicinal na sua rotina, é fundamental buscar a orientação do seu médico ginecologista-obstetra ou de uma nutricionista especializada em gestantes.

Eles farão a avaliação correta e indicarão o consumo mais seguro para a sua gravidez.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Referências

ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE. Quais plantas medicinais podem ser utilizadas durante a gestação?. [S.l.], 2015. Disponível em: https://aps-repo.bvs.br/aps/quais-plantas-medicinais-podem-ser-utilizadas-durante-a-gestacao/. Acesso em: 24 out. 2025.

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NUTROLOGIA. Ingestão de cafeína por gestante e desfechos adversos no nascimento. Am J Clin Nutr, 2018. Disponível em: https://abran.org.br/publicacoes/artigo/ingestao-de-cafeina-por-gestante-e-desfechos-adversos-no-nascimento. Acesso em: 24 out. 2025.

BARBOSA, Sofia. Grávidas podem tomar chá de boldo para melhorar as náuseas e vômitos? São Paulo: Brasil de Fato, 26 jun. 2023. Disponível em: https://www.brasildefato.com.br/2023/06/26/gravidas-podem-tomar-cha-de-boldo-para-melhorar-as-nauseas-e-vomitos. Acesso em: 24 out. 2025.

BRASIL ESCOLA. Riscos dos chás para as gestantes. Por SANTOS, Vanessa Sardinha dos. [S.l.]: Brasil Escola, [s.d.]. Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/biologia/riscos-dos-chas-para-as-gestantes.htm. Acesso em: 24 out. 2025.

FEDERAÇÃO BRASILEIRA DAS ASSOCIAÇÕES DE GINECOLOGIA E OBSTETRÍCIA (FEBRASGO). Nutrição na gravidez. São Paulo: FEBRASGO, 2024. Disponível em: https://sogirgs.org.br/area-do-associado/nutricao-durante-a-gravidez.pdf. Acesso em: 24 out. 2025.

FITOTERAPIA BRASIL. Plantas medicinais para uso na gravidez, parto e durante a amamentação. Rede Cegonha, 2015. Disponível em: https://fitoterapiabrasil.com.br/sites/default/files/documentos-oficiais/4_-_plantas_na_gestacao_qualisus_rede_cegonha-falta_inserir.pdf. Acesso em: 24 out. 2025.

GORONSKI, Felipe et al. PERDAS FETAIS INDUZIDAS PELO USO DO CHÁ DE CANELA EM CAMUNDONGOS. Congresso Internacional em Saúde, n. 8, 2021. Disponível em: https://www.publicacoeseventos.unijui.edu.br/index.php/conintsau/article/view/19373. Acesso em: 24 out. 2025.

BORGES, Cássia Silva et al. O uso de plantas medicinais durante a gravidez e amamentação. Revista Acadêmica Oswaldo Cruz, Curitiba, v. 6, n. 4, p. 211-224, 2018. Disponível em: https://revistas.ufpr.br/academica/article/viewFile/55983/34825. Acesso em: 24 out. 2025.

SECRETARIA DA SAÚDE DO CEARÁ. Medicamentos e plantas medicinais: cartilha orienta sobre uso durante gravidez e lactação. 20 maio 2021. Disponível em: https://www.saude.ce.gov.br/2021/05/20/medicamentos-e-plantas-medicinais-cartilha-orienta-sobre-uso-durante-gravidez-e-lactacao/. Acesso em: 24 out. 2025.

SILVA, Patrícia Maria da et al. Efeitos do uso de plantas medicinais em gestantes: uma revisão. Research, Society and Development, V. 10, N. 14, e36127, 2021. Disponível em: https://rsdjournal.org/rsd/article/download/36127/30160. Acesso em: 24 out. 2025.

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