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Fatores de risco para o câncer de mama: entenda e previna

Conheça os principais elementos que influenciam o desenvolvimento da doença e a importância do diagnóstico precoce.

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Você já parou para pensar sobre o que realmente influencia o risco de desenvolver câncer de mama? Para muitas mulheres, a preocupação com essa doença é constante, especialmente quando há um histórico familiar. Entender os fatores de risco é o primeiro passo para o conhecimento e a prevenção.

O câncer de mama é uma condição complexa e multifatorial. Isso significa que ele geralmente não tem uma única causa, mas sim uma combinação de elementos genéticos, hormonais e ambientais que interagem ao longo da vida de uma mulher. Conhecer esses fatores permite tomar decisões mais informadas sobre a sua saúde e buscar o acompanhamento adequado.

Globalmente, o câncer de mama é o tipo de câncer mais comum, com cerca de 7,8 milhões de mulheres vivas que foram diagnosticadas entre 2015 e 2020. 

Em 2020, foram diagnosticados 2,3 milhões de novos casos em todo o mundo, com 685.000 mortes pela doença, conforme dados de um estudo publicado no The Breast. A detecção precoce é fundamental para melhorar as taxas de sobrevivência.

O que são os fatores de risco para o câncer de mama?

Fatores de risco são características ou exposições que aumentam a probabilidade de uma pessoa desenvolver uma doença. 

No caso do câncer de mama, esses fatores podem ser divididos em dois grandes grupos: os não modificáveis, sobre os quais não temos controle, e os modificáveis, relacionados ao estilo de vida e que podem ser alterados.

É importante ressaltar que ter um ou mais fatores de risco não significa que o câncer de mama será desenvolvido. 

A maioria das mulheres com um ou mais desses fatores nunca terá a doença, e muitas mulheres que desenvolvem o câncer não possuem fatores de risco conhecidos, exceto ser mulher e envelhecer. Contudo, a presença de múltiplos fatores pode elevar a probabilidade e merece atenção.

Quais são os fatores de risco não modificáveis do câncer de mama?

Os fatores não modificáveis são aqueles que não podem ser alterados. Eles representam características intrínsecas ao indivíduo.

O gênero feminino e a idade avançada são determinantes?

Sim, o principal fator de risco para o câncer de mama é ser mulher. Embora homens também possam ser afetados, a incidência em mulheres é muito maior. 

Além disso, a idade avançada é um fator crucial. A maioria dos casos de câncer de mama é diagnosticada em mulheres com mais de 50 anos, e o risco aumenta progressivamente com o passar dos anos.

Qual a influência do histórico familiar e genético?

O histórico familiar de câncer de mama, especialmente em parentes de primeiro grau (mãe, irmã, filha), é um fator de risco relevante. Isso se deve, em parte, à herança genética. Mutações em genes específicos, como BRCA1 e BRCA2, são responsáveis por uma parcela significativa dos casos de câncer de mama hereditário, representando cerca de 5% a 10% do total de casos.

Mulheres com essas mutações genéticas, bem como aquelas com ascendência judaica Ashkenazi (que possuem maior frequência dessas mutações), têm um risco muito mais elevado de desenvolver a doença. 

Outras síndromes genéticas raras, como a síndrome de Li-Fraumeni, também aumentam o risco. Nestes casos, o acompanhamento e o rastreamento devem ser ainda mais individualizados e intensivos.

Recentemente, as Pontuações de Risco Poligênico (PRS, do inglês Polygenic Risk Scores) surgiram como uma ferramenta importante para refinar a avaliação do risco de câncer de mama. 

As PRS combinam o risco de centenas de pequenas variações genéticas comuns (SNPs) que, individualmente, conferem um risco baixo, mas que, em conjunto, podem influenciar significativamente a probabilidade de desenvolver a doença. 

Um estudo publicado no The Breast demonstrou que as PRS, quando combinadas com fatores de risco clássicos e densidade mamográfica, podem melhorar a estratificação do risco, identificando mais mulheres nas categorias de risco mais alto e mais baixo.

As PRS podem até mesmo reclassificar o risco de portadoras de mutações em genes de alto risco, como BRCA1 e BRCA2, indicando que mais de 30% das portadoras de BRCA1 e cerca de 50% das portadoras de BRCA2 podem ter um risco de câncer de mama menor do que o esperado (abaixo de 20% ao longo da vida). 

No entanto, é importante notar que a maioria das PRS foi desenvolvida com base em populações de origem europeia, e sua aplicação em outras etnias pode superestimar o risco, sendo necessária mais pesquisa para garantir sua precisão em grupos diversos.

Como a história reprodutiva impacta o risco?

Certos aspectos da vida reprodutiva e hormonal da mulher também influenciam o risco de câncer de mama. 

A menarca precoce, ou seja, a primeira menstruação antes dos 12 anos, aumenta o tempo de exposição dos seios aos hormônios estrogênio e progesterona, elevando o risco. Da mesma forma, a menopausa tardia, que ocorre após os 55 anos, também prolonga essa exposição hormonal.

Nunca ter tido filhos (nuliparidade) ou ter tido o primeiro filho após os 30 anos são outros fatores de risco. Isso porque a gestação em idade mais jovem e a amamentação prolongada podem ter um efeito protetor. 

Além disso, ter mamas densas, uma característica observada em mamografias, também é um fator de risco independente, pois dificulta a detecção de pequenas lesões no exame.

Doenças benignas da mama (DBM) também aumentam o risco de câncer de mama. Biópsias de DBM são quatro vezes mais comuns que diagnósticos de câncer de mama invasivo nos EUA, afetando cerca de 1 milhão de mulheres anualmente. 

Um estudo em *Breast Cancer Research : BCR* mostrou que a doença proliferativa da mama com atipia (hiperplasia atípica) está associada a um risco cinco vezes maior de câncer de mama, especialmente para tumores positivos para receptor de estrogênio (ER-positivo). 

A presença de lesões de células colunares (LCCs) em biópsias de DBM também foi associada a um aumento de 1,5 vezes no risco de tumores ER-positivos e ER-negativos, sendo esse risco ainda mais evidente em mulheres na pós-menopausa.

Quais hábitos e exposições aumentam o risco de câncer de mama?

Diferente dos fatores não modificáveis, os hábitos e exposições podem ser controlados e representam uma oportunidade para a prevenção.

A obesidade e o sedentarismo elevam as chances?

Sim, a obesidade e o sobrepeso, especialmente após a menopausa, são reconhecidos fatores de risco para o câncer de mama. 

O tecido adiposo em excesso, particularmente na pós-menopausa, produz estrogênio, elevando os níveis hormonais no corpo e, consequentemente, o risco. 

Um estudo publicado em *Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention* indicou que mulheres com IMC igual ou superior a 30 kg/m² têm um risco 19% maior de mortalidade por todas as causas em 10 anos, em comparação com aquelas com IMC entre 18,5 e 25 kg/m². 

A prática de atividade física regular, por outro lado, foi associada a uma redução de 57% no risco de mortalidade por todas as causas.

O sedentarismo, por sua vez, está associado ao ganho de peso e à inflamação crônica, contribuindo para o aumento do risco. Manter um peso saudável e ser fisicamente ativa são estratégias importantes para a prevenção.

O consumo de álcool e o tabagismo influenciam?

O consumo de bebidas alcoólicas, mesmo que moderado, está associado a um aumento do risco de câncer de mama. 

Quanto maior a quantidade de álcool consumida, maior o risco. O tabagismo, além de ser um fator de risco para diversos tipos de câncer, incluindo o de mama, também prejudica a saúde geral e a capacidade de recuperação do corpo. 

O mesmo estudo publicado em *Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention* mostrou que fumantes atuais têm um risco 37% maior de mortalidade por todas as causas em 10 anos, em comparação com quem nunca fumou.

A terapia de reposição hormonal pode ser um fator?

O uso de terapia de reposição hormonal (TRH) combinada, contendo estrogênio e progesterona, por períodos prolongados (geralmente mais de 5 anos), pode aumentar o risco de câncer de mama. 

É fundamental discutir os riscos e benefícios da TRH com seu médico, que avaliará sua necessidade e alternativas. 

O estudo em *Cancer Epidemiology, Biomarkers & Prevention* também indicou que o uso de terapia hormonal da menopausa, incluindo terapia combinada de estrogênio-progesterona, foi associado a uma redução de 39% na mortalidade por todas as causas em 10 anos, o que ressalta a importância de uma avaliação médica individualizada.

Outras exposições ambientais e ocupacionais contribuem?

A exposição frequente à radiação ionizante em idade jovem, como a radioterapia no tórax para tratamento de outros tipos de câncer, pode aumentar o risco. 

Existem também estudos que investigam a relação entre a exposição a certas substâncias químicas presentes em agrotóxicos e poluentes ambientais e o risco de câncer de mama, embora a evidência ainda esteja sendo consolidada.

Ter um fator de risco significa que terei câncer de mama?

Não. É crucial compreender que a presença de um ou mais fatores de risco não é uma sentença. 

Muitos casos de câncer de mama ocorrem em mulheres sem fatores de risco conhecidos, e muitas mulheres com vários fatores nunca desenvolvem a doença. A maioria dos casos resulta de uma combinação complexa de fatores genéticos e ambientais que ainda não são totalmente compreendidos. 

A identificação de fatores de risco serve como um guia para aumentar a atenção e a vigilância.

É importante ressaltar que a maioria dos tumores que se desenvolvem após um diagnóstico de doença benigna da mama são de estágio inicial e positivos para receptor de estrogênio, o que os torna altamente tratáveis, conforme apontado por um estudo em *Breast Cancer Research : BCR*. Isso reforça a importância do acompanhamento e da detecção precoce.

Como posso reduzir o risco de câncer de mama?

Embora alguns fatores de risco sejam inalteráveis, é possível agir sobre outros para diminuir a probabilidade de desenvolver a doença.

Quais são as medidas de prevenção primária?

Adotar um estilo de vida saudável é uma das principais formas de prevenção. Isso inclui manter um peso corporal adequado, especialmente após a menopausa, através de uma alimentação balanceada rica em frutas, vegetais e grãos integrais, e pobre em alimentos processados e gorduras saturadas. A prática regular de atividade física (pelo menos 150 minutos de exercícios moderados por semana) também é fundamental.

Evitar o consumo de álcool ou limitá-lo ao máximo, bem como não fumar, são medidas importantes. Para as mães, a amamentação, quando possível, por períodos mais longos, oferece um efeito protetor significativo contra o câncer de mama.

Qual a importância da detecção precoce?

A detecção precoce é essencial para aumentar as chances de cura. Isso se dá principalmente através da mamografia de rastreamento, que deve ser realizada conforme a orientação médica, geralmente a partir dos 40 ou 50 anos, dependendo do histórico e perfil de risco individual. 

O autoexame das mamas e o exame clínico periódico feito por um profissional de saúde são importantes para que a mulher conheça o seu corpo e possa identificar alterações suspeitas rapidamente.

Por que o acompanhamento médico é crucial na prevenção e detecção?

Consultar um médico regularmente é fundamental para uma abordagem personalizada à saúde da mama. Um profissional de saúde pode avaliar seu histórico familiar e pessoal, identificar seus fatores de risco específicos e determinar o plano de rastreamento mais adequado para você. 

Ele pode orientar sobre a frequência da mamografia, a necessidade de outros exames complementares ou de aconselhamento genético, se houver indicação.

Para mulheres com alto risco de câncer de mama, como portadoras de mutações genéticas BRCA1 e BRCA2, a mastectomia redutora de risco (remoção cirúrgica das mamas) pode ser uma opção a ser considerada. 

Estudos indicam que a mastectomia bilateral redutora de risco é eficaz na redução da incidência e da mortalidade por câncer de mama. No entanto, é crucial que a mulher e o médico compreendam o risco individual real e as limitações das evidências atuais antes de considerar a cirurgia, conforme revisão da *The Cochrane Database of Systematic Reviews*. 

Outras opções preventivas, como a quimioprevenção (uso de medicamentos para reduzir o risco) e a ooforectomia bilateral redutora de risco (remoção dos ovários e tubas uterinas), também podem ser discutidas.

O acompanhamento médico permite que você tire suas dúvidas, receba orientações sobre hábitos de vida saudáveis e, caso alguma alteração seja identificada, possa iniciar o diagnóstico e tratamento o mais rápido possível, aumentando significativamente as chances de sucesso. Não hesite em buscar ajuda profissional para discutir suas preocupações e planejar sua saúde.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

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