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Exames para hipotireoidismo: quais testes confirmam o diagnóstico?

Entenda o papel dos exames de sangue, como TSH e T4 livre, e de imagem na investigação da tireoide e na confirmação do hipotireoidismo.

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Aquele cansaço que não passa, mesmo após uma noite inteira de sono. Um ganho de peso inexplicável, pele seca e a sensação constante de frio. Esses são incômodos comuns que levam muitas pessoas ao consultório médico e podem ser o ponto de partida para a investigação de um problema na tireoide.

A suspeita, muitas vezes, recai sobre o hipotireoidismo, uma condição em que a glândula tireoide não produz hormônios suficientes para o bom funcionamento do corpo. 

Felizmente, o diagnóstico pode ser confirmado de forma precisa por meio de exames laboratoriais simples. Exames de sangue que avaliam o TSH, T3 livre (FT3), T4 livre (FT4) e anticorpos da tireoide são fundamentais para diagnosticar essa condição.

Quais são os principais exames para diagnosticar o hipotireoidismo?

A investigação do hipotireoidismo é conduzida por uma análise cuidadosa dos níveis hormonais no sangue. O processo geralmente começa com um exame de triagem e, dependendo do resultado, exames complementares podem ser solicitados pelo médico endocrinologista.

Dosagem do hormônio tireoestimulante (TSH)

Este é considerado o principal exame para avaliar a função da tireoide. O TSH é produzido pela hipófise, uma glândula no cérebro, e sua função é estimular a tireoide a produzir seus próprios hormônios (T4 e T3).

Quando a tireoide está com baixa produção, a hipófise aumenta a liberação de TSH na tentativa de "acordar" a glândula. Portanto, um nível de TSH alto no sangue é o primeiro e mais sensível indicador de que o hipotireoidismo pode estar presente. A presença de níveis elevados de TSH combinados com tiroxina (T4) baixa são indicadores claros de hipotireoidismo.

Dosagem de tiroxina livre (T4 livre)

A tiroxina (T4) é o principal hormônio produzido pela tireoide. O exame mede a porção "livre" deste hormônio, que é a que está disponível para ser utilizada pelas células do corpo. Se o TSH estiver alto, a dosagem de T4 livre é solicitada para confirmar o diagnóstico.

No hipotireoidismo primário (o tipo mais comum), um resultado de TSH alto combinado com T4 livre baixo confirma a condição. A tireoide não está respondendo ao estímulo da hipófise e, por isso, não produz hormônio suficiente. É importante notar que, enquanto o TSH elevado e o T4 livre baixo caracterizam o hipotireoidismo primário, o hipotireoidismo subclínico apresenta TSH elevado, mas com o T4 livre ainda dentro da faixa normal.

Dosagem de triiodotironina (T3)

O T3 é outro hormônio tireoidiano, mais ativo que o T4, mas produzido em menor quantidade. Sua dosagem não é rotineiramente solicitada para o diagnóstico inicial de hipotireoidismo, pois seus níveis podem permanecer normais por muito tempo, mesmo quando a doença já está instalada. Contudo, pode ser útil em situações específicas, a critério médico.

Como os exames ajudam a identificar a causa do hipotireoidismo?

Uma vez confirmado o diagnóstico de hipotireoidismo, é importante investigar a sua causa. A mais comum no Brasil e no mundo é a Tireoidite de Hashimoto, uma doença autoimune.

Pesquisa de anticorpos (Anti-TPO)

Na Tireoidite de Hashimoto, o sistema imunológico produz anticorpos que atacam a própria tireoide, causando uma inflamação crônica que destrói gradualmente a glândula. O principal marcador dessa condição é o anticorpo antiperoxidase tireoidiana (anti-TPO).

A presença de níveis elevados de anti-TPO no sangue, junto com as alterações de TSH e T4 livre, praticamente confirma que a causa do hipotireoidismo é autoimune. A identificação desses anticorpos da tireoide é um passo essencial na investigação diagnóstica.

E quando os exames de imagem são necessários?

Exames de imagem, como a ultrassonografia, não medem a função hormonal, mas avaliam a estrutura física da glândula tireoide. Portanto, não são utilizados para diagnosticar o hipotireoidismo em si.

Contudo, o médico pode solicitar uma ultrassonografia da tireoide se, durante o exame físico, for detectado algum nódulo ou aumento do tamanho da glândula (bócio). O exame ajuda a avaliar as características de nódulos e a identificar alterações na textura da tireoide, que são comuns na Tireoidite de Hashimoto.

O que significam os resultados dos exames?

A interpretação dos resultados deve ser sempre feita por um médico, que levará em conta os sintomas e o histórico clínico do paciente. Os valores de referência podem variar ligeiramente entre laboratórios, mas, de forma geral, os padrões se organizam da seguinte maneira:

Padrão

TSH

T4 Livre

Possível Diagnóstico

 

Função Normal

Normal

Normal

Eutireoidismo (função tireoidiana normal)

Hipotireoidismo Primário

Alto

Baixo

Confirmação de hipotireoidismo

Hipotireoidismo Subclínico

Alto

Normal

Fase inicial da doença, requer monitoramento

É relevante mencionar que, para a investigação do hipotireoidismo congênito, a medição do hormônio tireoestimulante (TSH) e da tiroxina livre (fT4) no sangue são os exames iniciais e mais sensíveis.

Quem deve fazer os exames para hipotireoidismo?

A avaliação da tireoide é recomendada para pessoas que apresentam sintomas sugestivos da doença. Além disso, o rastreamento pode ser indicado para grupos de maior risco, como:

  • Mulheres acima de 35 anos, especialmente no período da menopausa;
  • Pessoas com histórico familiar de doenças da tireoide;
  • Pacientes com outras doenças autoimunes, como diabetes tipo 1 ou doença celíaca;
  • Indivíduos que realizaram cirurgia ou radioterapia na região do pescoço.

Se você se identifica com os sintomas ou pertence a um grupo de risco, conversar com um médico é o primeiro passo para cuidar da sua saúde e garantir o diagnóstico correto. O tratamento do hipotireoidismo é eficaz e permite a retomada da qualidade de vida.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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