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Como funciona o exame de sangue que detecta câncer no intestino

Entenda o que um exame de sangue pode realmente indicar sobre o câncer de intestino e por que ele é uma ferramenta de apoio, mas não substitui a colonoscopia.

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A busca por um exame de sangue que detecta câncer no intestino é comum, motivada pela esperança de um diagnóstico simples. É preciso saber, porém, que seu papel na oncologia é muito específico: ele auxilia no acompanhamento da doença, mas não substitui os exames que de fato realizam a detecção precoce.

O que é o exame de sangue para detectar câncer no intestino?

Atualmente, não existe um único exame de sangue que detecta câncer no intestino de forma definitiva. O que a medicina utiliza são testes que medem a quantidade de certas substâncias no sangue, conhecidas como marcadores tumorais.

Na maior parte das vezes, esses marcadores são proteínas que podem ser produzidas em excesso pelas próprias células cancerígenas ou pelo corpo em resposta à presença do tumor. Eles funcionam como "pistas" ou "sinalizadores" biológicos. Um nível elevado pode sugerir que um câncer está ativo, mas essa alteração isoladamente não confirma o diagnóstico.

A razão para essa cautela é que os marcadores tumorais não são exclusivos do câncer. Seus níveis também podem aumentar por diversas outras razões, como em processos inflamatórios benignos. 

Por isso, esses exames são ferramentas de apoio na investigação, mas nunca um veredito final. O diagnóstico definitivo do câncer de intestino só é confirmado por exames de imagem e pela biópsia do tecido suspeito.

Quais marcadores podem indicar câncer no intestino?

O principal marcador tumoral utilizado no contexto do câncer de cólon e reto é o Antígeno Carcinoembrionário (CEA). Se trata de uma proteína produzida em grandes quantidades durante o desenvolvimento fetal e cujos níveis em adultos saudáveis costumam ser muito baixos. 

Quando um tumor colorretal está presente, suas células podem voltar a produzir CEA em excesso, de forma a elevar suas concentrações na circulação sanguínea.

Porém, é necessário entender que o CEA não é um marcador específico para o câncer de intestino. Seus níveis também podem se elevar em outros tipos de tumores, como os de mama e pulmão, e em diversos outros quadros clínicos, como gastrites, úlceras, doenças inflamatórias intestinais e até mesmo em fumantes.

Quando o exame de sangue é indicado para investigar câncer no intestino?

Justamente por não ser específico, o CEA não é utilizado como um exame de rastreamento para a população geral. A sua principal e mais valiosa indicação é no acompanhamento de um paciente que já recebeu o diagnóstico de câncer de intestino.

Nesse cenário, a dosagem do CEA é feita antes do início da terapia para estabelecer um nível de base. Após a cirurgia ou durante a quimioterapia, novas medições são feitas para avaliar a resposta do tumor. Uma queda acentuada nos níveis é um sinal objetivo de que o tratamento está funcionando.

Após a conclusão da terapia, o marcador continua a ser monitorado periodicamente. Um aumento contínuo em suas taxas pode ser o primeiro sinal de que a doença retornou (recidiva), muitas vezes meses antes do surgimento de qualquer sintoma. 

O exame de sangue substitui a colonoscopia?

Esta é a informação mais importante que o paciente deve ter em mente: o exame de sangue que detecta câncer no intestino (a dosagem de CEA) não substitui a colonoscopia. Embora a ideia de um teste menos invasivo seja compreensível, a colonoscopia continua sendo o exame padrão-ouro, o método mais eficaz e seguro para o diagnóstico do câncer colorretal.

A colonoscopia é um exame que permite ao médico visualizar toda a parede interna do intestino grosso. Para isso, um tubo fino e flexível com uma microcâmera na ponta é inserido, transmitindo as imagens em tempo real para um monitor. Essa capacidade de "olhar por dentro" é o que torna o exame tão superior.

Essa superioridade se deve à sua dupla função: a colonoscopia é um exame diagnóstico e terapêutico. Durante o procedimento, o médico consegue não só identificar um tumor, mas  ainda encontrar e remover pólipos, que são lesões benignas que podem se transformar em câncer ao longo do tempo.

Além disso, se uma área suspeita é encontrada, o exame permite a retirada de pequenos fragmentos de tecido (biópsia) para a análise que confirma o diagnóstico. Nenhuma análise de sangue oferece essa capacidade de visualização, remoção de lesões precursoras e coleta de material para a confirmação da doença. 

Por isso, o exame de sangue permanece como uma ferramenta de acompanhamento, mas não de diagnóstico.

Outros exames importantes para diagnosticar câncer no intestino

Além da colonoscopia, o primeiro passo na investigação de sintomas suspeitos ou no rastreamento de rotina costuma ser a pesquisa de sangue oculto nas fezes. Este é um teste laboratorial simples e não invasivo que pode detectar a presença de sangue não visível, que pode ser um sinal precoce de pólipos ou de um tumor que esteja sangrando de forma discreta.

É importante entender que um resultado positivo neste exame não significa necessariamente que a pessoa tem câncer, pois outras condições, como hemorroidas ou pequenas inflamações, também podem causar sangramento. Porém, um resultado positivo indica a necessidade de uma investigação mais aprofundada.

Assim, se o exame de sangue oculto for positivo, a colonoscopia se torna o próximo passo para investigar a origem do sangramento. Em conjunto, esses exames formam a principal linha de frente para a detecção e o diagnóstico precoce do câncer de intestino.

Então, o exame de sangue que detecta câncer no intestino através dos marcadores tumorais é uma ferramenta de apoio, mas a prevenção e o diagnóstico precoce se baseiam em outros métodos. A conversa com seu médico e a realização dos exames preventivos corretos, como a pesquisa de sangue oculto e a colonoscopia, continuam sendo as atitudes mais seguras para cuidar da sua saúde.

Referências bibliográficas:

INSTITUTO ONCOGUIA. CEA (Antígeno Carcinoembrionário). São Paulo: Oncoguia, [s.d.]. Disponível em: https://www.oncoguia.org.br/conteudo/cea-antigeno-carcinoembrionario/1399/358/. Acesso em: 11 ago. 2025.

INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA). Detecção Precoce do Câncer de Intestino. Rio de Janeiro: INCA, 2022. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/intestino/deteccao-precoce. Acesso em: 11 ago. 2025.