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É normal sentir dor nas partes íntimas na gravidez? Entenda o que é esperado no período

Algumas mulheres relatam sentir desconfortos na região pélvica, mas alguns deles são normais durante a gestação

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Durante a gestação, o corpo da mulher passa por transformações intensas e algumas delas podem causar sensações novas. Dores e pressões começam a surgir e é comum ficar apreensiva. Nesses momentos, saber se é normal sentir dor nas partes íntimas na gravidez pode ser uma preocupação, principalmente se é a primeira gestação.

Em grande parte dos casos, essas “dores” são sensações comuns desse período. Mas em alguns casos, a dor pode indicar que é necessária a atenção médica.

Por que pode haver dor ou pressão nas partes íntimas durante a gestação

O corpo da mulher se transforma quando ela está grávida. Nesse período, o corpo está se acomodando para abrigar e nutrir o bebê. Essas e outras alterações também influenciam no aumento do volume uterino, forçando um maior fluxo sanguíneo para a região pélvica.

Os hormônios também têm papel significativo.  A relaxina promove o relaxamento dos ligamentos e articulações da pelve, preparando o corpo da mulher para o momento do parto. Todas essas mudanças podem gerar dor, pontadas, pressões ou até mesmo sensações de fadiga nas partes íntimas e região pélvica.

Por exemplo: alguns estudos (2004) sobre dor da pelve durante a gravidez documentaram que os ligamentos que sustentam o útero terminam esticando nesse período. É esse “esticamento” que provoca a dor. Esse tipo de incômodo é mais registrado pelas gestantes a partir do segundo trimestre de gestação.

Já outra revisão (2009) que analisou os sintomas vaginais na gravidez mostrou que a coceira, queimação e dores na região podem aumentar ainda mais durante a gestação.

Também foi observado que no segundo e terceiro trimestre, o crescimento do bebê exerce muita pressão sobre o assoalho pélvico, causando uma sensação de peso ou dor nas partes íntimas.

Leia também: Sinais de que a gravidez não vai bem - o que observar e quando buscar ajuda médica

Em que momento esse desconforto nas partes íntimas costuma aparecer?

No primeiro trimestre, apesar do bebê ser ainda pequeno, as alterações hormonais podem deixar a região pélvica mais sensível. Os ligamentos ficam mais relaxados e há uma maior vascularização da região.

Com a evolução da gestação, o peso crescente do útero e do bebê podem causar ainda mais dor ou provocar maior pressão na região pélvica. Estudos (2018) apontam que o início típico da dor pélvica costuma ocorrer entre a 14ª e 30ª semana de gestação.

A sensação de “peso” ou pressão nas partes íntimas podem sinalizar também que o bebê está mais encaixado. Essa sensação pode aumentar a carga na musculatura dessa região e do assoalho pélvico.

É normal sentir dor nas partes íntimas durante a gravidez?

A resposta é que depende da dor. Se ela for leve e ocasional, essa dor pode estar relacionada ao movimento, à mudança de posição do bebê ou até mesmo à pressão que costuma passar com o devido descanso.

No geral, essa “dor” pode fazer parte da série de adaptações que o corpo da gestante enfrenta. Ter esse entendimento, principalmente se é a sua primeira gestação, é importante. Tudo aqui é novidade e costuma gerar dúvidas.

Por outro lado, se a dor for intensa, contínua e vier acompanhada de outros sintomas, elas não são normais. Fique atenta se com a dor você observar que há sangramentos vaginais, febres, contrações antes do tempo ou um corrimento anormal. Todos esses sinais inspiram atenção e requerem avaliação médica o quanto antes.

O que pode estar causando essa dor ou pressão nas partes íntimas?

Com o crescimento do útero, os ligamentos que sustentam esse órgão podem “puxar” e causar como se fossem pontadas ou dores mais direcionadas à virilha. Também por causa da relaxina, as articulações podem ficar mais “móveis”, gerando maior instabilidade na região e dor. Essa é uma situação esperada e comum.

À medida que o bebê cresce, ele pode pressionar os vasos sanguíneos, nervos e músculos do assoalho pélvico da mãe. Por estar crescendo, há uma sensação de peso e dor nas partes íntimas.

A gestação faz com que a vascularização da pelve aumente. Para se adaptar a essa nova condição, os músculos da região começam a se acomodar ao novo volume, resultando no desconforto.

Todas essas situações são esperadas pelo período da gravidez. Só não são normais e inspiram cuidados que afetem a saúde da mamãe e do bebê. Infecções íntimas, vaginoses, candidíases e até predisposições a dores pélvicas podem mascarar ou até mesmo agravar os sintomas. Esses sinais de alerta devem ser discutidos com seu médico.

O que fazer para aliviar o desconforto?

Algumas medidas simples podem ajudar a aliviar o desconforto e melhorar a circulação na região.

  • Sempre que possível, evite ficar muito tempo em pé ou sentada na mesma posição. Tente alternar entre momentos de descanso e caminhadas leves.
  • Durma de lado. Essa posição melhora a pressão sobre os vasos pélvicos.
  • Use roupas íntimas confortáveis. De preferência, de algodão e evite calças muito apertadas.
  • Discuta com seu médico se é possível fazer compressas mornas na região inferior do abdômen.
  • Alguns exercícios físicos leves, como caminhadas, podem ajudar. Mas antes, é preferível conversar com seu médico se você pode fazer outros exercícios.
  • Mantenha-se hidratada. A água ajuda a reduzir a retenção de líquidos e melhora a circulação como um todo.
  • Alguns alongamentos pélvicos podem ajudar no controle do incômodo. Estudos (2004) apontam que essas medidas têm impacto positivo.

Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS, 2020), manter-se fisicamente ativa durante a gestação contribui para uma melhor adaptação corporal, além de reduzir as dores lombares e pélvicas.

Mesmo com todas essas medidas, não deixe de consultar seu obstetra ou fisioterapeuta especializado em saúde pélvica e gestação. Se a dor for persistente ou forte, é importante que seu médico investigue a causa o quanto antes.

Quando procurar um médico?

Em alguns momentos, a dor pode ficar intensa e até mesmo piorar com o tempo. Mesmo você agindo para aliviar o desconforto, esses sinais merecem investigação e atenção.

Se você notar que além do desconforto e da pressão aumentando, há:

  • Sangramento vaginal;
  • Corrimento com odor forte ou coloração diferente;
  • Febre;
  • Calafrios;
  • Sintomas de infecção;
  • Sentir contrações regulares ou de “algo descendo”;
  • A dor impede que você caminhe, suba escadas ou realize suas atividades diárias.

Esses sinais podem indicar condições que vão além das adaptações do corpo da mulher à gravidez. Podem ser sinais de infecção, trabalho de parto prematuro ou um tipo de disfunção pélvica mais grave.

Sentir dores nas partes íntimas podem ser normais na primeira gestação

Essas sensações são novas para quem está esperando o primeiro filho. O corpo ainda está se adaptando e pode haver uma maior atenção a essas mudanças, o que torna mais provável observar e sentir esses desconfortos nas partes íntimas.

Mesmo assim, o fato de ser a primeira gestação não elimina a necessidade de reconhecer o que é “normal” e esperado e o que não é e requer atenção médica.

Se você está grávida e percebe uma sensação de pressão, pontadas ou dores nas partes íntimas, adote cuidados mais práticos. Entre eles, evite ficar longos períodos em pé, use roupas confortáveis e faça alongamentos suaves. Além desses cuidados, mantenha sempre contato com seu médico.

A gestação pode e deve ser vivida com conforto e segurança.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Referências

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