19/08/2025
Revisado em: 21/08/2025
Mesmo quem trabalha sentado pode se livrar da dor no pescoço. Conheça as causas, tratamentos eficazes e dicas de prevenção para um dia a dia sem incômodos.
Você já se pegou, no meio do expediente, sentindo um incômodo persistente ou uma rigidez que dificulta até mesmo virar a cabeça? A dor no pescoço, ou cervicalgia, é uma queixa frequente, especialmente entre aqueles que passam longas horas trabalhando sentados.
Globalmente, a dor no pescoço é um problema de saúde significativo e que vem aumentando ao longo dos anos.
Esse problema vai muito além de um simples desconforto. Ele pode afetar sua concentração, produtividade e até mesmo o bem-estar geral, transformando tarefas simples em desafios.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a dor no pescoço e nas costas foi responsável por um gasto estimado de US$ 134,5 bilhões em saúde em 2016, e em 2012, 25,5 milhões de americanos faltaram ao trabalho, em média, 11,4 dias devido à dor no pescoço, conforme estudo publicado no BMC Musculoskeletal Disorders.
A coluna cervical é uma estrutura complexa, projetada para sustentar a cabeça e permitir ampla mobilidade. Contudo, manter uma postura inadequada por tempo prolongado impõe uma sobrecarga excessiva aos músculos, ligamentos e discos dessa região.
A inclinação constante da cabeça para olhar telas, por exemplo, aumenta exponencialmente a pressão sobre a cervical, contribuindo para a dor crônica e outros problemas. O uso de telefones celulares por mais de 10 horas por semana, por exemplo, aumentou significativamente as chances de desenvolver dor no pescoço em estudantes de 10 a 17 anos.
As causas da dor no pescoço são diversas, variando de fatores simples do dia a dia a condições clínicas mais complexas. Compreender a origem é o primeiro passo para buscar o tratamento adequado e o alívio necessário.
Esta é uma das razões mais comuns, especialmente para quem trabalha em escritórios. A inclinação da cabeça para frente ao usar computadores ou smartphones, ombros curvados e falta de apoio adequado na cadeira contribuem significativamente para a tensão muscular e a dor.
A sobrecarga contínua da coluna cervical pode gerar desgaste e desalinhamentos ao longo do tempo.
O corpo responde ao estresse com a contração involuntária dos músculos, principalmente na região dos ombros e pescoço. Essa tensão constante reduz o fluxo sanguíneo local e acumula produtos de fadiga, resultando em dor e rigidez. Fatores psicológicos como estresse de longo prazo, falta de apoio social, ansiedade e depressão são importantes fatores de risco para a dor no pescoço.
Ambientes de trabalho exigentes e a pressão diária podem agravar esse quadro, tornando o pescoço um "termômetro" do nível de estresse.
Acidentes, como o "efeito chicote" em colisões de carro, quedas ou pancadas diretas no pescoço, podem causar lesões nos músculos, ligamentos e discos. Além disso, movimentos repetitivos, como digitar sem o apoio adequado para os braços ou praticar certos esportes, também podem gerar inflamação e dor crônica.
Algumas condições estruturais da coluna vertebral podem ser a raiz da dor no pescoço, exigindo atenção médica especializada.
Ocorre quando o disco intervertebral, que atua como um amortecedor entre as vértebras, se desloca ou se rompe. Esse deslocamento pode comprimir os nervos próximos, causando dor que irradia para os braços, ombros e mãos, acompanhada de formigamento ou dormência.
A artrose é o desgaste natural da cartilagem nas articulações da coluna, enquanto a espondilose cervical se refere a mudanças degenerativas nos ossos e discos do pescoço, comuns com o envelhecimento. Ambas as condições podem levar à rigidez, dor e, em casos avançados, compressão nervosa.
O torcicolo é caracterizado por uma contração muscular aguda e dolorosa na região do pescoço, que geralmente ocorre de repente. É comum após dormir em uma posição desfavorável ou realizar um movimento brusco. A dor pode ser intensa e limitar drasticamente a movimentação da cabeça, tornando-a "travada".
Em alguns casos, a dor no pescoço pode ser um sintoma de condições menos comuns, como fibromialgia, artrite reumatoide, ou outras doenças neuromusculoesqueléticas e autoimunes. Por isso, a avaliação médica é crucial para um diagnóstico preciso.
A dor no pescoço pode se manifestar de diversas formas, desde um leve desconforto até uma dor aguda e limitante. Os sintomas mais comuns incluem dor localizada, rigidez, dificuldade para movimentar a cabeça e dor de cabeça, que geralmente se origina na nuca e irradia para a fronte ou as laterais da cabeça.
Espasmos musculares também são frequentes, com os músculos do pescoço endurecendo e se contraindo involuntariamente.
Quando há compressão de um nervo no pescoço, os sintomas podem se estender para outras áreas. É comum sentir dor que irradia para os ombros, braços e até as mãos, acompanhada de formigamento, dormência ou fraqueza nos membros.
A gravidade da dor no pescoço pode ser maior se acompanhada de rizotomia cervical (dor irradiada) e/ou déficit motor, como fraqueza nos membros superiores.
Esses sinais indicam um possível envolvimento neurológico e exigem uma investigação médica aprofundada.
A maioria dos casos de dor no pescoço é benigna e melhora com repouso e cuidados simples. No entanto, certos sinais de alerta indicam a necessidade de buscar ajuda médica imediata, pois podem apontar para condições graves.
Procure um médico se a dor no pescoço for:
O cuidado com a dor no pescoço envolve desde medidas simples que você pode adotar em casa até tratamentos profissionais, dependendo da causa e da intensidade do problema. O objetivo é aliviar o desconforto, restaurar a mobilidade e prevenir recorrências.
Para o alívio inicial, algumas ações podem ser muito eficazes:
Se a dor persistir ou for intensa, a avaliação de um profissional de saúde é fundamental para um diagnóstico preciso e um plano de tratamento individualizado.
É uma das abordagens mais importantes. Um fisioterapeuta pode utilizar diversas técnicas, como ultrassom, laser, eletroterapia, manipulação manual, liberação miofascial e exercícios terapêuticos. Os exercícios visam fortalecer os músculos do pescoço e ombros, melhorar a postura e aumentar a flexibilidade.
Sob orientação médica, analgésicos e anti-inflamatórios podem ser prescritos para aliviar a dor e a inflamação. Em alguns casos, relaxantes musculares podem ser indicados para reduzir espasmos intensos.
Terapias complementares, como a acupuntura, podem oferecer alívio para a dor em alguns indivíduos, complementando o tratamento convencional. Em situações mais raras e graves, quando há compressão nervosa ou lesões estruturais severas, a intervenção cirúrgica pode ser considerada como última opção.
A prevenção é o pilar fundamental para quem busca um dia a dia livre de dor no pescoço, especialmente para quem tem uma rotina de trabalho sentada. Pequenas mudanças nos hábitos e no ambiente podem fazer uma grande diferença.
Um ambiente de trabalho ergonomicamente correto é essencial para a saúde da sua coluna cervical:
A cada 30-60 minutos de trabalho, levante-se, caminhe um pouco e realize alongamentos simples para o pescoço e ombros. Movimentos suaves de inclinação lateral da cabeça, rotação e elevação dos ombros podem aliviar a tensão acumulada.
Pesquisas indicam que, no curto prazo, pessoas com dor no pescoço tendem a fazer pausas mais frequentes e curtas para gerenciar a carga muscular, evitando atividades sustentadas por longos períodos.
No entanto, a longo prazo, períodos prolongados de atividade muscular sustentada sem pausas adequadas podem ser preditivos de dor no pescoço, com indivíduos que apresentam maior nível de exposição relatando consistentemente mais dor.
Essas micropausas são vitais para evitar a rigidez muscular e melhorar a circulação sanguínea. É importante distribuir as pausas ao longo do dia de trabalho para manter a carga cumulativa gerenciável, independentemente da ocupação.
Adote estratégias para lidar com o estresse, como a prática de mindfulness, meditação ou exercícios de respiração profunda. Incluir atividades relaxantes na sua rotina, como yoga ou tai chi, também pode ajudar a diminuir a tensão muscular e promover o bem-estar geral.
Um estilo de vida saudável é um grande aliado na prevenção da dor no pescoço:
A quantidade e qualidade insuficientes de sono estão significativamente associadas a um aumento das chances de ter dor no pescoço. Escolha um travesseiro que ofereça suporte adequado para a curva natural do seu pescoço, mantendo a coluna alinhada durante o sono.
A dor no pescoço pode ser um sinal do seu corpo pedindo atenção. Ao entender as causas, adotar medidas preventivas e buscar o apoio profissional necessário, é possível aliviar o desconforto e desfrutar de um dia a dia mais saudável e produtivo.
É importante notar que as mulheres tendem a relatar maior intensidade de dor no pescoço do que os homens.
Intervenções ergonômicas e organizacionais no ambiente de trabalho podem precisar ser adaptadas para cada sexo, com as mulheres se beneficiando particularmente de tarefas que permitam pausas mais frequentes e variação de movimentos.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
KAZEMINASAB, S.; et al. Neck pain: global epidemiology, trends and risk factors. BMC Musculoskeletal Disorders. 23. 1; 1-13, 2022. Disponível em:https://bmcmusculoskeletdisord.biomedcentral.com/articles/10.1186/s12891-021-04957-4 . Acesso em: 25 jun. 2024.
KOCH, M.; et al. Frequency of breaks, amount of muscular rest, and sustained muscle activity related to neck pain in a pooled dataset. PLOS ONE. 19. 6; e0297859, 2024. Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0297859 . Acesso em: 25 jun. 2024.
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