19/08/2025
Revisado em: 19/08/2025
A dor na nuca é um incômodo comum que pode ser causado por diversos fatores, desde a má postura até condições mais sérias. Saiba como identificar os sintomas e buscar o tratamento adequado.
Quem nunca acordou com aquela sensação incômoda de rigidez na nuca, como se tivesse dormido de mau jeito? Ou sentiu a região do pescoço pesada após um dia intenso de trabalho ou estudo? A dor na nuca é uma queixa comum que afeta milhões de pessoas, mas que nem sempre recebe a atenção necessária.
Conhecida tecnicamente como cervicalgia, a dor na nuca refere-se a qualquer desconforto ou rigidez na parte posterior do pescoço e base do crânio. Essa região é vital, pois abriga a coluna cervical, uma estrutura complexa de vértebras, músculos, ligamentos e nervos que sustentam a cabeça e permitem seus movimentos.
A dor na nuca é um problema de saúde significativo em todo o mundo. Em 2020, estima-se que 203 milhões de pessoas globalmente foram afetadas pela dor na nuca, um aumento de 77,3% desde 1990.
Projeções indicam que esse número pode aumentar para 269 milhões até 2050, impulsionado principalmente pelo crescimento e envelhecimento da população global.
As mulheres tendem a apresentar uma taxa de prevalência mais alta do que homens, e a dor atinge seu pico entre os 45 e 74 anos de idade, conforme estudo publicado no The Lancet. Rheumatology.
O impacto econômico da dor na nuca é considerável, incluindo custos de tratamento e perda de produtividade.
Nos Estados Unidos, por exemplo, a dor lombar e na nuca representou a maior despesa em saúde em 2016, totalizando cerca de 134,5 bilhões de dólares. Em 2012, a dor na nuca foi responsável por 25,5 milhões de americanos faltarem ao trabalho, perdendo em média 11,4 dias de serviço, segundo o BMC Musculoskeletal Disorders.
A dor na nuca pode ter diversas origens, desde hábitos diários até condições de saúde mais complexas. Compreender as causas é o primeiro passo para buscar o alívio adequado.
A vida moderna, com longas horas em frente a computadores e smartphones, contribui significativamente para o surgimento da dor na nuca. A má postura, seja ao sentar, caminhar ou dormir, sobrecarrega os músculos e as articulações da coluna cervical, causando tensão e dor.
A posição da cabeça curvada para baixo para olhar o celular, por exemplo, é um gatilho comum.
Além da postura, o ambiente construído onde passamos a maior parte do tempo também pode influenciar a dor na nuca.
Fatores como a qualidade do ar, ventilação inadequada, temperaturas desconfortáveis (especialmente o frio), ruído excessivo e iluminação deficiente no trabalho ou em casa têm sido associados a um risco aumentado de dor na nuca, conforme uma revisão sistemática publicada no American Journal of Health Promotion.
O estresse e a ansiedade são grandes vilões da saúde muscular. Em momentos de tensão, é comum contrair os músculos do pescoço e dos ombros de forma involuntária. Essa contração prolongada leva à formação de nós musculares (pontos de gatilho) e à dor na nuca, que muitas vezes irradia para a cabeça ou ombros.
Estudos recentes destacam que fatores psicológicos, como estresse prolongado, ansiedade e depressão, são importantes fatores de risco para o desenvolvimento e progressão da dor na nuca.
A relação entre depressão e dor na nuca, por exemplo, parece ser bidirecional, onde um pode influenciar o outro. Além disso, a qualidade do sono também tem uma relação bidirecional com a dor na nuca, podendo tanto ser causa quanto consequência do desconforto.
O torcicolo é um exemplo clássico de dor na nuca aguda, geralmente causada por um movimento brusco, má posição ao dormir ou exposição ao frio. Ele se manifesta como uma dor intensa e dificuldade de mover a cabeça. Contratura muscular, por sua vez, é uma contração involuntária e persistente de um músculo, que pode ser crônica e recorrente na região da nuca.
A relação entre dor na nuca e pressão alta é frequentemente questionada. Embora o estresse, um fator comum de dor na nuca, possa influenciar a pressão arterial, os artigos fornecidos não estabelecem uma relação direta de causa e efeito entre a hipertensão e a dor na nuca.
No entanto, é importante estar atento a sintomas preocupantes que acompanham a dor, como tontura severa, alterações visuais ou confusão mental, que sempre exigem avaliação médica imediata.
Embora menos frequentes, outras condições podem causar dor na nuca:
A fibromialgia, caracterizada por dor musculoesquelética crônica e generalizada, também tem a dor na nuca como uma queixa frequente. A radiculopatia cervical, resultante da compressão ou irritação das raízes nervosas na coluna cervical, pode causar dor no pescoço e ombro.
Além disso, as articulações facetárias cervicais são consideradas a principal fonte de dor em 26% a 70% dos pacientes com dor crônica na nuca, e em 54% a 60% dos casos após lesões tipo "efeito chicote".
A gravidade da dor pode variar: em um estudo com homens idosos, 13% dos que tinham apenas dor na nuca relataram morbidade severa, enquanto essa taxa subia para 24% naqueles com dor e rizopatia cervical, e para 46% nos que também apresentavam déficit motor.
A dor na nuca pode vir acompanhada de outros sintomas que ajudam a indicar a causa subjacente. É importante observar esses sinais para relatar ao médico:
Por exemplo, a dor originada nas articulações C1-C2 (atlanto-occipital e atlanto-axial) frequentemente ocorre na região suboccipital, podendo se estender para a cabeça ou para a parte superior do pescoço.
A dor da articulação C2-3 pode irradiar para a cabeça, incluindo a região da orelha, topo da cabeça, testa ou olhos. Já a dor da articulação C5-6 pode se manifestar na parte inferior do pescoço, na parte superior da escápula e no ombro. Observar esses padrões de irradiação é importante para um diagnóstico mais preciso.
Para casos de dor na nuca leve a moderada, algumas medidas caseiras podem proporcionar alívio. Contudo, elas não substituem a avaliação médica se a dor persistir ou piorar.
Compressas quentes ou bolsas de gelo podem ser eficazes. O calor ajuda a relaxar os músculos tensos e aumentar o fluxo sanguíneo, enquanto o frio pode reduzir a inflamação e a dor aguda. Experimente alternar ou usar o que proporcionar mais conforto.
Movimentos suaves do pescoço e alongamentos podem aliviar a rigidez. Gire a cabeça lentamente para os lados, incline-a para frente e para trás, e puxe delicadamente o pescoço para cada lado, mantendo a posição por 15 a 30 segundos. Evite movimentos bruscos.
O gerenciamento do estresse é fundamental. Pratique técnicas de respiração profunda, meditação, yoga ou mindfulness. Um banho morno relaxante também pode ajudar a soltar os músculos.
Ajustar seu ambiente pode prevenir e aliviar a dor. Mantenha a tela do computador na altura dos olhos, use uma cadeira ergonômica com bom suporte lombar e cotovelos apoiados. Ao usar o celular, eleve-o para evitar curvar o pescoço. No sono, utilize um travesseiro que mantenha a coluna cervical alinhada.
Embora a maioria dos casos de dor na nuca seja benigna, alguns sinais de alerta indicam a necessidade de procurar um médico imediatamente:
Nesses casos, a avaliação profissional é fundamental para um diagnóstico preciso e início do tratamento adequado, que pode envolver fisioterapia, medicamentos específicos ou, em situações mais raras, intervenção cirúrgica.
Prevenir é sempre o melhor caminho. Adote hábitos saudáveis para proteger sua coluna cervical:
Atividades como natação, yoga e pilates são excelentes. A inatividade física é um fator de risco conhecido para a dor na nuca. Estudos mostram que adolescentes fisicamente inativos têm um risco aumentado de dor cervical.
O uso excessivo de dispositivos móveis, como smartphones, também contribui para o problema, especialmente em jovens: usar o celular por mais de 10 horas por semana pode aumentar significativamente o risco de desenvolver dor na nuca em estudantes de 10 a 17 anos.
Na Rede Américas, você encontra uma equipe de especialistas qualificados para diagnosticar e tratar a dor na nuca, oferecendo cuidados personalizados e baseados nas melhores evidências científicas. Não ignore a dor; cuide da sua saúde e bem-estar.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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