27/08/2025
Revisado em: 28/08/2025
Você já sentiu aquela dor na barriga que parece mudar de lugar, acompanhada de um inchaço incômodo e uns barulhos estranhos? Essa sensação é comum e, muitas vezes, indica algo simples: excesso de gases intestinais.
Os gases intestinais são uma parte natural do processo digestivo. Eles se formam no trato gastrointestinal de duas maneiras principais, principalmente pelo ar que engolimos ao comer e pela fermentação de alimentos pelas bactérias presentes no intestino.
Uma parte dos gases é o ar que entra no nosso corpo quando falamos, comemos rapidamente ou mastigamos chiclete. A outra parte é produzida pelas bactérias da flora intestinal. Essas bactérias fermentam carboidratos não digeridos, especialmente fibras e açúcares, liberando gases como hidrogênio, metano e dióxido de carbono.
Quando o volume de gases é excessivo ou eles ficam presos no intestino, surgem os sintomas. O mais comum é a distensão abdominal, que causa a sensação de inchaço na barriga. Além disso, pode haver dor em cólica, flatulência (liberação de gases pelo ânus), arrotos frequentes e ruídos intestinais (borborigmos).
A dor de barriga é um sintoma inespecífico que pode indicar diversas condições, desde as mais simples até as mais complexas. Saber identificar as características da dor por gases é fundamental para diferenciá-la de outros problemas.
Para diferenciar os gases de outras condições, observe a presença de outros sintomas. Dores intensas e persistentes, que não melhoram com a eliminação de gases, ou acompanhadas de febre, náuseas e vômitos, são sinais de alerta.
É importante notar que a dor abdominal é um sintoma comum em doenças inflamatórias intestinais (DII), afetando mais de 70% dos pacientes, mesmo quando a doença está em remissão.
Além disso, complicações como estenoses, abscessos e fístulas também podem causar dor significativa. Uma dor que impede você de realizar atividades rotineiras merece atenção.
O acúmulo excessivo de gases pode ter diversas origens. Elas incluem desde a alimentação até condições de saúde subjacentes.
Certos alimentos são conhecidos por aumentar a produção de gases. São eles: feijão, lentilha, brócolis, repolho, couve-flor, cebola, maçã e peras.
Bebidas gaseificadas e chicletes também contribuem, pois levam à ingestão de ar. Além disso, comer muito rápido, falar durante as refeições ou beber com canudo podem fazer com que você engula mais ar do que o necessário.
Alimentos ricos em FODMAPs (oligossacarídeos, dissacarídeos, monossacarídeos e polióis fermentáveis) também podem aumentar a chance de dor abdominal.
Algumas condições de saúde afetam a produção e eliminação de gases. A intolerância à lactose ou ao glúten, por exemplo, impede a digestão adequada de certos componentes, que então fermentam no intestino.
A disbiose, um desequilíbrio na flora intestinal, também favorece o crescimento de bactérias produtoras de gases. Condições como a Síndrome do Intestino Irritável (SII) e a constipação crônica (prisão de ventre) frequentemente resultam em acúmulo de gases e dor.
Doenças inflamatórias intestinais (DII), como a doença de Crohn e a colite ulcerativa, também são causas comuns de dor abdominal, mesmo em fases de baixa inflamação.
A conexão entre mente e intestino é profunda. O estresse e a ansiedade podem alterar a motilidade intestinal e a sensibilidade à dor, agravando a percepção de gases e outros desconfortos abdominais. Assim, a regulação emocional também desempenha um papel na saúde digestiva.
Para a maioria dos casos de dor por gases, algumas medidas simples podem trazer alívio. É importante observar seu corpo e identificar o que funciona melhor para você.
Em alguns casos, medicamentos sem prescrição podem ajudar a aliviar os sintomas. Eles geralmente atuam quebrando as bolhas de gás ou reduzindo sua produção. Contudo, é fundamental ler a bula e seguir as orientações, evitando o uso excessivo ou a automedicação sem conhecimento da causa da dor.
Anti-inflamatórios não esteroides (AINEs) e opioides, por exemplo, podem piorar os sintomas gastrointestinais e não são recomendados para dor abdominal em doenças inflamatórias intestinais. Sempre converse com um farmacêutico ou médico antes de iniciar qualquer medicação.
Embora a dor por gases seja comum e, na maioria das vezes, inofensiva, é crucial saber quando o sintoma indica algo mais sério que requer atenção médica. Procure um especialista do Ministério da Saúde se a dor for intensa ou persistir por mais de 24 horas.
Não hesite em buscar atendimento médico se a dor na barriga estiver acompanhada de:
Esses sinais podem indicar condições que precisam de diagnóstico e tratamento urgentes. Por exemplo, a isquemia intestinal aguda, que pode evoluir rapidamente para infarto do intestino, tem uma taxa de mortalidade que varia de 50% a 60% e pode chegar a 100% se o tratamento for atrasado por mais de 24 horas, conforme estudos publicados na Abdominal Radiology (New York).
Além disso, a combinação de febre, taquicardia e respiração acelerada é um forte indicativo de complicações graves, como vazamentos após cirurgias, segundo diretrizes da World Journal of Emergency Surgery : WJES.
Somente um profissional de saúde pode determinar a causa exata da sua dor abdominal. Por meio de exames físicos, histórico clínico e, se necessário, exames complementares, o médico poderá fazer um diagnóstico preciso e indicar o tratamento mais adequado para o seu caso. Nunca se automedique ou ignore sintomas persistentes.
Adotar hábitos saudáveis no dia a dia é a melhor forma de reduzir a ocorrência de gases e promover uma digestão equilibrada.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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