19/08/2025
Revisado em: 28/08/2025
Desde infecções a problemas dentários, entenda as principais causas da dor de ouvido e saiba identificar os sinais de alerta para buscar ajuda profissional.
A dor de ouvido, clinicamente conhecida como otalgia, é um desconforto ou sensação dolorosa que pode atingir uma ou ambas as orelhas. Este sintoma é bastante comum e pode afetar pessoas de todas as idades, desde bebês até idosos.
É importante notar que, em quase metade dos casos, a dor de ouvido não se origina no próprio ouvido, mas sim de outras partes do corpo, um fenômeno conhecido como otalgia secundária ou referida. Embora a dor possa ser leve e passageira, em muitos casos, ela indica uma condição subjacente que exige atenção médica.
A intensidade da dor varia consideravelmente, podendo ser uma leve pontada ou uma dor latejante e excruciante.
Você pode sentir dor de ouvido por diversas razões. As causas são variadas, indo desde problemas simples e localizados no ouvido até condições de saúde em outras partes do corpo que irradiam dor para a região auricular. Isso ocorre porque as estruturas do ouvido compartilham vias nervosas complexas com diversas áreas da cabeça e pescoço, como a garganta, dentes e articulações. É fundamental identificar a origem para o tratamento correto.
As infecções são as causas mais comuns de dor de ouvido. Elas são chamadas de otites e podem ocorrer em diferentes partes do ouvido:
É mais prevalente em crianças, pois suas tubas auditivas são mais estreitas e horizontais, facilitando o acúmulo de líquidos e o crescimento de bactérias ou vírus.
Geralmente é causada por bactérias ou fungos que proliferam em ambientes úmidos, como após nadar ou tomar banho. O uso de cotonetes ou outros objetos também pode irritar a pele do canal, facilitando a infecção.
A cera de ouvido, ou cerume, é uma substância natural que protege o canal auditivo. No entanto, o excesso de cera ou seu deslocamento para partes mais profundas do ouvido, geralmente pelo uso inadequado de cotonetes, pode bloquear o canal. Este bloqueio causa pressão, dor e sensação de ouvido tampado.
Mudanças bruscas na pressão atmosférica podem afetar o ouvido médio, causando dor. Este fenômeno é comum durante voos de avião (especialmente na decolagem e aterrissagem), mergulho ou ao subir e descer montanhas. A dor ocorre devido à diferença de pressão entre o ouvido médio e o ambiente externo, impactando o tímpano.
A dor de ouvido nem sempre se origina no próprio ouvido. Problemas na articulação temporomandibular (ATM), que liga o maxilar ao crânio, ou em dentes, como cáries profundas, siso inflamado, bruxismo (ranger os dentes) ou abscessos dentários, podem irradiar dor para a região do ouvido.
Em um estudo, a dor de origem dentária foi responsável por 23,3% dos casos de otalgia referida, enquanto problemas na articulação temporomandibular (ATM) foram a causa em 8% dos pacientes, segundo pesquisa publicada no Pakistan Journal of Medical Sciences. Nesses casos, a dor no ouvido é um sintoma secundário.
Condições como amigdalite, faringite, sinusite, resfriados ou gripes podem causar dor de ouvido referida.
Em um estudo, a origem tonsilar (amígdalas) foi a causa mais comum de otalgia referida, afetando 31,3% dos pacientes. Outras causas comuns incluíram faringite (16%) e rinossinusite (5,3%). Isso ocorre porque as estruturas do ouvido, garganta e nariz estão interligadas, e a inflamação em uma área pode afetar as adjacentes.
Um simples resfriado, por exemplo, pode levar ao inchaço das vias respiratórias e bloquear a tuba auditiva, causando dor.
A introdução de objetos no canal auditivo, como cotonetes, grampos ou fones de ouvido muito grandes, pode causar lesões no tímpano ou na pele delicada do canal. Queimaduras, traumas diretos ou perfurações do tímpano também resultam em dor intensa.
Outras condições, embora menos frequentes, também podem provocar dor de ouvido. Entre elas, estão as alergias, que podem causar inchaço e inflamação, certas doenças de pele como eczema que afetam o canal auditivo, e até mesmo algumas doenças crônicas como diabetes, que em casos raros podem levar a infecções ou neuropatias que causam dor.
Em casos mais raros, a dor de ouvido referida pode ser um sintoma de condições mais graves, como malignidades na região da cabeça e pescoço. Por isso, é importante uma avaliação médica cuidadosa, especialmente se houver fatores de risco para esses tipos de câncer.
A dor de ouvido pode vir acompanhada de outros sinais, que ajudam a identificar a causa e a gravidade do problema.
Os sintomas mais comuns incluem:
Toda mãe sabe: quando a criança não consegue expressar a dor diretamente, é preciso observar os sinais. Em bebês e crianças pequenas, a dor de ouvido pode se manifestar de formas específicas.
Além do choro excessivo e inexplicável, que pode se intensificar ao deitar, observe os seguintes sinais:
Ao notar esses sintomas, é importante procurar um pediatra ou otorrinolaringologista para um diagnóstico preciso.
Quando a dor afeta apenas um ouvido, a causa geralmente está localizada nessa orelha específica. Infecções do ouvido externo (otite externa) ou médio (otite média) são as razões mais frequentes para a dor unilateral.
O acúmulo de cera em um dos ouvidos também pode causar desconforto e sensação de obstrução. Em alguns casos, a dor em um só ouvido pode ser reflexo de problemas em dentes, garganta ou mandíbula, como dente siso inflamado ou disfunção da ATM, que afetam apenas um lado do rosto.
Para aliviar a dor de ouvido temporariamente, algumas medidas podem ser úteis antes da consulta médica. Compressas mornas aplicadas na parte externa da orelha podem ajudar a reduzir o desconforto e a inflamação.
O uso de analgésicos e anti-inflamatórios, como paracetamol ou ibuprofeno, pode ser indicado para controle da dor e da febre, sempre sob orientação de um profissional de saúde. Contudo, é imprescindível buscar a causa da dor com um médico.
É crucial evitar algumas práticas que podem piorar o quadro ou causar danos sérios ao ouvido:
É fundamental buscar ajuda médica para a dor de ouvido, especialmente se você notar os seguintes sinais:
Em casos de dor de ouvido sem sinais clínicos evidentes de doença, a realização de exames de imagem como tomografia ou ressonância magnética geralmente apresenta um baixo rendimento diagnóstico.
Um estudo publicado no AJNR: American Journal of Neuroradiology indicou que, para pacientes sem histórico de câncer de cabeça e pescoço, a chance de identificar uma malignidade por imagem é de apenas 1%.
Contudo, esse rendimento aumenta para 34% se o paciente tiver um histórico prévio de câncer de cabeça e pescoço, tornando a investigação por imagem mais relevante nesses casos.
Um otorrinolaringologista ou clínico geral poderá avaliar o ouvido, identificar a causa da dor e prescrever o tratamento adequado, que pode incluir antibióticos (em caso de infecção bacteriana), analgésicos ou procedimentos para remover o excesso de cera.
Prevenir a dor de ouvido envolve cuidados simples com a saúde auditiva e geral. Veja algumas dicas:
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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