20/08/2025
Revisado em: 27/08/2025
Desvende os mistérios da dor de barriga, saiba o que fazer e reconheça os sinais de alerta para a sua saúde.
Você já sentiu aquele desconforto na região da barriga, que pode variar de uma pontada leve a uma dor intensa? A dor abdominal, popularmente conhecida como dor de barriga, é uma queixa extremamente comum.
Em 2016/2017, por exemplo, a dor abdominal e pélvica foi o diagnóstico principal mais frequente para atendimentos de emergência e internações na Austrália, representando 4,3% dos diagnósticos.
Nos EUA, em 2014/2015, foi a razão mais comum para visitas médicas ambulatoriais relacionadas ao trato gastrointestinal, com um custo de US$10,2 bilhões, conforme estudo publicado na Scientific Reports.
Ela se manifesta em qualquer parte da área entre as costelas e a pélvis, englobando diversos órgãos vitais. Este sintoma, embora frequente, possui uma vasta gama de possíveis origens. A dor abdominal pode ser um sinal de algo simples, como um excesso de gases, ou indicar uma condição médica mais complexa que requer atenção. Compreender suas causas e características é fundamental para saber quando agir e buscar auxílio médico.
A dor na região abdominal pode surgir de diversas condições, afetando tanto o sistema digestivo quanto outros órgãos próximos. Conhecer as principais causas ajuda a identificar melhor a origem do desconforto.
A maior parte das dores abdominais está ligada ao trato digestivo. Má digestão, excesso de gases e prisão de ventre são frequentemente responsáveis por desconfortos leves e transitórios. Nestes casos, a dor costuma ser acompanhada de inchaço e pode melhorar com a movimentação ou a eliminação de gases e fezes.
Gastroenterite, uma inflamação do estômago e intestino causada por vírus ou bactérias, também é uma causa comum. Ela se manifesta com dor, diarreia, náuseas e vômitos. A Síndrome do Intestino Irritável (SII) é outra condição crônica que provoca dor abdominal, acompanhada de alterações no padrão intestinal (diarréia, constipação ou ambos), sem inflamação visível.
Problemas como refluxo gastroesofágico, gastrite e úlceras gástricas ou duodenais podem causar dor em queimação na parte superior do abdômen.
A apendicite, uma inflamação do apêndice, geralmente começa com uma dor difusa que se localiza no lado inferior direito da barriga e piora progressivamente. Cálculos biliares (pedras na vesícula) podem gerar dores intensas no lado direito superior do abdômen, especialmente após refeições gordurosas.
Doenças inflamatórias intestinais (DII), como a Doença de Crohn e a retocolite ulcerativa, são causas importantes de dor crônica. Mais de 70% dos pacientes com DII relatam dor abdominal em algum momento da doença, e essa dor pode persistir mesmo quando a inflamação está em remissão, afetando significativamente a qualidade de vida.
A gastroparesia, uma condição que retarda o esvaziamento do estômago, também tem a dor abdominal como sintoma comum, afetando cerca de 90% dos pacientes, independentemente de ser idiopática ou diabética.
Além disso, distúrbios da interação cérebro-intestino (DICI), que afetam mais de 40% da população adulta global, frequentemente causam dor abdominal.
Um estudo global revelou que 11% da população adulta mundial sente dor abdominal frequentemente relacionada às refeições, sendo mais comum em mulheres e pessoas mais jovens. Essa dor está associada a maior sofrimento psicológico, outros sintomas gastrointestinais e pior qualidade de vida, conforme publicado na BMC Medicine.
Infecções urinárias são causas frequentes de dor no baixo ventre. A dor pode ser acompanhada de ardência ao urinar, aumento da frequência urinária e, por vezes, febre. Pedras nos rins, por sua vez, podem causar uma dor extremamente intensa, que se irradia da região lombar para o abdômen e virilha, variando em intensidade conforme a pedra se move.
Mulheres podem sentir dor abdominal devido a cólicas menstruais, que são dores comuns no baixo ventre antes ou durante o período menstrual. Cistos no ovário, endometriose e doenças inflamatórias pélvicas também podem causar dor abdominal inferior, que pode ser aguda ou crônica e variar em intensidade.
O estresse e a tensão muscular são fatores que podem desencadear ou agravar a dor abdominal, muitas vezes sem uma causa orgânica aparente. Hérnias, que são a protrusão de um órgão ou tecido através de uma abertura na parede abdominal, também podem causar dor localizada e sensibilidade. O uso de certos medicamentos pode irritar o revestimento do estômago, resultando em desconforto abdominal.
A localização da dor abdominal pode fornecer pistas importantes sobre sua causa. O abdômen é dividido em regiões, e a dor em cada uma delas pode estar associada a órgãos específicos.
A dor que se espalha por mais da metade do abdômen é considerada generalizada. Ela é comum em casos de gastroenterite, gases ou má digestão. Quando intensa, pode indicar condições mais sérias como perfurações ou obstruções intestinais.
A dor concentrada em uma área específica pode indicar o órgão afetado:
A dor abdominal também pode ser sentida nas costas, sugerindo condições como pedras nos rins, pancreatite ou problemas na coluna.
Além da localização, a natureza da dor oferece informações valiosas:
Embora muitas dores abdominais sejam benignas, alguns sinais de alerta indicam a necessidade de procurar um médico imediatamente.
Não hesite em buscar atendimento se você apresentar:
Estes sintomas podem indicar condições graves como apendicite, cálculos renais ou biliares complicados, obstrução intestinal, perfuração de órgãos ou doenças vasculares, que exigem diagnóstico e tratamento rápidos.
A dor abdominal em crianças e adolescentes, por exemplo, está frequentemente associada a depressão, ansiedade, bullying e uma percepção geral de saúde reduzida. A persistência da dor pode levar à cronicidade e agravar o sofrimento emocional, tornando a busca por ajuda psicológica essencial.
Para dores abdominais leves e sem sinais de alerta, algumas medidas caseiras podem proporcionar alívio. Contudo, é fundamental não ignorar a persistência ou o agravamento dos sintomas.
Se a dor não melhorar em algumas horas ou se agravar, procure orientação médica. Um profissional de saúde pode investigar a causa e indicar o tratamento adequado.
Abordagens multidisciplinares, que incluem terapias psicológicas como a terapia cognitivo-comportamental (TCC) e a hipnoterapia, podem ser benéficas, especialmente quando a dor não é explicada por inflamação ativa ou está ligada a fatores emocionais.
Embora nem todas as causas de dor abdominal possam ser prevenidas, a adoção de hábitos saudáveis pode reduzir significativamente o risco de muitos desconfortos. Cuidar do corpo é uma estratégia eficaz para manter a saúde do sistema digestivo.
Manter um estilo de vida saudável é uma das melhores formas de prevenir não apenas a dor abdominal, mas também uma série de outras condições de saúde.
É vital reconhecer que, embora a dor abdominal seja um sintoma comum, ela pode ser o alerta para uma condição médica grave. A persistência da dor, a sua intensidade crescente ou o surgimento de outros sintomas preocupantes exigem uma avaliação médica sem demora.
Doenças como apendicite, pancreatite aguda, cálculos biliares impactados, diverticulite complicada ou até mesmo algumas emergências ginecológicas podem começar com dor abdominal e necessitam de intervenção rápida.
A dor abdominal, especialmente quando crônica, está fortemente associada a uma pior qualidade de vida e a um aumento na busca por serviços de saúde. Ignorar esses sinais pode levar a complicações sérias e impactar a saúde de forma irreversível.
Sempre que houver dúvida, a prudência indica buscar a opinião de um profissional de saúde. Ele poderá realizar o diagnóstico preciso e indicar o tratamento mais adequado.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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