25/08/2025
Revisado em: 25/08/2025
Uma boa noite de sono parece um luxo distante para muitas pessoas; entenda o que pode estar atrapalhando seu descanso e descubra hábitos que podem devolver a tranquilidade às suas noites.
A mente que não desliga na hora de deitar é uma queixa comum e frustrante. Longe de ser um problema sem solução, a dificuldade para dormir pode ser combatida com pequenas mudanças na rotina. Ao adotar algumas dicas para dormir melhor, é possível reeducar o cérebro e transformar a luta noturna em um descanso reparador.
O sono de qualidade é muito mais do que um simples descanso; é um pilar para a manutenção da nossa saúde física e mental. Durante a noite, o corpo executa uma série de processos de reparo e regulação que são essenciais para o bom funcionamento do organismo no dia seguinte.
Enquanto dormimos, o cérebro trabalha intensamente para consolidar memórias e aprendizados. Também é ativado um sistema de "limpeza" que remove toxinas acumuladas entre os neurônios durante o dia. Logo, uma noite mal dormida compromete essa faxina cerebral e a longo prazo, isso pode afetar a cognição e a saúde neurológica.
O sono também é importante para a regulação hormonal. Ele controla os hormônios ligados ao apetite, como a grelina (que aumenta a fome) e a leptina (que gera saciedade), e os hormônios do estresse, como o cortisol.
De acordo com o Ministério da Saúde, a privação crônica de sono está associada a um risco aumentado de desenvolver condições como obesidade, diabetes e doenças cardiovasculares.
A preparação para uma boa noite de sono começa muitas horas antes de você se deitar. Nossos hábitos diurnos têm um impacto direto na regulação do nosso relógio biológico, o ciclo circadiano.
Por exemplo, a exposição à luz solar pela manhã é um dos principais sincronizadores desse ciclo, pois sinaliza ao cérebro que é hora de ficar desperto e ajuda a regular a produção de melatonina (o hormônio do sono) para mais tarde.
A prática regular de atividade física é outra grande aliada. Ela ajuda a reduzir os níveis de cortisol (o hormônio do estresse), que é um dos principais inimigos do sono, e a promover um descanso mais profundo e reparador. Porém, o indicado é evitar exercícios muito intensos perto da hora de dormir, pois eles podem ter um efeito estimulante.
O consumo de substâncias como a cafeína e o álcool também têm um papel decisivo. Presente no café, em refrigerantes e em alguns chás, a cafeína funciona bloqueando os receptores de sono no cérebro. Assim, um café tomado no fim da tarde pode continuar agindo por horas e dificultar o início do sono à noite.
Por sua vez, o álcool tem um efeito enganoso. Embora possa induzir uma sensação de sonolência e ajudar a adormecer, ele prejudica a arquitetura do sono na segunda metade da noite. O descanso se torna mais superficial e fragmentado, o que explica por que a pessoa acorda com a sensação de não ter dormido bem mesmo após muitas horas na cama.
Para muitas pessoas, o maior desafio é o excesso de pensamentos e preocupações na hora de dormir, um dos principais sintomas de ansiedade. Diante disso, criar um "ritual de relaxamento" uma hora antes de se deitar é uma forma de sinalizar ao cérebro que é hora de desacelerar e se preparar para o sono.
Atividades calmas, como tomar um banho morno (que ajuda a relaxar os músculos e a regular a temperatura corporal), ler um livro com luz fraca ou ouvir uma música suave, podem ajudar a diminuir o ritmo. A prática de meditação ou de técnicas de respiração, focando no ar que entra e sai lentamente, também é muito eficaz para tirar o foco das preocupações.
Porém, o passo mais importante é desconectar-se das telas. A luz azul emitida por celulares, tablets e televisões é um dos principais vilões do sono. Ela inibe a produção de melatonina e mantém o cérebro em estado de alerta, como se ainda fosse dia. Além da luz, o conteúdo consumido (redes sociais, notícias, e-mails de trabalho) é estimulante e dificulta o relaxamento.
Substituir esse hábito por uma atividade tranquila é o que permite que a mente se acalme e que o sono chegue de forma mais natural.
Ter uma noite ruim de vez em quando não costuma ser motivo de preocupação. A dificuldade para dormir se torna um problema de saúde quando se torna crônica, um quadro conhecido como insônia.
De acordo com a Classificação Internacional de Distúrbios do Sono (ICSD-3), a orientação é procurar um médico quando a dificuldade para iniciar ou manter o sono ocorre pelo menos três vezes por semana, por três meses ou mais, e já está causando prejuízos no dia a dia.
Esses prejuízos são o principal sinal de que o problema precisa de atenção. Eles podem se manifestar como um cansaço excessivo durante o dia que atrapalha o trabalho, irritabilidade que afeta os relacionamentos, dificuldade de concentração e um mal-estar geral, que podem ser até mesmo sintomas de burnout.
A mensagem final é que você não precisa se acostumar a viver com noites mal dormidas. Adotar as dicas para dormir melhor pode resolver a maioria dos casos. Mas, se o problema persistir, a conversa com um médico é o que permite investigar se a insônia é primária ou se é um sintoma de outra condição de saúde, como a apneia do sono.
Referências bibliográficas:
AMERICAN ACADEMY OF SLEEP MEDICINE. International Classification of Sleep Disorders: Third Edition (ICSD-3). Darien, IL: American Academy of Sleep Medicine, 2014. Disponível em: https://www.aasm.org/clinical-resources/international-classification-sleep-disorders. Acesso em: 14 ago. 2025.
ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DO SONO (ABS). Higiene do Sono. São Paulo: ABS, [s.d.]. Disponível em: https://absono.com.br/higiene-do-sono/. Acesso em: 14 ago. 2025.
MINISTÉRIO DA SAÚDE (Brasil). Sono de qualidade é fundamental para a saúde. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/saude-brasil/eu-quero-ter-uma-vida-saudavel/noticias/2023/sono-de-qualidade-e-fundamental-para-a-saude. Acesso em: 14 ago. 2025.
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