20/08/2025
Revisado em: 27/08/2025
Entenda a frequência ideal da colonoscopia para o rastreamento e prevenção do câncer colorretal, considerando seu perfil de risco e histórico de saúde.
Você já parou para pensar na importância de exames preventivos para a sua saúde? Assim como cuidar da alimentação e praticar exercícios, a realização de exames de rotina é fundamental. Entre eles, a colonoscopia se destaca como uma ferramenta poderosa na prevenção e diagnóstico precoce do câncer colorretal, uma doença que afeta milhares de pessoas anualmente.
O câncer colorretal é uma das principais causas de morte por câncer e representa um fardo global de doença. Em países em desenvolvimento, como o Brasil, a incidência tem aumentado rapidamente.
Por exemplo, na China, a incidência e mortalidade por câncer colorretal aumentaram incessantemente por mais de 30 anos, com um aumento de 48,3% na incidência padronizada por idade entre 1990 e 2015, e um aumento de 140,1% no número de mortes no mesmo período.
A detecção precoce e o rastreamento em massa são comprovadamente eficazes na redução da incidência e mortalidade.
A dúvida sobre a frequência ideal para realizar este exame é comum, especialmente para adultos acima de 45 anos ou com histórico familiar da doença. Entender os fatores que influenciam essa periodicidade pode fazer toda a diferença na sua saúde. Acompanhe a seguir as orientações e tire suas dúvidas.
A colonoscopia vai além de um simples diagnóstico; ela é uma ferramenta preventiva essencial contra o câncer colorretal. Este exame permite uma visualização detalhada do cólon e reto, buscando por alterações que podem indicar a presença de doenças.
O câncer colorretal é a segunda principal causa de morte relacionada ao câncer globalmente, com aproximadamente 2,17 milhões de novos diagnósticos e 1,09 milhão de mortes anualmente.
O rastreamento para o câncer colorretal é uma estratégia de saúde pública essencial para reduzir a mortalidade relacionada à doença.
A colonoscopia é um procedimento médico que utiliza um tubo fino e flexível, com uma câmera na ponta, para examinar o revestimento interno do intestino grosso (cólon) e do reto.
O objetivo principal é detectar e, se possível, remover lesões pré-cancerígenas, como os pólipos, antes que se desenvolvam para um câncer. Além disso, o exame investiga sintomas como sangramentos, mudanças no hábito intestinal e dores abdominais.
A maioria dos cânceres colorretais se desenvolve a partir de pólipos adenomatosos, pequenas protuberâncias benignas que crescem na parede do intestino.
Este processo costuma ser lento, levando cerca de 5 a 10 anos para que um pólipo se transforme em câncer. Durante a colonoscopia, o médico pode identificar e remover esses pólipos, interrompendo o ciclo de desenvolvimento da doença. Essa capacidade de prevenção é o que torna a colonoscopia um exame tão valioso.
A remoção de pólipos pré-cancerígenos tem sido comprovada como um fator que ajuda a reduzir a incidência de câncer colorretal.
Em um programa de rastreamento em massa, adenomas e neoplasias avançadas (incluindo adenomas avançados) representaram 72,88% e 22,30% dos casos totais de neoplasia, respectivamente.
A frequência da colonoscopia é altamente individualizada, dependendo de diversos fatores. No entanto, existem diretrizes gerais que servem como ponto de partida para a população em geral.
Para a maioria das pessoas, sem histórico familiar de câncer colorretal ou outros fatores de risco importantes, as diretrizes atuais, como as da Sociedade Americana do Câncer (American Cancer Society), recomendam iniciar o rastreamento por colonoscopia a partir dos 45 anos de idade.
Se o resultado do exame for normal e não houver achados significativos, a repetição é geralmente indicada a cada 10 anos.
Estudos de microssimulação indicam que o momento ideal para o rastreamento por colonoscopia varia conforme o objetivo.
Para maximizar os anos de vida ganhos, uma única colonoscopia seria mais eficaz aos 55 anos. Para duas colonoscopias, as idades ideais seriam 49 e 64 anos.
Para três, 44, 57 e 69 anos. Já para quatro colonoscopias, o rastreamento ideal começaria aos 40 anos, seguido por exames aos 51, 61 e 72 anos, o que resultaria no maior número de anos de vida ganhos.
Em certas situações, o intervalo entre as colonoscopias deve ser menor. Isso se aplica a indivíduos com fatores de risco que aumentam a probabilidade de desenvolver câncer colorretal. Nestes casos, a periodicidade pode variar de 1 a 5 anos, a depender da avaliação médica.
Uma abordagem personalizada sugere que o rastreamento ideal pode começar mais cedo para pacientes de alto risco e mais tarde para indivíduos de baixo risco.
Por exemplo, para indivíduos com um risco de câncer colorretal 2 a 3 vezes maior, a primeira colonoscopia poderia ser realizada de 2 a 8 anos antes, dependendo do número total de exames planejados.
Vários fatores podem influenciar a frequência com que você precisará realizar a colonoscopia. Compreender esses pontos é essencial para um planejamento adequado com seu médico.
Ter um parente de primeiro grau (pais, irmãos, filhos) que teve câncer colorretal ou pólipos adenomatosos aumenta seu risco.
Nesses casos, a colonoscopia pode ser indicada mais cedo, geralmente aos 40 anos ou 10 anos antes da idade em que o familiar mais jovem foi diagnosticado. Se você já teve pólipos removidos, a vigilância será mais frequente.
Os pólipos não são todos iguais. Alguns têm maior potencial de se tornarem malignos (como os adenomatosos), enquanto outros são de baixo risco (hiperplásicos).
Se pólipos adenomatosos foram encontrados e removidos, ou se vários pólipos foram identificados, o médico pode recomendar uma nova colonoscopia em 3 ou 5 anos, dependendo das características desses achados.
Pessoas com condições como colite ulcerativa ou doença de Crohn têm um risco aumentado de câncer colorretal.
Nesses casos, o rastreamento com colonoscopias de vigilância é iniciado mais cedo e realizado em intervalos mais curtos, frequentemente anualmente ou a cada dois anos, a partir de um determinado tempo após o diagnóstico da DII.
Um preparo intestinal inadequado pode prejudicar a visualização completa do cólon, tornando o exame menos eficaz. Da mesma forma, um exame incompleto (quando o colonoscópio não atinge o final do intestino grosso) pode exigir uma repetição em um intervalo mais curto.
A qualidade do preparo é crucial para a validade dos achados e para determinar o próximo intervalo.
A taxa de detecção de adenomas (ADR) e a taxa de intubação cecal são indicadores importantes da qualidade da colonoscopia. Em um estudo de rastreamento populacional, a taxa de intubação cecal foi de 99,7%, e a taxa de detecção de adenomas foi de 39,4%.
Uma taxa de detecção de adenomas mais alta está inversamente associada à incidência de câncer de intervalo, o que significa que um exame de alta qualidade pode prolongar o tempo até a próxima colonoscopia.
A adesão ao rastreamento também é um fator crítico. Em um programa de rastreamento em massa na China, a taxa de adesão na primeira fase foi de 76,12% e na segunda fase (colonoscopia) foi de 75,72%, valores considerados mais altos do que na maioria dos países.
Em outro estudo, a adesão à colonoscopia de rastreamento foi de 92,5%, o que é significativamente maior do que em outros ensaios clínicos randomizados, onde as taxas variaram de 24,6% a 42,0%.
A baixa adesão ao rastreamento consistentemente favorece um início mais tardio e um término mais precoce do período de rastreamento.
A resposta é geralmente não. Diferentemente de outros exames de rotina, a colonoscopia não é um procedimento anual para a maioria das pessoas. A ideia de que ela precisa ser feita todo ano é um mito.
A periodicidade é definida com base nos fatores de risco individuais e nos resultados do exame anterior, como detalhado anteriormente.
Fazer o exame anualmente sem necessidade não traz benefícios adicionais e expõe o paciente a procedimentos desnecessários. É fundamental seguir as orientações do seu médico, que considerará todos os aspectos do seu histórico de saúde para determinar a frequência adequada.
A colonoscopia, embora altamente eficaz, é um método invasivo e custoso quando usada como rastreamento primário em massa. Em um estudo, o custo de detecção por caso de câncer colorretal usando colonoscopia como método primário seria 253% maior do que a combinação de questionário de fatores de alto risco e teste imunoquímico fecal.
No entanto, a combinação desses métodos pode detectar 55,08% mais casos de neoplasia total, incluindo 40,00% mais casos de câncer colorretal e 33,42% mais casos de neoplasia avançada, em comparação com o teste imunoquímico fecal isolado.
Estudos de custo-efetividade indicam que uma, duas e três colonoscopias são custo-eficazes, mas uma estratégia com quatro colonoscopias pode não ser, com um custo incremental por ano de vida ganho acima do limite aceitável de 100.000 dólares americanos descontados por ano de vida ganho, conforme publicado na PLOS ONE.
Determinar o intervalo correto para a sua próxima colonoscopia é uma decisão médica individualizada.
É essencial que você converse abertamente com um gastroenterologista ou coloproctologista sobre seu histórico de saúde pessoal e familiar. O especialista considerará sua idade, a presença de sintomas, resultados de exames anteriores e outros fatores de risco para recomendar a periodicidade mais segura e eficaz para você.
Lembre-se: a colonoscopia é um exame seguro e fundamental para a sua saúde intestinal. Não hesite em buscar orientação profissional para esclarecer suas dúvidas e agendar o procedimento quando indicado.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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