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Corrimento marrom com cheiro forte: entenda as causas e quando buscar ajuda

Um guia completo para decifrar as alterações no corrimento vaginal e proteger sua saúde íntima.

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Imagine você notando uma pequena mancha marrom na calcinha. No dia seguinte, ela persiste, e agora, além da cor, um cheiro diferente surge. Essa situação é mais comum do que se imagina e pode gerar muitas dúvidas e preocupações.

O corrimento vaginal é uma parte normal do corpo feminino, variando em cor e consistência ao longo do ciclo menstrual. O corrimento marrom geralmente indica a presença de sangue antigo, que leva tempo para ser expelido e, por isso, adquire uma coloração mais escura.

Contudo, quando esse corrimento vem acompanhado de um odor forte ou incomum, é um sinal de alerta. O cheiro desagradável pode ser um indicativo de um desequilíbrio na flora vaginal ou, mais seriamente, uma infecção. 

É importante notar que mulheres com corrimento vaginal malcheiroso têm 29,5 vezes mais chances de apresentar causas infecciosas, como tricomoníase ou vaginose bacteriana, conforme apontado por um estudo publicado na Health Science Reports. É fundamental entender a diferença entre o que é normal e o que requer atenção médica.

Quais as principais causas do corrimento marrom com odor?

A presença de odor forte associado ao corrimento marrom é um indicativo importante de que algo não vai bem. Diversas condições podem levar a essa combinação de sintomas, sendo as infecções as mais comuns.

Infecções vaginais

As infecções são a causa mais frequente para o corrimento com odor forte. Elas provocam um desequilíbrio na flora vaginal, que é essencial para a saúde íntima.

  • Vaginose Bacteriana: Essa é uma das causas mais comuns de corrimento com odor forte, frequentemente descrito como cheiro de "peixe podre", especialmente após a relação sexual. 

A vaginose ocorre devido a um desequilíbrio das bactérias que vivem naturalmente na vagina. Nos Estados Unidos, a vaginose bacteriana afeta cerca de 29,2% das mulheres entre 14 e 49 anos, segundo dados de um estudo publicado na Revista Brasileira de Enfermagem. O corrimento, neste caso, pode ser acinzentado ou marrom-claro.

  • Tricomoníase: Uma infecção sexualmente transmissível (IST), a tricomoníase também pode causar um corrimento com odor intenso. A cor é tipicamente amarelada ou esverdeada, acompanhada de coceira e irritação. Em alguns casos, o corrimento pode ter vestígios de sangue, tornando-o marrom.
  • Outras Doenças Sexualmente Transmissíveis (ISTs): ISTs como clamídia ou gonorreia, embora menos comuns para o corrimento marrom com cheiro forte como sintoma primário, podem causar inflamações que resultam em sangramentos leves e alterações no cheiro vaginal.

Restos menstruais e sangramento pós-menstrual

Ao final da menstruação, é comum que o fluxo se torne marrom e mais escuro. Esse sangramento antigo pode ter um odor metálico ou de sangue residual. 

Esse cheiro é diferente do odor fétido associado às infecções, sendo mais brando e desaparecendo em poucos dias. O corrimento marrom logo após a menstruação geralmente não é motivo de preocupação, desde que não haja outros sintomas.

Irritações ou inflamações do colo do útero

O colo do útero pode sofrer pequenas irritações que causam sangramentos leves, que se misturam ao corrimento natural e o deixam marrom. Se houver uma inflamação (cervicite) ou infecção secundária nessa área, o corrimento pode desenvolver um odor forte. 

A ectopia cervical, por exemplo, é uma condição onde células da parte interna do colo do útero se expõem, podendo levar a sangramentos e, se não bem cuidada, à infecção.

Alterações hormonais

Mudanças nos níveis hormonais, seja pelo uso de anticoncepcionais, aproximação da menopausa ou estresse, podem influenciar a quantidade, cor e consistência do corrimento. 

Embora não causem diretamente um odor forte e fétido, podem alterar o pH vaginal e, assim, favorecer o crescimento de bactérias que produzem mau cheiro.

Sangramento de nidação

No início da gravidez, algumas mulheres podem experienciar um sangramento leve e rosado ou marrom, conhecido como sangramento de nidação, que ocorre quando o óvulo fertilizado se implanta no útero. 

Geralmente, este tipo de corrimento não tem odor forte. Se houver odor, coceira ou outros sintomas, é crucial buscar avaliação médica.

Uso de produtos de higiene íntima inadequados

Sabonetes perfumados, duchas vaginais ou outros produtos de higiene que alteram o pH natural da vagina podem desequilibrar a flora bacteriana protetora. 

Esse desequilíbrio cria um ambiente propício para a proliferação de bactérias "ruins", levando a infecções e, consequentemente, ao corrimento com odor.

Quando o corrimento marrom com cheiro forte é preocupante?

A presença de odor forte, por si só, já é um sinal para procurar um médico. É um comportamento comum e necessário, visto que cerca de 44,2% das mulheres com corrimento vaginal anormal procuraram atendimento médico por piora dos sintomas ou medo de doenças graves. 

No entanto, o nível de preocupação aumenta quando o corrimento marrom com cheiro forte é acompanhado de outros sintomas.

Procure um profissional de saúde se você notar:

  • Coceira ou ardor intenso: sensação de desconforto, queimação ou irritação na região vaginal.
  • Dor pélvica ou abdominal: desconforto ou dor na parte inferior do abdômen.
  • Dor durante a relação sexual: dispareunia, que pode indicar inflamação ou infecção.
  • Febre: sinal de infecção mais grave ou disseminada.
  • Corrimento persistente ou aumento da quantidade: se o sintoma não melhora em poucos dias ou piora consideravelmente.
  • Mudança na cor ou consistência: se o corrimento se torna esverdeado, amarelado, cinza, espumoso ou com grumos.
  • Odor muito fétido: cheiro de "peixe", podre, metálico ou qualquer odor extremamente desagradável e incomum.

Como prevenir e cuidar da saúde íntima para evitar o odor?

Cuidar da saúde íntima é fundamental para manter a flora vaginal equilibrada e prevenir odores e infecções. Pequenas mudanças de hábitos podem fazer uma grande diferença.

  • Higiene adequada: lave a região externa da vagina apenas com água e sabonete neutro ou específico para a higiene íntima. Evite duchas vaginais, pois elas removem as bactérias protetoras e alteram o pH natural, favorecendo o crescimento de microrganismos prejudiciais.
  • Roupas íntimas: prefira calcinhas de algodão, que permitem a ventilação da área e evitam o acúmulo de umidade e proliferação de bactérias. Evite roupas muito apertadas ou sintéticas por longos períodos, pois retêm calor e umidade.
  • Evite produtos agressivos: perfumes, talcos e desodorantes íntimos podem irritar a região e desequilibrar o pH vaginal, levando a problemas.
  • Sexo seguro: use preservativos em todas as relações sexuais para prevenir ISTs, que são uma causa significativa de corrimento e odor anormal.
  • Alimentação e hidratação: uma dieta equilibrada, rica em frutas, vegetais e probióticos (como iogurte natural), e a ingestão adequada de água contribuem para a saúde geral do corpo, incluindo a saúde vaginal.

O que esperar da consulta com o ginecologista?

Ao notar corrimento marrom com cheiro forte e sintomas preocupantes, agendar uma consulta com um ginecologista é o passo mais importante. Esse profissional está apto a diagnosticar a causa e indicar o tratamento adequado.

Durante a consulta, você pode esperar os seguintes passos:

  1. Anamnese detalhada: o médico fará perguntas sobre seu histórico de saúde, sintomas (quando começaram, intensidade, outros sintomas associados), ciclo menstrual, hábitos sexuais e uso de medicamentos.
  2. Exame físico: incluirá um exame pélvico para avaliar a saúde da vagina, colo do útero e útero. Este exame permite ao ginecologista observar a aparência do corrimento, a presença de irritações e outras alterações.
  3. Exames laboratoriais: pode ser coletada uma amostra do corrimento para análise em laboratório (cultura, microscopia), que ajudará a identificar a causa exata, como a presença de bactérias, fungos ou protozoários. O exame de Papanicolau também pode ser realizado para rastrear alterações nas células do colo do útero.

Com base nos resultados, o ginecologista indicará o tratamento adequado, que pode incluir medicamentos específicos para infecções (antibióticos, antifúngicos), orientações sobre higiene ou ajustes em métodos contraceptivos. 

É importante ressaltar que, mesmo com um diagnóstico clínico de corrimento vaginal anormal, cerca de 36% dos casos podem não apresentar resultados positivos em testes laboratoriais, o que reforça a necessidade de uma investigação aprofundada para identificar a causa exata. Nunca se automedique. 

A avaliação profissional é indispensável para um diagnóstico preciso e um tratamento eficaz, garantindo sua saúde e bem-estar.

 

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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