27/08/2025
Revisado em: 28/08/2025
Entender a origem do choro é fundamental para aliviar o desconforto do recém-nascido e trazer tranquilidade para a família.
O fim de tarde chega e, com ele, um choro agudo e persistente que parece não ter fim. Você já checou a fralda, ofereceu o peito ou a mamadeira, mas o bebê continua visivelmente desconfortável, encolhendo as perninhas. Essa cena é familiar para muitos pais e cuidadores, e a dúvida é quase instantânea: será que são gases ou a temida cólica?
Embora ambos envolvam o sistema digestivo imaturo do recém-nascido, entender as diferenças entre eles é o primeiro passo para oferecer o alívio correto e, principalmente, para manter a calma durante esses momentos desafiadores.
Os gases são uma parte normal do funcionamento do sistema digestivo em qualquer idade. Nos bebês, eles são frequentemente causados pela ingestão de ar durante a amamentação ou ao tomar mamadeira, especialmente se a pega não estiver correta ou o bico da mamadeira for inadequado. A própria digestão de leite materno ou fórmula também produz gases.
O desconforto ocorre quando essas bolhas de ar ficam presas no intestino, causando uma pressão dolorosa. O bebê pode ficar irritado, se contorcer e ter a barriguinha estufada, mas o alívio costuma vir logo após ele conseguir arrotar ou soltar os gases.
A cólica, por outro lado, é um quadro mais complexo e definido. Segundo a Academia Americana de Pediatria, a cólica do lactente é caracterizada pela "Regra dos Três": episódios de choro intenso que duram mais de três horas por dia, ocorrem em mais de três dias por semana e persistem por mais de três semanas em um bebê saudável e bem alimentado.
Esta definição é amplamente reconhecida, sendo confirmada por estudos que descrevem a cólica infantil como um choro inconsolável que perdura por mais de três horas ao dia, em mais de três dias da semana, por um período superior a três semanas em bebês saudáveis.
As crises de cólica costumam acontecer no mesmo horário, geralmente no fim da tarde ou início da noite. O choro é agudo, inconsolável e o bebê demonstra sinais claros de dor, como arquear as costas, fechar os punhos com força e flexionar as pernas sobre o abdômen.
A forma mais prática de diferenciar os dois quadros é observar o padrão e a duração do choro, além da resposta do bebê às tentativas de alívio.
É importante notar que a cólica verdadeira se distingue de outros problemas digestivos, pois não está necessariamente associada a sintomas como vômitos persistentes ou dificuldade para evacuar. Essas manifestações são mais comumente ligadas a condições como refluxo ou constipação, que exigem avaliações específicas.
Para facilitar a visualização, preparamos uma tabela comparativa.
Felizmente, existem técnicas simples e eficazes que podem ajudar o bebê a liberar os gases presos. É importante realizá-las com suavidade e atenção às reações do pequeno.
Com as mãos aquecidas e um pouco de óleo vegetal apropriado para bebês, faça movimentos circulares suaves na barriga do bebê, sempre no sentido horário. Isso ajuda a estimular o trânsito intestinal.
As crises de cólica são mais desafiadoras porque não possuem uma "solução" imediata como a eliminação de gases. O foco aqui é o conforto e o acolhimento para ajudar o bebê (e os pais) a atravessar a crise.
Algumas estratégias que podem ajudar incluem:
Gases e cólicas são condições benignas e esperadas no desenvolvimento de um recém-nascido. No entanto, o choro excessivo também pode ser sintoma de outras condições que exigem atenção médica.
Um ponto relevante a considerar é o tipo de alimentação. A fórmula infantil, por exemplo, contém proteínas que podem ser alérgenos para alguns bebês. Isso pode ser um fator significativo no surgimento de cólicas, diarreia e vômito, especialmente em recém-nascidos prematuros.
Procure imediatamente um pediatra se o choro do bebê vier acompanhado de:
Lembre-se de que a intuição dos pais é uma ferramenta valiosa. Se algo parece errado ou se o padrão do choro mudou drasticamente, não hesite em buscar avaliação profissional. Manter a calma, oferecer conforto e ter paciência são os melhores caminhos. Gases e cólicas são fases que, embora difíceis, passarão.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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