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Como é feito o transplante de medula óssea: entenda os transplantes

Saiba como funciona o transplante de medula óssea, quais são os tipos existentes, quando é indicado e como é o processo de recuperação.

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A recuperação após o transplante varia, mas o apoio familiar, cuidados com a saúde e acompanhamento médico são essenciais para o sucesso do tratamento.

O transplante de medula óssea é um procedimento que costuma gerar muitas dúvidas, especialmente entre pacientes que enfrentam doenças graves, como leucemias, linfomas ou algumas anemias hereditárias. Por ser um tratamento complexo, que envolve riscos, etapas longas e preparo físico e emocional, entender como é feito o transplante de medula óssea é essencial tanto para quem aguarda o procedimento quanto para seus familiares.

Antes de tudo, é importante saber: esse tipo de transplante pode salvar vidas. E embora o nome assuste, os avanços da medicina tornaram o processo cada vez mais seguro.

O que é exatamente a medula óssea?

A medula óssea é um tecido esponjoso que fica dentro dos ossos e é responsável pela produção das células do sangue: glóbulos vermelhos (que transportam oxigênio), glóbulos brancos (que combatem infecções) e plaquetas (que ajudam na coagulação). Quando esse funcionamento é afetado por alguma doença, o transplante pode ser uma das alternativas de tratamento.

Doenças como leucemia mieloide aguda, mieloma múltiplo, linfoma não-Hodgkin, anemia aplástica grave e imunodeficiências congênitas são algumas das principais indicações para o transplante.

Como é feito o transplante de medula óssea?

De maneira geral, o transplante de medula óssea consiste em substituir a medula doente ou danificada por células-tronco saudáveis, que podem ser da própria pessoa ou de um doador compatível.

Existem três tipos principais de transplante:

1. Autólogo: quando as células-tronco são retiradas do próprio paciente antes de ele receber altas doses de quimioterapia. Após o tratamento, a medula é devolvida.

2. Alogênico: feito com células de um doador compatível, que pode ser um parente ou alguém registrado em bancos nacionais e internacionais de doadores voluntários.

3. Singênico: realizado entre gêmeos idênticos, sendo o tipo mais raro.

O passo a passo pode variar dependendo do tipo de transplante, mas, de forma geral, segue uma sequência que envolve preparo, coleta, infusão e recuperação.

Etapas do transplante de medula óssea

O transplante de medula óssea é um tratamento altamente planejado, que exige uma preparação criteriosa e acompanhamento médico constante. 

Para que o procedimento tenha sucesso, é preciso seguir uma série de etapas que vão desde a avaliação inicial até a infusão das novas células e o período de recuperação. 

Abaixo, explicamos cada uma dessas fases, de forma clara e acessível, para ajudar pacientes e familiares a entenderem melhor o que esperar durante o processo.

1. Avaliação médica e exames

Antes de tudo, o paciente passa por uma série de exames para avaliar se está apto ao procedimento. A equipe médica analisa o estado geral de saúde, função dos órgãos, histórico de infecções e outros fatores que possam interferir na segurança do transplante.

2. Condicionamento (quimioterapia e/ou radioterapia)

Essa etapa visa “zerar” a medula doente, destruindo as células cancerígenas e criando espaço para as células novas. É uma fase desafiadora, com efeitos colaterais importantes, como queda da imunidade, náuseas e fraqueza.

3. Coleta das células-tronco

Se o transplante for autólogo, a medula é retirada do próprio paciente por meio de aférese, um processo parecido com uma doação de sangue. Se for alogênico, o doador voluntário passa pelo mesmo processo ou, em alguns casos, por uma punção direta nos ossos da bacia sob anestesia.

4. Infusão das células

Após a coleta, as células-tronco são infundidas na corrente sanguínea do paciente por meio de um cateter venoso central. A aparência do procedimento lembra uma transfusão de sangue e é, geralmente, indolor.

5. Enxertia e recuperação

Depois da infusão, começa a fase mais delicada: a espera para que as células transplantadas “peguem”, ou seja, comecem a produzir novas células saudáveis. Isso pode levar de 2 a 4 semanas. Nesse período, o paciente fica em isolamento, com visitas restritas e cuidados rigorosos para evitar infecções.

Riscos e efeitos colaterais

Como todo procedimento complexo, o transplante de medula óssea traz riscos. O principal deles é a rejeição, chamada de doença do enxerto contra o hospedeiro (DECH), que ocorre quando as células do doador “atacam” os tecidos do paciente. Os sintomas podem incluir lesões na pele, problemas no fígado e no intestino.

Outros efeitos incluem infecções, sangramentos, mucosite (inflamação da mucosa da boca e do trato digestivo) e reações à medicação. Por isso, o monitoramento é constante e pode durar meses após a alta hospitalar.

Como encontrar um doador compatível?

No Brasil, o REDOME (Registro Nacional de Doadores Voluntários de Medula Óssea) é o banco que concentra informações de pessoas dispostas a doar. A chance de encontrar um doador compatível fora da família é de 1 em 100 mil. Por isso, campanhas de conscientização e cadastro de novos doadores são tão importantes.

Para se cadastrar, é preciso ter entre 18 e 35 anos, estar em bom estado de saúde e doar uma pequena amostra de sangue para análise do HLA (antígeno leucocitário humano), o marcador genético usado na compatibilidade.

A vida após o transplante

A recuperação varia conforme cada caso. Alguns pacientes retomam a rotina em poucos meses, enquanto outros precisam de acompanhamento prolongado. O apoio da família, o acompanhamento psicológico e o acompanhamento médico contínuo são fundamentais para lidar com os altos e baixos do processo.

Além disso, há uma readaptação da alimentação, a necessidade de evitar aglomerações, reforçar a higiene e seguir todas as orientações sobre vacinação e exames de controle.

Transplante de medula óssea salva vidas

Mesmo sendo um procedimento delicado, o transplante de medula óssea é considerado um tratamento curativo em muitos casos. 

Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) e da Sociedade Brasileira de Transplante de Medula mostram taxas de sucesso significativas, principalmente quando o diagnóstico é precoce e o paciente encontra um doador compatível rapidamente.

Se você ou alguém próximo está enfrentando essa etapa, saber como é feito o transplante de medula óssea ajuda a entender o processo, reduzir o medo e reforçar a importância da informação confiável. Também é um convite à solidariedade: cadastrar-se como doador pode significar a diferença entre a vida e a morte para alguém.

Referências bibliográficas

REVISTA ABRALE. Quais as chances do transplante de medula óssea (TMO) dar certo? Revista Abrale, 21 mar. 2022. Disponível em: https://revista.abrale.org.br/saude/2022/03/quais-as-chances-do-transplante-de-medula-ossea-tmo-dar-certo/ . Acesso em: 18 ago. 2025.

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ABRALE. Doação de medula óssea: chance de salvar vidas e oferecer recomeços. ABRALE – Associação Brasileira de Linfoma e Leucemia, 2023. Disponível em: https://abrale.org.br/abrale-na-midia/doacao-de-medula-ossea-chance-de-salvar-vidas-e-oferecer-recomecos/. Acesso em: 18 ago. 2025.

CASA CIVIL (BRASIL). Transplante de medula óssea: Brasil é o terceiro maior doador do mundo. Governo do Brasil – Casa Civil, set. 2022. Disponível em: https://www.gov.br/casacivil/pt-br/assuntos/noticias/2022/setembro/transplante-de-medula-ossea-brasil-e-o-terceiro-maior-doador-do-mundo. Acesso em: 18 ago. 2025.