Revisado em: 21/10/2025
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O uso de pomadas com corticoides e fórmulas caseiras pode piorar as manchas. Saiba quais ativos são seguros para o clareamento e quais devem ser evitados.
No Brasil, a busca por uma pele uniforme é uma das queixas dermatológicas mais comuns. Estima-se que cerca de 35% das mulheres brasileiras sofram com o melasma, caracterizado por manchas escuras na face.
O clareamento da pele é um processo delicado. Exige conhecimento dos ativos e, acima de tudo, proteção solar rigorosa. Muitas pessoas recorrem a soluções caseiras e pomadas não indicadas, correndo o risco de piorar o quadro, em vez de melhorar.
É fundamental entender o mecanismo por trás do clareamento e quais ingredientes são realmente seguros e eficazes.
Entenda a seguir a função de cada ativo e por que é importante ter o acompanhamento do dermatologista.
Muitos produtos de uso comum prometem clarear a pele. No entanto, é preciso separar o que é cientificamente comprovado do que é apenas um mito popular. Conheça a função real de ingredientes e medicamentos conhecidos.
A dolomita é um mineral composto por carbonato de cálcio e magnésio, popularmente utilizado em máscaras faciais. Seu clareamento na pele ocorre de forma indireta. Ela atua por meio de uma esfoliação suave, removendo as células mortas da camada superficial da pele (epiderme).
Essa remoção celular uniformiza o tom e traz luminosidade. O magnésio, presente na composição, pode ter ação anti-inflamatória, o que ajuda a reduzir a vermelhidão. Não há pesquisas robustas que a comprovem como um clareador eficaz para condições complexas, como melasma ou hiperpigmentação profunda.
A dolomita é uma boa aliada para uniformizar e reduzir a inflamação, mas não é a solução para manchas antigas ou de origem hormonal.
A pomada de nistatina e óxido de zinco é de uso comum para tratar assaduras e infecções por fungos na pele. Sua composição não visa o clareamento de manchas. A nistatina é um antifúngico. O óxido de zinco, por sua vez, tem ação protetora, secativa e levemente antisséptica.
É importante entender: esta pomada não tem qualquer ativo despigmentante, ou clareador, e seu uso não é indicado para essa finalidade. Utilizar pomadas com função diferente da original atrasa o tratamento da mancha, podendo provocar irritações ou alergias.
A pomada de nistatina e óxido de zinco tem uso exclusivo para tratar assaduras e micoses na pele.
O óleo vegetal de rosa mosqueta é rico em ácidos graxos essenciais, vitamina C e antioxidantes. O forte apelo popular para o clareamento tem base científica. Estudos indicam que o ácido linoleico, presente no óleo, pode ter um efeito clareador. Segundo um estudo (2022), ele ajuda a diminuir a produção da enzima responsável pela síntese de melanina.
O óleo também é amplamente reconhecido por suas propriedades regeneradoras e cicatrizantes. Auxilia na renovação celular, melhorando a textura da pele e de cicatrizes. Assim, o óleo de rosa mosqueta atua como um auxiliar no processo de uniformização do tom da pele, sendo mais eficaz em manchas recentes.
Muitas pessoas também perguntam se pomadas populares para espinhas que contém Cloreto de Benzalcônio, Óxido de Zinco e Cânfora, podem clarear a pele. A questão é que esses ingredientes não possuem ação despigmentante.
É um tipo de fórmula que tem ação antisséptica, adstringente (reduz a oleosidade) e cicatrizante suave. É indicada para tratar espinhas, frieiras e pequenos machucados. Pomadas assim não contém ativos clareadores.
A ideia de que pode clarear pode estar ligada ao uso em manchas de acne, pois o clareamento acontece naturalmente depois que a inflamação é controlada. Tais pomadas são indicadas apenas para as condições de pele descritas em suas bulas, não sendo um tratamento para clareamento de manchas.
Pomadas que contêm um Corticoide potente, como a Betametasona, ou o Acetato de Dexametasona são frequentemente associadas ao clareamento de pele. Mas o uso para essa finalidade é expressamente contraindicado.
O corticoide de alta potência pode causar um "clareamento" temporário da pele. Isso acontece porque ele diminui a inflamação. O uso contínuo e sem supervisão para clareamento pode causar atrofia da pele, ou afinamento, dilatação dos vasos e, o mais grave, agravar quadros de melasma ou acne.
Essas pomadas são medicamentos indicados para problemas específicos, como dermatites e micoses. Elas jamais devem ser usadas para clareamento, pois o uso prolongado causa efeitos colaterais graves e piora permanente de manchas.
A ureia é um composto com forte poder de hidratação. Atrai e retém a água na pele. Seu efeito no clareamento está relacionado à concentração. Em altas concentrações (acima de 10%), a ureia possui ação queratolítica suave.
Isso significa que ela ajuda a soltar e remover as células mortas da camada superficial, promovendo uma esfoliação. A promoção da renovação celular e da descamação natural auxilia no processo de uniformização do tom. Esse efeito é especialmente útil em áreas de calosidade ou espessamento, como joelhos e cotovelos, que tendem a ser mais escuras.
A ureia não é um despigmentante direto. Sua ação queratolítica, no entanto, contribui para a melhora da textura e o clareamento gradual.
A argila branca, ou caulim, é a mais suave de todas as argilas. É rica em sílica e tem um pH muito próximo ao da pele. Ela tem potencial clareador suave e seguro. Seu mecanismo de ação é de esfoliação suave. Ela age como um peeling superficial, estimulando a eliminação de células mortas.
O uso regular auxilia no clareamento gradual da pele, por meio da renovação celular e da ação suavizante. É um método natural e eficiente para tratar melasmas e manchas hipercrômicas. Por ser delicada, é uma opção ideal para tratar manchas de acne, axilas e virilhas.
O sabonete de enxofre é conhecido por seu efeito adstringente e antisséptico. É amplamente utilizado no tratamento da acne, pois controla a oleosidade e tem ação queratolítica e antibacteriana.
Sua ação no clareamento é indireta. O sabonete de enxofre não é um clareador em si. Ele, na verdade, ajuda a prevenir a formação de novas espinhas. Espinhas ativas causam hiperpigmentação pós-inflamatória, ou seja, as manchas escuras que surgem após a inflamação.
Ao controlar a acne, o sabonete de enxofre ajuda a evitar o surgimento de novas manchas escuras.
O retinol, um derivado da vitamina A, é um dos ativos mais poderosos e estudados da dermatologia. Sua eficácia no clareamento é alta, exigindo, porém, extrema cautela. Seu mecanismo de ação estimula a renovação celular (troca de pele) e a produção de colágeno.
O retinol também interfere diretamente na produção de melanina (pigmento da mancha). A forma mais potente, o ácido retinóico, é frequentemente combinada com outros despigmentantes, como a hidroquinona, para tratar manchas persistentes e melasma.
O ativo é potente e pode causar irritação e fotossensibilidade. O tratamento exige proteção solar rigorosa e deve ser feito sob prescrição, visto que o uso indevido da Hidroquinona pode causar o escurecimento negro-azulado da pele, chamado de Ocronose Exógena.
O retinol é altamente eficaz. Sua versão potente e a combinação com Hidroquinona exigem acompanhamento médico rigoroso para evitar riscos graves.
O Dexpantenol (Pró-Vitamina B5), princípio ativo em pomadas populares de hidratação, não possui função clareadora direta. Sua função geralmente é de hidratante e reparador da barreira cutânea.
Ao reparar a pele lesada, como após uma acne ou queimadura, o Dexpantenol ajuda no processo de cicatrização. Isso facilita a recuperação do tom normal da pele, prevenindo que a mancha se instale profundamente. Existem versões desse ativo combinado com outros, como óleo de rosa mosqueta. Nesses casos, o efeito de uniformização é potencializado pelo óleo.
O Dexpantenol, embora não seja um clareador, é um excelente aliado para reparar a pele e prevenir a formação de manchas profundas.
A depilação a laser utiliza a energia luminosa para atingir a melanina (pigmento) presente no pelo. Embora não seja o objetivo principal, o laser pode, sim, clarear a pele indiretamente.
O procedimento não é um tratamento primário para manchas, mas tem um efeito clareador em áreas escuras como axilas e virilhas. Isso ocorre porque, ao eliminar o pelo, o laser reduz a inflamação crônica causada pela depilação com lâmina ou cera. Essa redução da inflamação leva ao clareamento da região.
A depilação a laser é, portanto, um procedimento para remoção de pelos. O clareamento em áreas como virilhas e axilas é um efeito secundário positivo.
O clareamento da pele vai muito além da estética. Ele está ligado à saúde e à prevenção de problemas mais sérios.
O médico dermatologista é o profissional habilitado para diagnosticar a causa exata da mancha, que pode ser melasma, hiperpigmentação pós-inflamatória, ou lentigo solar (sardas).
A avaliação profissional é indispensável pelas seguintes razões:
Não arrisque a saúde da sua pele com soluções milagrosas. O diagnóstico e o acompanhamento médico são o caminho mais seguro e eficaz para uma pele mais clara e saudável.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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