14/08/2025
Revisado em: 14/08/2025
Saiba o que significa ter colesterol total acima de 200, quais os riscos associados e quando é necessário buscar orientação médica.
Você acaba de receber os resultados do seu exame de sangue e se deparou com um número que levanta uma sobrancelha: seu colesterol total está acima de 200 mg/dL. É natural surgir a preocupação e a pergunta: o que isso realmente significa para a sua saúde?
Neste artigo, vamos esclarecer o que é o colesterol, por que esse limite é importante e quais passos você pode tomar para gerenciar seus níveis e proteger seu coração. A informação é o primeiro passo para uma vida mais saudável e preventiva.
O colesterol é uma substância gordurosa essencial para o bom funcionamento do nosso organismo. Ele participa da produção de hormônios, vitamina D e dos ácidos biliares, que ajudam na digestão. O corpo humano produz todo o colesterol de que precisa, mas também o absorve dos alimentos que consumimos.
O termo "colesterol total" refere-se à soma de todos os tipos de colesterol presentes no sangue: o Colesterol de Lipoproteína de Baixa Densidade (LDL), o Colesterol de Lipoproteína de Alta Densidade (HDL) e uma fração dos triglicerídeos.
A medição do colesterol é feita por meio de um exame de sangue simples, conhecido como perfil lipídico ou lipidograma. Geralmente, é necessário um jejum de 9 a 12 horas antes da coleta para garantir a precisão dos resultados, especialmente para a análise dos triglicerídeos.
É fundamental entender que nem todo colesterol é prejudicial. O LDL é conhecido como "colesterol ruim" porque, em excesso, ele pode se depositar nas paredes das artérias, formando placas que as estreitam e endurecem. Este processo é chamado de aterosclerose.
Já o HDL é o "colesterol bom", pois ajuda a remover o excesso de colesterol das artérias, transportando-o de volta ao fígado para ser eliminado. Manter os níveis de HDL altos é tão importante quanto manter o LDL baixo.
Os valores de referência podem variar ligeiramente dependendo do laboratório, mas as diretrizes gerais para adultos são as seguintes:
Uma das maiores preocupações sobre o colesterol alto é que ele geralmente não apresenta sintomas. Por ser uma condição silenciosa, muitas pessoas só descobrem que seus níveis estão elevados durante um exame de rotina ou, pior, após sofrerem um evento cardiovascular grave, como um infarto ou AVC. Daí a importância dos exames preventivos regulares.
Esta característica silenciosa é especialmente preocupante em condições como a hipercolesterolemia familiar, uma condição genética que eleva significativamente o risco de doenças cardíacas. Estima-se que, nos Estados Unidos, cerca de 90% das pessoas com hipercolesterolemia familiar não recebam um diagnóstico, apesar de ser uma condição que aumenta consideravelmente o risco de problemas cardíacos.
Diversos fatores podem contribuir para que o seu colesterol total ultrapasse o limite de 200 mg/dL. É uma condição multifatorial, o que significa que vários elementos podem estar agindo em conjunto.
Sim, o risco de ter colesterol alto tende a aumentar com a idade. À medida que envelhecemos, o metabolismo do corpo muda, e a capacidade do fígado de remover o colesterol LDL do sangue pode diminuir. Em mulheres, os níveis de colesterol podem subir após a menopausa, devido à queda dos níveis de estrogênio.
Nas mulheres, os níveis de colesterol tendem a ser mais baixos antes da menopausa, graças à proteção hormonal do estrogênio. No entanto, após a menopausa, com a diminuição do estrogênio, os níveis de colesterol LDL tendem a aumentar significativamente, colocando-as em maior risco de doenças cardiovasculares, similarmente aos homens. Por isso, a monitorização é crucial em todas as fases da vida.
O maior perigo do colesterol total elevado, especialmente quando acompanhado de altos níveis de LDL e baixos de HDL, é o desenvolvimento de doenças cardiovasculares. A aterosclerose é o principal processo por trás dessas complicações.
A hipercolesterolemia familiar, por exemplo, se não tratada, é particularmente perigosa: um estudo aponta que 1 em cada 2 homens e 1 em cada 6 mulheres com essa condição podem desenvolver doença coronariana fatal antes dos 60 anos de idade.
A aterosclerose é o endurecimento e estreitamento das artérias causado pelo acúmulo de placas de gordura. Essas placas, compostas principalmente de colesterol, podem crescer ao longo do tempo, dificultando o fluxo sanguíneo para órgãos vitais como o coração e o cérebro. Este processo silencioso pode levar a condições graves.
Quando uma placa de colesterol se rompe, um coágulo pode se formar sobre ela. Se esse coágulo bloquear completamente uma artéria que irriga o coração, ocorre um infarto do miocárdio. Se o bloqueio acontece em uma artéria que irriga o cérebro, pode levar a um acidente vascular cerebral (AVC). Ambos são emergências médicas com risco de vida ou de sequelas permanentes.
Além dos riscos cardiovasculares, estudos recentes também sugerem que a hipercolesterolemia pode ter outras implicações para a saúde. Em homens, por exemplo, foi observada uma densidade mineral óssea significativamente mais baixa em comparação com indivíduos com níveis normais de colesterol, indicando um possível aumento no risco de osteoporose.
A boa notícia é que, na maioria dos casos, o colesterol total elevado pode ser controlado e reduzido com mudanças no estilo de vida. O acompanhamento médico é essencial para um plano personalizado.
A alimentação é um pilar fundamental no controle do colesterol. Priorize:
Evite:
A prática regular de exercícios físicos, como caminhada, corrida, natação ou ciclismo, ajuda a aumentar o colesterol HDL (o bom) e a diminuir o colesterol LDL (o ruim) e os triglicerídeos. Busque, ao menos, 150 minutos de atividade aeróbica moderada por semana, sempre com orientação de um profissional de saúde.
Manter um peso saudável é crucial para o controle do colesterol. A perda de peso, mesmo que moderada, pode ter um impacto significativo nos seus níveis lipídicos. Além disso, o gerenciamento do estresse e uma boa qualidade de sono também são importantes, pois o estresse crônico pode influenciar negativamente o perfil lipídico.
Em alguns casos, especialmente quando as mudanças no estilo de vida não são suficientes ou quando o risco cardiovascular é muito alto, o médico pode prescrever medicamentos para baixar o colesterol. As estatinas são os medicamentos mais comuns para essa finalidade. É fundamental que qualquer tratamento medicamentoso seja sempre indicado e monitorado por um profissional de saúde, que avaliará a necessidade e a dose adequada para cada paciente. Para pacientes com hipercolesterolemia familiar, por exemplo, a meta de tratamento é reduzir o colesterol LDL para menos de 2,6 mmol/l ou obter uma redução de pelo menos 50% nos níveis de colesterol LDL.
Se você tem mais de 20 anos, é importante realizar exames de colesterol a cada cinco anos, ou com maior frequência se houver fatores de risco (histórico familiar de doenças cardíacas precoces, diabetes, hipertensão, obesidade, tabagismo). Se seus resultados já indicam colesterol total acima de 200 mg/dL, ou se você tem dúvidas sobre sua saúde cardiovascular, procure um médico imediatamente. Um cardiologista ou clínico geral poderá avaliar seu caso, solicitar exames adicionais e indicar o melhor plano de tratamento.
Ter o colesterol total acima de 200 mg/dL é um sinal de alerta, mas não é uma sentença. Com as informações corretas e o apoio de profissionais de saúde, é totalmente possível gerenciar essa condição e viver uma vida plena e saudável. Lembre-se que a prevenção e o acompanhamento contínuo são seus maiores aliados na proteção da sua saúde cardiovascular.
[BOTÃO DE AGENDAR CONSULTA]
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista do Ministério da Saúde.
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