14/08/2025
Revisado em: 28/08/2025
Você notou uma mudança na sua secreção vaginal, acompanhada de uma coceira incômoda? Saiba o que esses sintomas podem indicar e quando é essencial buscar atendimento médico.
É uma situação comum: você percebe um corrimento vaginal com uma coloração diferente, puxando para o marrom, e uma coceira persistente nas partes íntimas. Esses sintomas podem gerar preocupação, mas nem sempre indicam um problema grave de saúde.
No entanto, é fundamental entender suas possíveis causas e saber quando procurar um especialista.
O corrimento marrom é, na verdade, uma secreção vaginal que contém pequenas quantidades de sangue antigo. Essa coloração escura indica que o sangue oxidou antes de ser expelido. Ele pode surgir por diversas razões, desde processos fisiológicos normais do corpo feminino até condições que requerem atenção médica.
Em certas situações, a presença de corrimento marrom não é motivo para alarme. Trata-se de um evento comum e, em muitos casos, benigno, relacionado a variações hormonais ou a processos naturais do ciclo reprodutivo.
É bastante comum notar um corrimento marrom nos dias finais da menstruação. Isso ocorre porque o fluxo sanguíneo está diminuindo e o corpo está eliminando os últimos resíduos de sangue que podem ter levado mais tempo para sair do útero.
Algumas mulheres experimentam um leve sangramento ou corrimento marrom durante o período da ovulação.
Essa ocorrência é causada pelas flutuações hormonais que acontecem quando o óvulo é liberado do ovário.
Ao iniciar o uso de um novo método contraceptivo hormonal ou ao fazer uma troca, o corpo pode passar por um período de adaptação.
Essa fase, que pode durar alguns meses, frequentemente resulta em sangramentos de escape ou corrimento marrom.
Em algumas gestações, logo no início, cerca de 6 a 12 dias após a fertilização, pode ocorrer um sangramento leve e rosado ou amarronzado.
Conhecido como sangramento de implantação, ele é um sinal de que o embrião se fixou na parede do útero.
Em algumas situações, o atrito durante a relação sexual pode causar uma leve irritação no colo do útero ou na vagina.
Essa irritação ocasionalmente leva ao aparecimento de um corrimento marrom claro ou com pequenos traços de sangue logo após o ato.
Enquanto o corrimento marrom pode ser normal, a coceira, especialmente quando persistente e incômoda, é um sintoma que quase sempre aponta para algum desequilíbrio ou irritação.
Estudos mostram que a coceira é um sintoma bastante comum, sendo o segundo mais frequente, presente em cerca de 27,5% das mulheres que apresentam corrimento vaginal, de acordo com um estudo publicado no Cureus.
Quando a coceira acompanha o corrimento marrom, a chance de ser um sinal de algo que precisa de atenção aumenta significativamente. A coceira indica, na maioria das vezes, uma inflamação ou infecção na região vaginal.
A combinação de coceira e corrimento marrom frequentemente sinaliza a presença de condições médicas que merecem investigação e tratamento. Entender as causas mais comuns ajuda a buscar o diagnóstico correto.
Infecções comuns, como a candidíase (causada por um fungo) ou a vaginose bacteriana (um desequilíbrio da flora vaginal), podem provocar tanto coceira intensa quanto corrimento.
A vaginose bacteriana, em particular, é uma condição que afeta aproximadamente um terço das mulheres em todo o mundo em diferentes fases da vida, sendo uma das causas mais comuns de corrimento vaginal anormal, conforme apontado em estudos publicados no Antibiotics.
Embora o corrimento clássico da candidíase seja esbranquiçado e grumoso, e o da vaginose seja acinzentado com odor forte, em alguns casos, ele pode apresentar um tom amarronzado, especialmente se houver leve irritação ou sangramento.
Algumas Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como a clamídia, gonorreia ou tricomoníase, podem manifestar-se com coceira, corrimento de cor alterada (que pode ser marrom) e, por vezes, dor.
O corrimento pode ser mais espesso, ter cheiro forte ou causar ardência ao urinar. A identificação e o tratamento precoces são cruciais para evitar complicações a longo prazo.
Condições como a ectopia cervical (onde a parte interna do colo do útero se vira para fora) ou a presença de pólipos cervicais (pequenas formações benignas no colo do útero) podem causar sangramento leve após o sexo ou durante o ciclo, resultando em corrimento marrom.
Nesses casos, a coceira não é um sintoma direto da ectopia ou do pólipo, mas pode surgir de uma irritação associada ou infecção secundária.
As flutuações hormonais, especialmente durante a pré-menopausa ou menopausa (quando há uma queda nos níveis de estrogênio), podem causar ressecamento vaginal e adelgaçamento dos tecidos, tornando a região mais suscetível a irritações e pequenos sangramentos, que se manifestam como corrimento marrom.
A coceira pode ser um sintoma do ressecamento vaginal ou da atrofia.
O uso de produtos de higiene íntima inadequados (sabonetes perfumados, duchas vaginais), absorventes internos ou externos com fragrâncias, amaciantes de roupas com cheiro forte ou tecidos sintéticos podem irritar a vulva e a vagina. Essa irritação pode levar à coceira e, em casos mais intensos, a um leve sangramento ou corrimento marrom.
Saber quando procurar um médico é fundamental para a saúde da mulher. Embora alguns casos de corrimento marrom sejam normais, a presença conjunta de coceira, persistência dos sintomas ou outros sinais de alerta indicam a necessidade de uma avaliação profissional.
É fundamental que mulheres que notem sintomas como corrimento ou coceira vaginal, especialmente se houver suspeita de condições como vaginose bacteriana ou tricomoníase, busquem avaliação e tratamento médico para garantir um diagnóstico preciso e o manejo adequado.
Você deve procurar um ginecologista se a coceira e o corrimento marrom forem acompanhados por:
O diagnóstico da causa da coceira e do corrimento marrom é realizado por um médico ginecologista. Geralmente, ele fará uma anamnese detalhada, perguntando sobre seu histórico médico e sexual, a duração e características dos sintomas.
Em seguida, será realizado um exame físico, incluindo o exame pélvico.
Podem ser solicitados exames complementares, como:
O tratamento dependerá da causa identificada. Pode incluir o uso de medicamentos (antifúngicos, antibióticos), terapias hormonais, ou em casos específicos, procedimentos cirúrgicos para remover pólipos ou tratar outras condições.
Adotar hábitos saudáveis pode reduzir o risco de desenvolver coceira e corrimento marrom relacionados a infecções e irritações.
Considere as seguintes práticas:
A prevenção é sempre uma medida a ser adotada. Caso você note alguma anomalia, não hesite em buscar atendimento médico.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista do Ministério da Saúde.
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