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Coceira e corrimento marrom: entenda as causas e quando procurar um médico

Você notou uma mudança na sua secreção vaginal, acompanhada de uma coceira incômoda? Saiba o que esses sintomas podem indicar e quando é essencial buscar atendimento médico.

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É uma situação comum: você percebe um corrimento vaginal com uma coloração diferente, puxando para o marrom, e uma coceira persistente nas partes íntimas. Esses sintomas podem gerar preocupação, mas nem sempre indicam um problema grave de saúde. 

No entanto, é fundamental entender suas possíveis causas e saber quando procurar um especialista.

O que é corrimento marrom e por que ele aparece?

O corrimento marrom é, na verdade, uma secreção vaginal que contém pequenas quantidades de sangue antigo. Essa coloração escura indica que o sangue oxidou antes de ser expelido. Ele pode surgir por diversas razões, desde processos fisiológicos normais do corpo feminino até condições que requerem atenção médica.

Quando o corrimento marrom é considerado normal?

Em certas situações, a presença de corrimento marrom não é motivo para alarme. Trata-se de um evento comum e, em muitos casos, benigno, relacionado a variações hormonais ou a processos naturais do ciclo reprodutivo.

Fim do ciclo menstrual: o adeus à menstruação

É bastante comum notar um corrimento marrom nos dias finais da menstruação. Isso ocorre porque o fluxo sanguíneo está diminuindo e o corpo está eliminando os últimos resíduos de sangue que podem ter levado mais tempo para sair do útero.

Período de ovulação: um sinal no meio do ciclo

Algumas mulheres experimentam um leve sangramento ou corrimento marrom durante o período da ovulação. 

Essa ocorrência é causada pelas flutuações hormonais que acontecem quando o óvulo é liberado do ovário.

Início ou troca de anticoncepcional: adaptação hormonal

Ao iniciar o uso de um novo método contraceptivo hormonal ou ao fazer uma troca, o corpo pode passar por um período de adaptação. 

Essa fase, que pode durar alguns meses, frequentemente resulta em sangramentos de escape ou corrimento marrom.

Sangramento de implantação: um possível início de gravidez

Em algumas gestações, logo no início, cerca de 6 a 12 dias após a fertilização, pode ocorrer um sangramento leve e rosado ou amarronzado. 

Conhecido como sangramento de implantação, ele é um sinal de que o embrião se fixou na parede do útero.

Irritação após o sexo: sensibilidade temporária

Em algumas situações, o atrito durante a relação sexual pode causar uma leve irritação no colo do útero ou na vagina. 

Essa irritação ocasionalmente leva ao aparecimento de um corrimento marrom claro ou com pequenos traços de sangue logo após o ato.

Por que a coceira acompanha o corrimento marrom?

Enquanto o corrimento marrom pode ser normal, a coceira, especialmente quando persistente e incômoda, é um sintoma que quase sempre aponta para algum desequilíbrio ou irritação. 

Estudos mostram que a coceira é um sintoma bastante comum, sendo o segundo mais frequente, presente em cerca de 27,5% das mulheres que apresentam corrimento vaginal, de acordo com um estudo publicado no Cureus. 

Quando a coceira acompanha o corrimento marrom, a chance de ser um sinal de algo que precisa de atenção aumenta significativamente. A coceira indica, na maioria das vezes, uma inflamação ou infecção na região vaginal.

Quais condições de saúde podem causar coceira e corrimento marrom?

A combinação de coceira e corrimento marrom frequentemente sinaliza a presença de condições médicas que merecem investigação e tratamento. Entender as causas mais comuns ajuda a buscar o diagnóstico correto.

Infecções vaginais: cândida, vaginose e outras

Infecções comuns, como a candidíase (causada por um fungo) ou a vaginose bacteriana (um desequilíbrio da flora vaginal), podem provocar tanto coceira intensa quanto corrimento. 

A vaginose bacteriana, em particular, é uma condição que afeta aproximadamente um terço das mulheres em todo o mundo em diferentes fases da vida, sendo uma das causas mais comuns de corrimento vaginal anormal, conforme apontado em estudos publicados no Antibiotics. 

Embora o corrimento clássico da candidíase seja esbranquiçado e grumoso, e o da vaginose seja acinzentado com odor forte, em alguns casos, ele pode apresentar um tom amarronzado, especialmente se houver leve irritação ou sangramento.

Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs): atenção redobrada

Algumas Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), como a clamídia, gonorreia ou tricomoníase, podem manifestar-se com coceira, corrimento de cor alterada (que pode ser marrom) e, por vezes, dor. 

O corrimento pode ser mais espesso, ter cheiro forte ou causar ardência ao urinar. A identificação e o tratamento precoces são cruciais para evitar complicações a longo prazo.

Alterações no colo do útero: ectopia e pólipos

Condições como a ectopia cervical (onde a parte interna do colo do útero se vira para fora) ou a presença de pólipos cervicais (pequenas formações benignas no colo do útero) podem causar sangramento leve após o sexo ou durante o ciclo, resultando em corrimento marrom. 

Nesses casos, a coceira não é um sintoma direto da ectopia ou do pólipo, mas pode surgir de uma irritação associada ou infecção secundária.

Desequilíbrios hormonais: menopausa e outros fatores

As flutuações hormonais, especialmente durante a pré-menopausa ou menopausa (quando há uma queda nos níveis de estrogênio), podem causar ressecamento vaginal e adelgaçamento dos tecidos, tornando a região mais suscetível a irritações e pequenos sangramentos, que se manifestam como corrimento marrom. 

A coceira pode ser um sintoma do ressecamento vaginal ou da atrofia.

Irritações e alergias: produtos e tecidos

O uso de produtos de higiene íntima inadequados (sabonetes perfumados, duchas vaginais), absorventes internos ou externos com fragrâncias, amaciantes de roupas com cheiro forte ou tecidos sintéticos podem irritar a vulva e a vagina. Essa irritação pode levar à coceira e, em casos mais intensos, a um leve sangramento ou corrimento marrom.

Quando é hora de buscar ajuda médica para coceira e corrimento marrom?

Saber quando procurar um médico é fundamental para a saúde da mulher. Embora alguns casos de corrimento marrom sejam normais, a presença conjunta de coceira, persistência dos sintomas ou outros sinais de alerta indicam a necessidade de uma avaliação profissional. 

É fundamental que mulheres que notem sintomas como corrimento ou coceira vaginal, especialmente se houver suspeita de condições como vaginose bacteriana ou tricomoníase, busquem avaliação e tratamento médico para garantir um diagnóstico preciso e o manejo adequado.

Sinais de alerta que exigem atenção médica imediata

Você deve procurar um ginecologista se a coceira e o corrimento marrom forem acompanhados por:

  • Odor forte ou desagradável: especialmente um cheiro de peixe.
  • Dor ou ardência: durante a relação sexual, ao urinar ou na região pélvica.
  • Febre: indicando uma possível infecção mais séria.
  • Corrimento persistente: que não melhora em poucos dias ou piora.
  • Mudança na cor ou consistência do corrimento: para amarelo, verde, cinza, ou muito espesso e grumoso.
  • Sangramento intenso: especialmente se não estiver relacionado ao período menstrual.
  • Feridas ou bolhas: na região genital.
  • Sintomas durante a gravidez: qualquer sangramento ou corrimento anormal deve ser investigado imediatamente.
  • Após relação sexual desprotegida: para descartar ISTs.

Como é feito o diagnóstico e tratamento?

O diagnóstico da causa da coceira e do corrimento marrom é realizado por um médico ginecologista. Geralmente, ele fará uma anamnese detalhada, perguntando sobre seu histórico médico e sexual, a duração e características dos sintomas. 

Em seguida, será realizado um exame físico, incluindo o exame pélvico. 

Podem ser solicitados exames complementares, como:

  • Coleta de material: para análise laboratorial do corrimento (cultura e microscopia) para identificar a presença de bactérias, fungos ou outros microrganismos.
  • Exames de sangue: para verificar níveis hormonais ou investigar ISTs específicas.
  • Papanicolau: para avaliar a saúde do colo do útero.
  • Ultrassonografia pélvica: para visualizar o útero e ovários e identificar possíveis alterações estruturais como miomas ou pólipos.

O tratamento dependerá da causa identificada. Pode incluir o uso de medicamentos (antifúngicos, antibióticos), terapias hormonais, ou em casos específicos, procedimentos cirúrgicos para remover pólipos ou tratar outras condições.

É possível prevenir a coceira e o corrimento marrom preocupante?

Adotar hábitos saudáveis pode reduzir o risco de desenvolver coceira e corrimento marrom relacionados a infecções e irritações. 

Considere as seguintes práticas:

  • Higiene íntima adequada: Lave a região genital apenas com água ou sabonetes neutros e sem perfume. Evite duchas vaginais, pois elas podem alterar o pH natural da vagina.
  • Roupas íntimas de algodão: Prefira calcinhas de algodão, que permitem a ventilação da região, e evite roupas apertadas ou sintéticas por longos períodos.
  • Seque-se corretamente: Após o banho, seque a região genital com uma toalha limpa, da frente para trás, para evitar a proliferação de bactérias.
  • Uso de preservativo: O uso consistente do preservativo é fundamental para prevenir Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs).
  • Evite irritantes: Cuidado com produtos perfumados como absorventes, protetores diários e sabões em pó, que podem irritar a pele sensível da região.
  • Mantenha uma alimentação equilibrada: Uma dieta rica em nutrientes e probióticos pode contribuir para a saúde geral e o equilíbrio da flora vaginal.
  • Visitas regulares ao ginecologista: Consultas de rotina são essenciais para monitorar sua saúde íntima, identificar precocemente quaisquer alterações e receber orientações personalizadas.

A prevenção é sempre uma medida a ser adotada. Caso você note alguma anomalia, não hesite em buscar atendimento médico.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista do Ministério da Saúde.

Bibliografia

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