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Cirurgia bucomaxilofacial: entenda o que ela trata e quais são as indicações

A especialidade que corrige a função e a estética facial: mais de 90% dos pacientes relatam satisfação após a cirurgia ortognática.

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A saúde da boca, da face e dos maxilares é vital para a mastigação e a fala, mas não só isso. Impacta também na harmonia estética e na respiração. Para pacientes que lidam com problemas graves de desarmonia óssea ou funcional, a cirurgia bucomaxilofacial é uma alternativa que pode ser mais definitiva.

Essa área é uma das mais importantes da Odontologia e, em sua principal intervenção, a cirurgia ortognática, demonstra resultados de alto impacto. Estudos recentes (LIMEIRA, SOUZA, BREDOFF, 2023) mostram que ela gera melhorias funcionais em 87,8% e melhorias estéticas em 92,7% dos pacientes.

Saiba a seguir o que é esta cirurgia, quem pode realizá-la, quando ela é indicada pelo médico e quais são os cuidados essenciais para uma recuperação mais tranquila e bem-sucedida.

Bucomaxilo: o que é?

O termo bucomaxilo é o apelido popular e a forma abreviada de se referir à especialidade Cirurgia e Traumatologia Bucomaxilofacial.

É uma área de atuação da Odontologia que se concentra no diagnóstico e no tratamento cirúrgico de doenças, lesões, fraturas e anomalias que atingem a face, a boca, os maxilares (osso superior e inferior) e a região do pescoço.

O especialista atua na recuperação completa dessas estruturas, envolvendo a função (mastigação, fala, respiração) e a estética facial.

Cirurgia e traumatologia Bucomaxilofacial: entenda a diferença

A especialidade se divide em duas grandes áreas de foco:

1. Cirurgia bucomaxilofacial (eletiva)

Esta área é voltada para o tratamento de condições crônicas, deformidades ou problemas funcionais, geralmente com data e hora marcadas (cirurgias eletivas):

  • Cirurgia ortognática: é o procedimento mais famoso. Corrige desarmonias ósseas graves, chamadas de deformidades dentofaciais. A cirurgia reposiciona o maxilar (osso superior) ou a mandíbula (osso inferior) para alcançar a mordida correta e a harmonia do rosto;
  • Disfunção da articulação temporomandibular (ATM): trata doenças que causam dor crônica, estalos e dificuldade para abrir a boca devido a problemas na articulação que liga a mandíbula ao crânio;
  • Remoção de patologias: inclui a retirada de cistos (bolsas cheias de líquido) e de tumores benignos ou malignos localizados na boca, nos ossos da face ou na mandíbula;
  • Enxertos ósseos: procedimentos para reconstruir a estrutura óssea do maxilar ou mandíbula, geralmente feitos antes da colocação de implantes dentários.

2. Traumatologia bucomaxilofacial (urgência)

A Traumatologia atua no ambiente hospitalar, focada em casos de urgência e emergência resultantes de acidentes e traumas:

  • Fraturas faciais: tratamento de fraturas na mandíbula, no maxilar, no nariz ou em outros ossos da face, causadas, na maioria das vezes, por acidentes;
  • Traumas complexos: reconstrução facial após grandes perdas de tecido mole ou ósseo.

O cirurgião Bucomaxilofacial atua desde a correção planejada de desarmonias crônicas (Cirurgia Eletiva) até a intervenção imediata para salvar e reconstruir a função e a estética facial após acidentes e traumas (Traumatologia).

Isso garante um cuidado completo em todas as necessidades da face e dos maxilares.

A Cirurgia bucomaxilofacial e a robótica

A Bucomaxilofacial é uma área impulsionada pela tecnologia, buscando sempre a máxima precisão, o que é fundamental para o sucesso de correções complexas. O cirurgião pode utilizar ferramentas digitais avançadas para trazer resultados mais efetivos:

Através do planejamento digital em 3D, o cirurgião simula o procedimento no computador e cria guias cirúrgicos personalizados. Esses guias são usados na sala de operação para assegurar que os cortes ósseos e o posicionamento final sejam executados com fidelidade milimétrica.

Em hospitais de referência, a cirurgia robótica (assistida por robô) vem sendo incorporada, especialmente em casos oncológicos ou de reconstrução. O robô atua como um assistente superpreciso, traduzindo os movimentos do cirurgião com estabilidade e controle aumentados.

Esse tipo de procedimento leva a um menor trauma cirúrgico e a uma recuperação potencialmente mais rápida.

A união dessas tecnologias digitais eleva a qualidade do tratamento, garantindo que o resultado planejado seja fielmente alcançado.

Quando a cirurgia bucomaxilofacial é indicada?

A cirurgia bucomaxilofacial é indicada quando o problema não pode ser resolvido apenas com tratamentos clínicos (como o uso de aparelho ortodôntico) ou quando o quadro envolve risco para a saúde e função.

A necessidade do procedimento é sinalizada por diversas condições:

Desarmonias ósseas:

  • Prognatismo (queixo para frente): mandíbula muito projetada, dando a impressão de um queixo grande;
  • Retrognatismo (queixo para trás): mandíbula muito retraída, causando um perfil de queixo pequeno ou "para trás";
  • Assimetria facial: um lado da face é visivelmente desproporcional ao outro;
  • Mordida aberta: os dentes da frente não se encontram ao morder, dificultando cortar alimentos.

Problemas de saúde e função:

  • Apneia obstrutiva do sono: ronco crônico e paradas na respiração durante o sono, muitas vezes causados por uma mandíbula retraída que obstrui as vias aéreas;
  • Dores crônicas: dores de cabeça frequentes, dor na face ou no ouvido, associadas à Disfunção da ATM que não melhoram com tratamentos menos invasivos.

Condições específicas:

  • Problemas no siso: extração de dentes, como o siso, que estão em posição perigosa (podendo lesar nervos ou dentes vizinhos);
  • Cistos e tumores: diagnóstico e remoção cirúrgica de lesões ou tumorações na boca ou no osso da face.

A indicação para a cirurgia bucomaxilofacial ocorre quando a desarmonia óssea ou o problema de saúde é tão significativo que compromete funções vitais como respirar e mastigar.

O objetivo é que a intervenção cirúrgica restabeleça o equilíbrio funcional e a harmonia da face.

Contraindicações da cirurgia bucomaxilofacial

Para garantir a segurança do paciente e o sucesso do procedimento, a cirurgia pode ser contraindicada ou adiada em certas situações.

No caso de ser contra indicada, a presença de doenças crônicas descontroladas, como diabetes não compensadahipertensão arterial grave ou problemas cardíacos desregulados são fatores impeditivos para o andamento do tratamento. Além dessas doenças crônicas, a existência de infecções ativas (na boca ou em qualquer outra parte do corpo) exige tratamento prévio.

Outros fatores importantes são a má higiene oral, que pode levar à infecção no local da cirurgia, e a idade inapropriada. Em casos de deformidades ósseas, a intervenção só deve ser realizada após o final da fase de crescimento, geralmente após os 17 ou 18 anos).

E o uso excessivo de tabaco e álcool pode prejudicar seriamente a cicatrização óssea e dos tecidos, sendo um fator de risco a ser controlado.

Benefícios da cirurgia bucomaxilofacial

Os benefícios vão muito além da estética e têm um impacto direto na qualidade de vida do paciente.

  • Melhora da mastigação: a correção da mordida permite triturar os alimentos corretamente, o que previne problemas digestivos;
  • Qualidade respiratória: o reposicionamento dos ossos abre as vias aéreas. Isso reduz ou elimina o ronco e a apneia do sono, melhorando a qualidade do seu descanso;
  • Harmonia facial: a cirurgia ortognática corrige assimetrias e desproporções faciais, devolvendo a autoestima e a confiança;
  • Alívio de dores: o tratamento da ATM e a correção da mordida podem reduzir ou eliminar dores de cabeça e na face.

A cirurgia bucomaxilofacial é uma intervenção funcional. Ao restabelecer o equilíbrio da face e da mordida, garante ao paciente não apenas a harmonia estética, mas, principalmente, melhorias na mastigação, respiração e no alívio de dores crônicas.

Quais os riscos de uma cirurgia bucomaxilo?

Toda cirurgia, especialmente em ambiente hospitalar, tem riscos. O planejamento detalhado e a escolha de uma equipe especializada ajudam a minimizá-los.

Os principais riscos de uma cirurgia bucomaxilofacial são:

Parestesia (dormência) transitória

É a complicação mais comum, especialmente em cirurgias que envolvem a mandíbula. O nervo alveolar inferior, responsável pela sensibilidade do lábio e queixo, pode ser afetado, causando uma dormência temporária.

Na grande maioria dos casos, a sensibilidade retorna totalmente ou quase totalmente ao longo dos meses.

Infecção

Pode ocorrer no local cirúrgico. É prevenida com o uso de antibióticos antes e depois da cirurgia e com uma higiene rigorosa.

Edema e equimose

Inchaço (edema) e manchas roxas (equimose) na face são muito comuns, mas não são riscos, e sim reações normais que desaparecem em poucas semanas.

Complicações com placas e parafusos

Raramente, as placas e parafusos usados para fixar os ossos podem precisar ser removidos posteriormente.

Como se preparar para a cirurgia bucomaxilofacial?

A preparação para uma cirurgia de grande porte é um esforço de equipe, mas depende muito do seu comprometimento.

Na véspera e no dia da cirurgia, atente-se a estas recomendações essenciais:

Fique em jejum absoluto

Siga rigorosamente a instrução de jejum de 8 horas (ou o tempo recomendado pela equipe) para alimentos sólidos e líquidos. Isso inclui água, balas e chicletes. O jejum é vital para evitar complicações durante a anestesia geral.

Mantenha a hidratação e uma dieta saudável

Nas semanas que antecedem o procedimento, mantenha uma dieta saudável e hidratação eficiente para que seu corpo esteja forte e otimize a cicatrização. Beba bastante líquido!

Informe os remédios que você toma

Informe seu cirurgião e o anestesista sobre todos os medicamentos que você usa. Se houver alguma medicação contínua (como para pressão ou tireoide), pergunte se deve mantê-la. Em caso positivo, tome-a com apenas um pequeno gole de água.

Pare de tomar aspirina ou anti-inflamatórios na semana anterior, conforme orientação.

Mantenha uma higiene rigorosa da boca

Mantenha a boca o mais limpa possível. No dia da cirurgia, escove os dentes e use fio dental antes de ir para o hospital. Uma boca limpa minimiza o risco de infecções.

Pense na logística do dia da cirurgia e vá com acompanhante

Não use maquiagem, esmalte, lentes de contato, piercings ou joias. Leve seus documentos, exames e itens de higiene pessoal (escova, pasta, pijama, chinelo).

É imprescindível ir acompanhado de um adulto responsável, que deverá permanecer com você e levá-lo para casa após a alta.

Cuide da sua saúde mental e emocional

Evite stress na véspera. Durma bem e procure manter a calma. Pacientes mais tranquilos têm melhor recuperação. Não hesite em tirar qualquer dúvida com o cirurgião-dentista se isso fizer você se sentir bem e com mais segurança.

Cuidados pós-operatório: conheça as recomendações

Os cuidados no pós-operatório são essenciais para uma boa recuperação. Seguir as orientações minimiza o inchaço, a dor e o risco de infecção.

As principais recomendações incluem:

  • Repouso: mantenha repouso relativo nos primeiros 7 a 14 dias, evitando esforço físico e o calor (que aumenta o inchaço);
  • Gelo: Aplique compressas de gelo (frias) na face nas primeiras 48 horas para reduzir o inchaço;
  • Dieta: a alimentação deve ser líquida, pastosa e fria ou em temperatura ambiente nas primeiras semanas, pois o calor pode provocar sangramento;
  • Higiene: higienizar a boca suavemente com escovas e enxaguantes específicos, mantendo a área operada limpa, o que é crucial para prevenir infecções;
  • Medicação: usar rigorosamente os antibióticos e os remédios para dor e inchaço prescritos, sempre nos horários corretos;
  • Posição: manter a cabeça elevada (usando mais travesseiros ou elevando a cabeceira da cama), mesmo para dormir, para ajudar o inchaço a diminuir mais rápido.

O sucesso da sua cirurgia está nas suas mãos: seguir à risca as orientações de dieta, repouso e higiene é o seu trabalho mais importante no pós-operatório.

Esses cuidados simples ajudam a diminuir o inchaço, evitar infecções e garantir que você aproveite o resultado final o mais rápido possível.

Quanto tempo de recuperação da cirurgia bucomaxilo?

O tempo de recuperação é dividido em fases, variando conforme o tipo de cirurgia:

Para cirurgias pequenas (como a extração de um siso simples ou cisto), a recuperação inicial (volta às atividades leves) é de 3 a 7 dias, com dieta branda por cerca de uma semana.

Já para cirurgias de grande porte (como a ortognática ou traumas complexos), a recuperação inicial é de 7 a 14 dias. Esse é o tempo para o inchaço maior regredir e o paciente retornar a atividades leves

A consolidação total do osso, conhecida como recuperação funcional, leva de 6 a 8 semanas (período em que a dieta ainda é controlada). O resultado estético completo, com o desaparecimento de todo o inchaço residual, pode levar de 6 meses a 1 ano.

O acompanhamento constante com o cirurgião e, muitas vezes, com o fonoaudiólogo, garante que o retorno à rotina seja feito de forma segura e no tempo certo.

Qual o valor da cirurgia bucomaxilofacial?

O custo exato da cirurgia bucomaxilofacial não pode ser definido de forma padrão, pois é um tratamento altamente personalizado e influenciado por diversos fatores. E são esses fatores que você precisa prestar atenção na hora de escolher onde fazer a sua cirurgia:

  • Tipo e complexidade da cirurgia: uma extração de siso é mais simples e barata que uma cirurgia ortognática de dois maxilares, por exemplo;
  • Local de realização: procedimentos em consultório custam menos do que cirurgias em ambiente hospitalar, que incluem taxas de internação e o aluguel do centro cirúrgico;
  • Equipe cirúrgica: os honorários do cirurgião, do assistente e do anestesista;
  • Materiais especiais: o custo de placas e parafusos de titânio ou o material para enxertos ósseos;
  • Tratamentos auxiliares: custo do tratamento ortodôntico (aparelho) prévio e das sessões de fonoaudiologia/fisioterapia no pós-operatório.

O foco principal ao iniciar o tratamento deve ser sempre na segurança, qualificação da equipe e do hospital.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui uma avaliação profissional. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

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