27/08/2025
Revisado em: 02/09/2025
Nem todo caroço na gengiva é motivo para pânico. Saiba o que observar e quando uma avaliação se torna necessária.
A descoberta de um caroço na gengiva gera a pergunta inevitável: caroço na gengiva pode ser câncer? Antes de qualquer alarme, é importante saber diferenciar as causas benignas, que são maioria, dos sinais de alerta que exigem uma avaliação profissional.
Na grande maioria dos casos, um caroço na gengiva não está relacionado ao câncer. Geralmente, ele é uma resposta do corpo a um processo inflamatório ou irritativo. Uma das causas mais frequentes é o abscesso dentário, uma bolsa de pus que se forma na raiz de um dente ou na própria gengiva devido a uma infecção. Ele costuma ser doloroso, avermelhado e pode vir acompanhado de mau hálito e gosto ruim na boca.
Outra causa comum é o fibroma de irritação, uma lesão benigna, firme e que costuma ter a mesma cor da gengiva, que surge como uma reação a um trauma crônico, como o atrito de uma prótese mal adaptada. Podem surgir ainda cistos, que são bolsas preenchidas por líquido de crescimento lento, e a hiperplasia gengival, um aumento no volume da gengiva que pode ser causado por inflamação crônica ou como efeito colateral de alguns medicamentos.
A principal orientação é observar a evolução da lesão. Enquanto problemas inflamatórios, como um abcesso, ou traumáticos, como uma mordida, tendem a apresentar melhora e regredir em poucos dias, existem sinais claros que indicam que um caroço na gengiva merece uma investigação profissional.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a característica mais importante de uma lesão suspeita na boca é a sua persistência. Diante disso, a regra de ouro é: qualquer ferida, mancha ou caroço que não cicatriza em 15 dias deve ser obrigatoriamente avaliado por um profissional.
Além da persistência, outras características da lesão são importantes. Observe se o caroço apresenta um crescimento contínuo e se sua consistência é endurecida e fixa, ou seja, se ele parece "preso" aos tecidos mais profundos.
Alterações na cor também são muito relevantes; o surgimento de placas brancas (leucoplasia) ou vermelhas (eritroplasia) que não desaparecem com a raspagem pode indicar a presença de lesões pré-cancerígenas e devem ser investigadas.
É necessário prestar atenção também aos sintomas funcionais. Um caroço que sangra com facilidade sem um motivo aparente, a sensação de dormência (parestesia) na gengiva, lábios ou língua, e a dificuldade para engolir, falar ou movimentar a mandíbula são sinais que podem indicar um estágio mais avançado da lesão.
É um erro comum associar perigo à dor. Muitas lesões malignas em estágio inicial são indolores, o que pode levar à demora na busca por ajuda. Por isso, a ausência de dor não deve ser considerada um sinal de que está tudo bem.
Essa é uma possibilidade que deve ser considerada, especialmente se os sinais de alerta estiverem presentes. Apesar das causas benignas serem mais comuns, o câncer bucal pode se manifestar de diversas formas, e uma delas é como um nódulo ou caroço endurecido, que tende a ser indolor em suas fases iniciais. Muitas vezes, ele se parece com uma ferida que não melhora com o tempo, o que reforça a importância de investigar qualquer lesão persistente.
É fundamental destacar que o risco de câncer bucal está fortemente associado a certos fatores de estilo de vida. De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o tabagismo é o principal fator de risco isolado. Quem fuma cigarros ou utiliza outros produtos de tabaco tem uma chance muito maior de desenvolver a doença.
O consumo excessivo e regular de álcool também aumenta o risco, e a combinação de fumo e álcool potencializa ainda mais esse perigo. O INCA aponta ainda a infecção pelo vírus HPV (papilomavírus humano), principalmente em pessoas mais jovens, e a exposição solar excessiva sem proteção nos lábios como outros fatores importantes que ampliam as chances de desenvolver a doença.
A investigação de um caroço na gengiva é um processo cuidadoso que se inicia no consultório. O primeiro passo é a anamnese, uma conversa detalhada na qual o profissional irá perguntar sobre seus hábitos, histórico de saúde, uso de medicamentos e há quanto tempo a lesão apareceu.
Em seguida, é feito o exame clínico detalhado, no qual o dentista ou médico avalia o caroço através de instrumentos para verificar seu tamanho, forma, consistência e se está fixo aos tecidos. O profissional também inspeciona toda a boca, língua, garganta e pescoço em busca de outras alterações ou linfonodos (gânglios) aumentados.
Se após essa avaliação inicial houver suspeita de malignidade, o exame definitivo para confirmar ou descartar o diagnóstico de câncer é a biópsia. É importante ressaltar que este é um procedimento seguro e o único capaz de fornecer um diagnóstico preciso.
O procedimento é simples, na maior parte das vezes feito no próprio consultório com anestesia local, e consiste na remoção de um pequeno fragmento do tecido para análise em laboratório por um patologista.
Apenas essa análise microscópica, chamada de exame histopatológico, pode determinar a natureza exata das células e fechar o diagnóstico. Com base nesse resultado, a equipe médica poderá discutir os próximos passos e, se necessário, iniciar o planejamento do tratamento o mais rápido possível.
A prevenção é a melhor forma de cuidar da saúde bucal e reduzir o risco de lesões graves. A base para isso é manter uma higiene bucal rigorosa, o que inclui a escovação correta após as refeições, com uma escova de cerdas macias, o uso diário do fio dental para remover a placa bacteriana entre os dentes, e a limpeza da língua.
É importante realizar consultas regulares ao dentista, pelo menos uma vez ao ano. Nessas visitas, o profissional realiza uma limpeza profunda e um exame completo de toda a boca, sendo o mais capacitado para identificar lesões suspeitas em estágio inicial.
Adotar um estilo de vida saudável, evitando o fumo e o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, também reduz drasticamente os principais fatores de risco para o câncer bucal. Por fim, pratique o autoexame mensalmente: em um local bem iluminado, em frente a um espelho, puxe os lábios e as bochechas para observar a gengiva, o céu da boca, o assoalho (embaixo da língua) e a própria língua. Ao notar qualquer mudança que não desapareça em duas semanas, procure um profissional.
Embora a maioria dos caroços na gengiva seja benigna, a vigilância e a ação rápida são essenciais. Qualquer ferida, mancha ou caroço na boca que não cicatrize em 15 dias deve ser avaliado por um dentista ou médico. Não ignore os sinais do seu corpo. A detecção precoce é a sua maior aliada no tratamento do câncer bucal, uma vez que aumenta de forma significativa as chances de cura.
Referências bibliográficas
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA). Câncer de Boca. Rio de Janeiro: INCA, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tipos/boca. Acesso em: 22 ago. 2025.
MINISTÉRIO DA SAÚDE (Brasil). Biblioteca Virtual em Saúde. Câncer de Boca: Prevenção e Fatores de Risco. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2023. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/cancer-de-boca_2/. Acesso em: 22 ago. 2025.
MSD MANUALS. Câncer Bucal. Kenilworth: MSD, 2023. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-br/casa/dist%C3%BArbios-da-boca-e-dos-dentes/c%C3%A2nceres-da-boca-e-da-garganta/c%C3%A2ncer-bucal. Acesso em: 22 ago. 2025.
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