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Carcinoma: tratamento e como a melhor opção é escolhida?

Entenda as principais abordagens, da cirurgia às terapias mais modernas, e os fatores que guiam a decisão médica para o tratamento do câncer.

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Receber o resultado de uma biópsia com a palavra "carcinoma" pode gerar um turbilhão de dúvidas e preocupações. A primeira pergunta que surge é, quase sempre, sobre os próximos passos e as chances de cura. Felizmente, a medicina dispõe de um arsenal terapêutico eficaz, e a escolha do tratamento certo é uma decisão cuidadosa, baseada em ciência e individualização.

O que é um carcinoma e por que o tratamento varia?

Carcinoma é o tipo mais comum de câncer. Ele se origina nas células epiteliais, que revestem a superfície do corpo e os órgãos internos. Por isso, pode aparecer em diversos locais, como pele, pulmões, mamas e próstata. Os tipos mais conhecidos são os de pele: o carcinoma basocelular (CBC) e o carcinoma espinocelular (CEC).

O tratamento varia principalmente conforme o estágio do tumor. Um carcinoma in situ, por exemplo, está restrito à camada mais superficial da pele ou do tecido, sendo mais simples de tratar. Já um carcinoma invasivo penetrou em camadas mais profundas, exigindo abordagens diferentes para garantir a remoção completa e evitar sua disseminação.

Quais são os principais tratamentos cirúrgicos para o carcinoma?

A remoção cirúrgica é a base do tratamento para a maioria dos carcinomas, especialmente os de pele. O objetivo é retirar todo o tumor com uma margem de segurança de tecido saudável. Conforme dados do Ministério da Saúde, a cirurgia oncológica é o tratamento mais indicado para o câncer de pele.

Cirurgia excisional

Este é o procedimento mais comum. O médico utiliza um bisturi para remover o tumor e uma pequena área de pele saudável ao redor. O material é então enviado para análise laboratorial para confirmar que todas as células cancerígenas foram retiradas.

Cirurgia de Mohs

Considerada o padrão-ouro para carcinomas em áreas delicadas como rosto, orelhas e mãos, ou para tumores grandes e recorrentes. Nesta técnica, o cirurgião remove o tumor camada por camada, analisando cada uma ao microscópio em tempo real, até que não reste nenhuma célula maligna. Isso preserva o máximo de tecido saudável possível.

Curetagem e eletrodissecação

Indicada para lesões pequenas e superficiais, esta técnica envolve a raspagem do tumor com um instrumento chamado cureta. Em seguida, um eletrodo é usado para cauterizar a base da lesão, destruindo as células cancerígenas remanescentes e controlando o sangramento.

E quando a cirurgia não é a única opção?

Para alguns pacientes ou tipos de lesão, outras abordagens podem ser mais adequadas, seja de forma isolada ou combinada com a cirurgia. A escolha leva em conta a localização, o tamanho do tumor e a saúde geral do paciente.

  • Terapias tópicas: para carcinomas muito superficiais, cremes ou géis com quimioterápicos (como o 5-fluorouracil) ou imunomoduladores (como o imiquimode) podem ser aplicados diretamente na pele para destruir as células tumorais.
  • Criocirurgia: utiliza nitrogênio líquido para congelar e destruir o tumor. É uma opção rápida para lesões pequenas e superficiais, especialmente em pacientes com contraindicação para cirurgias mais complexas.
  • Terapia fotodinâmica (PDT): um medicamento fotossensibilizante é aplicado na lesão e, após algumas horas, uma luz especial é direcionada ao local, ativando a substância para que ela destrua as células do carcinoma.
  • Radioterapia: usa feixes de alta energia para destruir as células cancerígenas. Pode ser a principal opção para tumores em locais de difícil acesso cirúrgico ou para pacientes que não podem ser operados. Também pode ser usada após a cirurgia para eliminar células restantes.

Como são tratados os carcinomas avançados ou metastáticos?

Quando um carcinoma se espalha para outras partes do corpo (metástase), o tratamento se torna sistêmico, ou seja, age no corpo todo. Nos últimos 15 anos, houve um avanço notável no tratamento de carcinomas avançados, como o de fígado (hepatocelular), com novas terapias-alvo e imunoterapias demonstrando resultados positivos. 

Para outros tipos, como o carcinoma de trato biliar, terapias-alvo e imunoterapia também surgem como opções, permitindo tratamentos mais precisos que focam em alterações genéticas específicas do tumor.

As principais estratégias incluem:

  1. Quimioterapia: uso de medicamentos que destroem células de rápido crescimento, como as células cancerígenas. Pode ser administrada por via oral ou intravenosa. Para casos avançados de carcinoma de nasofaringe, por exemplo, a combinação de quimioterapia de indução seguida de quimioterapia e radioterapia tem demonstrado melhorar significativamente as chances de sobrevivência e reduzir a metástase à distância.
  2. Terapia-alvo: medicamentos projetados para atacar vulnerabilidades específicas das células do carcinoma, interferindo em seu crescimento e sobrevivência com menos danos às células normais. Medicamentos que inibem proteínas específicas, como o PT2385 que atua na proteína HIF2α, são promissores para o tratamento do carcinoma renal de células claras, com resultados iniciais encorajadores.
  3. Imunoterapia: um dos maiores avanços recentes no tratamento do câncer. Esses medicamentos, como os inibidores de PD-1, "destravam" o sistema imunológico do próprio paciente para que ele possa reconhecer e atacar o tumor.

Pesquisas em andamento exploram novas abordagens, como as terapias baseadas em microRNAs (miRNAs), que demonstram grande potencial para o tratamento do carcinoma. No entanto, essas terapias ainda estão em fases iniciais de estudo e enfrentam desafios de segurança a serem superados.

Que fatores o médico considera para definir o tratamento ideal?

A decisão sobre qual tratamento seguir é personalizada e discutida entre a equipe médica e o paciente. Diversos fatores são analisados para criar um plano terapêutico individualizado.

Fator Analisado

Por que é importante?

 

Tipo e subtipo do carcinoma

Carcinomas basocelulares e espinocelulares, por exemplo, têm comportamentos e respostas a tratamentos diferentes.

Tamanho e profundidade

Lesões maiores e mais profundas podem exigir cirurgias mais extensas ou tratamentos combinados.

Localização da lesão

Tumores no rosto podem demandar técnicas como a cirurgia de Mohs para preservar a estética e a função.

Estadiamento do câncer

A presença de metástase muda a abordagem de um tratamento local para um tratamento sistêmico.

Saúde geral do paciente

Condições de saúde preexistentes podem influenciar a escolha entre cirurgia, radioterapia ou outras opções.

Quais as chances de cura do carcinoma?

A resposta para essa pergunta é geralmente otimista, principalmente para os carcinomas de pele. Segundo a Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD), quando os cânceres de pele são detectados e tratados precocemente, a maioria dos carcinomas cutâneos apresenta altas taxas de cura, que podem ultrapassar os 90%.

O fator mais crucial para um bom prognóstico é o diagnóstico precoce. Por isso, a observação regular da pele e a visita a um dermatologista ao notar qualquer lesão nova, que mude de aparência ou não cicatrize, são atitudes fundamentais.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

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