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Câncer no dente existe? Entenda os sinais do câncer de boca

Uma ferida que não cicatriza ou um dente que amolece sem motivo aparente pode gerar grande preocupação. Saiba diferenciar os mitos.

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Uma pequena ferida perto da gengiva que insiste em não cicatrizar. Ou talvez um dente que, de repente, parece um pouco frouxo, sem ter sofrido nenhum trauma. Essas situações podem gerar uma dúvida imediata e assustadora: será que é possível ter câncer no dente?

A preocupação é compreensível, mas é fundamental esclarecer os fatos para direcionar a atenção aos cuidados corretos. Entender os verdadeiros sinais de alerta é o primeiro passo para proteger sua saúde bucal e geral.

O que é o câncer no dente?

De forma direta, o câncer não se desenvolve na estrutura do dente em si, como no esmalte ou na dentina. Esses tecidos não possuem as células que sofrem as mutações que dão origem a tumores malignos. Portanto, a expressão "câncer no dente" é popular, mas tecnicamente incorreta.

O que ocorre é o desenvolvimento do câncer de boca ou câncer da cavidade oral. Esse tipo de tumor pode afetar qualquer uma das estruturas moles ou ósseas que circundam os dentes, como:

  • gengivas;
  • língua;
  • assoalho da boca (a região embaixo da língua);
  • mucosa das bochechas e lábios;
  • palato (céu da boca);
  • ossos maxilares.

Quando um tumor cresce nessas áreas, ele pode afetar os dentes de forma secundária, causando dor, mobilidade ou até mesmo a perda dentária. Por isso, a sensação pode ser a de um problema "no dente", quando na verdade a origem está nos tecidos de suporte.

O tipo mais comum de câncer que afeta a boca é o carcinoma de células escamosas. Conhecer o estágio desse câncer é crucial para determinar o tratamento mais adequado.

Quais são os principais sinais e sintomas de alerta?

O câncer de boca muitas vezes se manifesta de forma silenciosa em seus estágios iniciais. Isso ocorre porque as lesões que precedem o câncer, incluindo as que afetam a gengiva, frequentemente não causam dor ou outros sintomas claros. Por não apresentar sinais evidentes, muitas vezes é confundido com problemas mais simples.

Essa falta de sintomas no início leva a diagnósticos tardios, o que pode reduzir drasticamente as chances de sobrevivência. 

Se detectado precocemente, a taxa de sucesso do tratamento pode ultrapassar 80%, mas, infelizmente, muitos casos são identificados apenas em fases avançadas. Por isso, a auto-observação e as visitas regulares ao dentista são essenciais, e é crucial ficar atento a qualquer mudança que persista por mais de duas semanas.

Os sintomas mais comuns que devem motivar uma avaliação profissional incluem:

  • Feridas ou úlceras: lesões na boca, lábios ou garganta que não cicatrizam.
  • Manchas: áreas brancas ou avermelhadas persistentes na gengiva, língua ou revestimento da boca (leucoplasia ou eritroplasia).
  • Nódulos e inchaços: presença de caroços ou espessamentos na bochecha, lábio ou pescoço.
  • Dor persistente: dor na boca, garganta ou sensação de algo preso, que não melhora.
  • Sangramento: sangramentos sem causa aparente na boca.
  • Dificuldade funcional: dificuldade ou dor para mastigar, engolir, falar ou mover a mandíbula.

Quando os sintomas estão relacionados aos dentes?

Um tumor que cresce na gengiva ou no osso maxilar pode se manifestar por meio de sinais diretamente ligados à dentição. É fundamental procurar um dentista se você notar:

  • Amolecimento dos dentes: um ou mais dentes que ficam frouxos sem histórico de doença periodontal grave.
  • Dor ao redor dos dentes: uma dor persistente que não parece ser de uma cárie ou infecção comum.
  • Próteses mal ajustadas: dentaduras ou pontes que subitamente deixam de se encaixar corretamente devido a inchaços ou alterações nos tecidos.

O que pode causar o câncer de boca?

A maioria dos casos de câncer de boca está associada a fatores de risco bem estabelecidos. Conhecê-los é o principal caminho para a prevenção. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os principais fatores são:

  • Tabagismo: o uso de cigarros, charutos, cachimbos ou tabaco mascado é o principal fator de risco isolado.
  • Consumo de álcool: o consumo excessivo de bebidas alcoólicas, especialmente quando associado ao tabagismo, aumenta drasticamente o risco.
  • Infecção por HPV: alguns subtipos do papilomavírus humano, transmitido principalmente por via sexual, estão ligados a cânceres na parte de trás da boca e garganta (orofaringe).
  • Exposição solar: a exposição prolongada ao sol sem proteção é um fator de risco para o câncer nos lábios.
  • Higiene bucal deficiente: a má higiene e a presença de dentes quebrados ou próteses mal ajustadas podem causar irritação crônica, um fator contribuinte.

Como o diagnóstico é realizado?

O diagnóstico do câncer de boca começa com um exame clínico detalhado feito por um cirurgião-dentista ou médico. Durante a consulta, o profissional examinará visualmente e por palpação toda a cavidade oral, incluindo lábios, bochechas, língua, gengivas e pescoço, em busca de qualquer anormalidade.

Se uma lesão suspeita for encontrada, o próximo passo é a biópsia. Nesse procedimento, um pequeno fragmento do tecido é removido e enviado para análise laboratorial (exame anatomopatológico), que confirmará ou descartará a presença de células cancerígenas.

Assim, a visita semestral ou anual ao dentista não serve apenas para tratar cáries e fazer limpezas. Ela é uma ferramenta poderosa para a detecção precoce do câncer de boca, especialmente porque muitas lesões que precedem a doença são assintomáticas e podem ser identificadas por esses profissionais. A detecção precoce é crucial para prevenir a progressão do câncer, quando as chances de cura são significativamente maiores.

Quais são as opções de tratamento disponíveis?

O tratamento do câncer de boca depende de fatores como a localização do tumor, o estágio da doença e a saúde geral do paciente. Geralmente, envolve uma equipe multidisciplinar com cirurgião de cabeça e pescoço, oncologista clínico, radioterapeuta, dentista, fonoaudiólogo e nutricionista.

As principais modalidades de tratamento são:

  1. Cirurgia: para a remoção do tumor e, em alguns casos, dos linfonodos do pescoço.
  2. Radioterapia: uso de radiação de alta energia para destruir as células cancerígenas.
  3. Quimioterapia: uso de medicamentos para combater o câncer, frequentemente combinada com a radioterapia.

É possível prevenir o câncer de boca?

Sim, a prevenção é a melhor estratégia. Adotar hábitos saudáveis reduz drasticamente o risco de desenvolver a doença. As principais medidas preventivas são:

  • Não fumar ou usar qualquer produto derivado do tabaco.
  • Evitar o consumo excessivo de bebidas alcoólicas.
  • Manter uma higiene bucal rigorosa, com escovação e uso de fio dental diários.
  • Usar protetor solar labial regularmente.
  • Manter uma dieta equilibrada, rica em frutas, verduras e legumes.
  • Realizar consultas odontológicas de rotina para exames preventivos.

Qualquer alteração na sua boca deve ser levada a sério. Não ignore um sinal por parecer pequeno ou inofensivo. A detecção precoce é a chave para um tratamento bem-sucedido e a preservação da sua qualidade de vida.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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