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Câncer de mama dá dor no braço? Entenda os sinais e quando se preocupar

Uma dor persistente no braço pode ter muitas causas, mas é fundamental entender quando ela pode estar associada à saúde das mamas.

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Imagine a cena: você estende o braço para pegar um objeto em uma prateleira alta e sente uma pontada incômoda, que não parece ser de um mau jeito. A dor persiste por dias, às vezes irradiando da axila. Para muitas mulheres, uma preocupação imediata pode surgir: será que isso tem alguma relação com câncer de mama?

Embora a maioria das dores no braço não esteja ligada a tumores, é válido entender a conexão. Saber reconhecer os sinais de alerta é um passo importante para o cuidado com a saúde e para buscar ajuda médica no momento certo.

Qual é a relação entre dor no braço e o câncer de mama?

A dor no braço como sintoma de câncer de mama não é o mais comum, mas pode ocorrer. Ela geralmente acontece quando a doença afeta estruturas próximas ao braço. Existem três mecanismos principais para essa associação.

Pressão do tumor

Um tumor localizado na parte externa da mama pode crescer a ponto de pressionar nervos e músculos que se estendem para o braço e a axila. Essa compressão pode causar uma dor constante, que piora com o movimento ou ao deitar de lado.

Comprometimento dos gânglios linfáticos

Os gânglios linfáticos (ou linfonodos) são pequenas estruturas do sistema imunológico. Os que ficam na axila são, muitas vezes, o primeiro lugar para onde o câncer de mama se espalha. Quando isso acontece, eles podem inchar e ficar doloridos, causando uma dor que irradia para o braço.

Metástase óssea

Em casos mais avançados, o câncer de mama pode se espalhar para os ossos, um processo chamado metástase. Se as células cancerígenas atingem os ossos do ombro, da clavícula ou do braço (úmero), podem causar dor intensa e fragilidade no local. Nesses casos, a dor no braço pode ser um sinal de câncer avançado, especialmente se o tumor se espalhou para o úmero, podendo, inclusive, causar fraturas.

Como diferenciar a dor no braço causada pelo câncer de outros problemas?

A grande maioria das dores no braço é causada por problemas ortopédicos ou musculares, como tendinite, bursite ou lesões por esforço. É fundamental que uma avaliação médica completa seja realizada para diferenciar a dor que se origina da mama de outras dores no corpo, pois a dor localizada apenas na mama raramente indica câncer. Diferenciar a origem da dor apenas pelo sintoma é desafiador, mas algumas características podem ajudar na suspeita. A avaliação médica, no entanto, é indispensável.

Característica da Dor

Dor associada ao câncer de mama (sugestivo)

Dor de causas musculares/articulares (comum)

 

Localização

Pode começar na axila ou na parte superior externa da mama e irradiar para o braço.

Geralmente localizada na articulação (ombro, cotovelo) ou ao longo de um músculo.

Tipo de dor

Constante, profunda, que não melhora com repouso. Pode ser acompanhada de formigamento ou inchaço.

Aguda, piora com movimentos específicos e melhora com repouso ou anti-inflamatórios.

Sintomas associados

Presença de nódulo na mama ou axila, alterações na pele (vermelhidão, aspecto de casca de laranja), secreção mamilar.

Geralmente associada a um esforço físico, movimento repetitivo ou trauma local.

Quais outros sintomas do câncer de mama podem acompanhar a dor no braço?

A dor no braço raramente aparece como um sintoma isolado do câncer de mama. Por isso, é fundamental estar atenta a outros sinais que podem ocorrer simultaneamente. Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), os principais sinais e sintomas são:

  • Nódulo (caroço): fixo, endurecido e geralmente indolor, presente na mama ou na axila.
  • Alterações na pele da mama: vermelhidão, retração (aspecto afundado) ou aparência de casca de laranja.
  • Mudanças no mamilo (bico do peito): alterações no formato ou saída espontânea de líquido.
  • Pequenos nódulos: na região do pescoço ou nas axilas.

A dor no braço pode surgir após o tratamento do câncer de mama?

Sim, é relativamente comum. Mulheres que passaram por cirurgia de mama para tratar câncer têm quase quatro vezes mais chances de sentir dor persistente na mama do que aquelas sem histórico da doença. Além disso, a dor prolongada no braço, axila ou mama pode afetar até 50% das mulheres após tratamentos de câncer de mama, sendo uma consequência e não um sintoma inicial da doença.

Após a cirurgia para retirada de um tumor ou dos gânglios linfáticos da axila, algumas mulheres podem desenvolver uma condição chamada linfedema. Ela ocorre pelo acúmulo de linfa (um fluido corporal), causando inchaço, sensação de peso e dor no braço do lado operado.

Adicionalmente, a própria cirurgia e a radioterapia podem causar dor neuropática (nos nervos) ou dor muscular residual. Dores musculares e nas articulações, incluindo nos braços, podem ser um efeito colateral comum de terapias hormonais utilizadas no tratamento do câncer de mama, como os inibidores de aromatase. O acompanhamento com fisioterapia e a equipe médica é essencial para manejar esses sintomas.

Quando devo procurar um médico por causa de dor no braço?

Qualquer sintoma persistente deve ser avaliado por um profissional. Você deve procurar um médico, preferencialmente um mastologista, se a dor no braço apresentar as seguintes características:

  • É persistente e não melhora com medidas simples, como repouso.
  • Vem acompanhada de qualquer outro sintoma na mama ou axila, como um caroço ou inchaço.
  • Piora progressivamente com o tempo.
  • Começa a limitar seus movimentos diários.

Como é feito o diagnóstico?

Ao procurar um especialista, ele iniciará a investigação com um exame clínico detalhado das mamas e axilas. Se houver qualquer suspeita, o médico poderá solicitar exames de imagem, como a mamografia, a ultrassonografia ou, em alguns casos, a ressonância magnética.

Caso seja identificada uma lesão suspeita, o diagnóstico definitivo é confirmado por meio de uma biópsia, na qual um pequeno fragmento de tecido é retirado para análise em laboratório. Somente esse exame pode confirmar ou descartar a presença de células cancerígenas.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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