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Câncer de mama após 70 anos: veja quais são os sintomas, diagnóstico e tratamento

A atenção ao próprio corpo é um cuidado que não tem idade. Conheça as particularidades do diagnóstico e da abordagem terapêutica nessa fase da vida.

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Ao se olhar no espelho ou durante o banho, uma mulher nota uma pequena alteração na pele da mama que não estava ali antes. O primeiro pensamento pode ser o de que é apenas um sinal da idade. 

Contudo, ignorar essa mudança pode adiar um diagnóstico importante, especialmente porque o câncer de mama se torna mais comum com o avançar dos anos. É fundamental reconhecer que, muitas vezes, as mulheres enfrentam desafios para obter um diagnóstico e tratamento eficazes e em tempo hábil, o que ressalta a importância de melhorar continuamente os cuidados.

O câncer de mama é comum em mulheres com mais de 70 anos?

Sim, a incidência do câncer de mama aumenta progressivamente com a idade. Segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA), o envelhecimento é um dos principais fatores de risco para a doença. Isso ocorre devido ao acúmulo de mutações nas células ao longo da vida e às alterações hormonais associadas.

Muitas mulheres acreditam que, após a menopausa, o risco diminui, mas a realidade é o oposto. A maioria dos casos de câncer de mama é diagnosticada em mulheres com mais de 50 anos, e a vigilância deve ser contínua. Por isso, a autoconsciência corporal e o acompanhamento médico regular são fundamentais em todas as fases da vida.

Quais são os sinais e sintomas mais frequentes nessa idade?

Embora um nódulo ou caroço seja o sinal mais conhecido, em mulheres mais velhas, os sintomas podem ser diferentes ou mais discretos. É preciso estar atenta a qualquer alteração, por menor que pareça. 

Os principais sinais incluem:

  • Alterações na pele da mama: enrugamento, endurecimento, vermelhidão ou aparência de "casca de laranja".
  • Mudanças no mamilo: inversão (quando o mamilo se volta para dentro), descamação ou saída de secreção, especialmente se for sanguinolenta.
  • Nódulo ou espessamento: um caroço na mama ou na região da axila, que pode ser indolor.
  • Alteração no tamanho ou formato: uma das mamas pode parecer visivelmente diferente da outra.
  • Dor persistente: embora menos comum, uma dor localizada que não desaparece pode ser um sinal de alerta.

Qualquer uma dessas alterações deve ser comunicada a um médico imediatamente. Não presuma que seja apenas "coisa da idade".

Como o diagnóstico é realizado em pacientes idosas?

O processo de diagnóstico em mulheres com mais de 70 anos segue os mesmos princípios aplicados a pacientes mais jovens, sempre com segurança e adaptado à condição de saúde individual. As etapas geralmente envolvem uma combinação de exames.

Exame clínico e anamnese

O primeiro passo é a consulta com um mastologista ou ginecologista. O médico fará o exame físico das mamas e axilas e perguntará sobre o histórico de saúde pessoal e familiar. Essa conversa ajuda a direcionar a investigação.

Exames de imagem

A mamografia continua sendo a principal ferramenta para detectar alterações suspeitas, mesmo as que não são palpáveis. Pode ser complementada pela ultrassonografia mamária, que ajuda a diferenciar cistos (conteúdo líquido) de nódulos sólidos e a guiar biópsias com precisão.

Biópsia

Se um exame de imagem apontar uma área suspeita, a biópsia é o único procedimento que confirma ou descarta a presença de câncer. Um pequeno fragmento de tecido é retirado da mama para análise em laboratório. O procedimento é simples, realizado com anestesia local e não requer internação.

A mamografia de rastreamento ainda é recomendada?

Essa é uma dúvida comum. As diretrizes sobre a idade limite para a mamografia de rastreamento (realizada em mulheres sem sintomas) podem variar. No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda o exame a cada dois anos para mulheres entre 50 e 69 anos. Acima dessa idade, a decisão deve ser individualizada.

É importante notar que, mesmo após os 70 anos e até os 74, a mamografia regular pode ser uma ferramenta valiosa para o diagnóstico do câncer de mama, auxiliando na sua detecção precoce. 

Um médico, preferencialmente um geriatra em conjunto com o mastologista, avaliará a expectativa de vida e as condições gerais de saúde da paciente para decidir se os benefícios do rastreamento superam os riscos. Para mulheres ativas e com boa saúde, a recomendação de continuar o acompanhamento é frequente.

Quais são as opções de tratamento disponíveis?

A idade, por si só, não deve ser um obstáculo para tratamentos ativos e inovadores contra o câncer de mama em mulheres idosas. A abordagem terapêutica é sempre personalizada, levando em conta o tipo de tumor, seu estágio e, crucialmente, a saúde geral da paciente, incluindo outras doenças que ela possa ter (comorbidades) e possíveis fragilidades. Assim, as decisões de tratamento são feitas de forma individualizada.

É essencial que mulheres idosas com câncer de mama, mesmo as que apresentam boa saúde geral, passem por avaliações geriátricas completas. Isso é crucial para garantir a segurança de tratamentos mais intensivos, como a imunoterapia, assegurando que o plano terapêutico seja adequado e eficaz para cada paciente.

Além disso, para garantir o melhor tratamento possível, é fundamental que os centros de câncer de mama tenham acesso a especialistas em oncologia geriátrica. Essa abordagem dedicada é essencial para as pacientes idosas, proporcionando um cuidado mais abrangente e adaptado às suas necessidades específicas.

As opções são diversas e podem ser usadas de forma isolada ou combinada.

Tipo de Tratamento

Descrição e Considerações para Idosas

 

Cirurgia

Pode variar de uma quadrantectomia (remoção de parte da mama) a uma mastectomia (remoção total). Procedimentos menos invasivos são priorizados para acelerar a recuperação.

Radioterapia

Usa radiação para destruir células cancerígenas remanescentes após a cirurgia. Esquemas de tratamento mais curtos (hipofracionamento) são frequentemente utilizados em idosas.

Hormonioterapia

É um tratamento muito comum, pois muitos tumores em idosas são sensíveis a hormônios. Consiste no uso de comprimidos para bloquear a ação hormonal que alimenta o tumor. Geralmente é bem tolerado.

Quimioterapia

A decisão de usar quimioterapia é mais criteriosa. Avalia-se o risco-benefício, pois seus efeitos colaterais podem ser mais intensos. Testes genômicos no tumor podem ajudar a definir sua real necessidade.

Por que o diagnóstico precoce continua sendo fundamental?

Diagnosticar o câncer de mama em seu estágio inicial é o fator mais importante para um tratamento de sucesso em qualquer idade. Para mulheres com mais de 70 anos, isso significa a possibilidade de terapias menos agressivas, com menor impacto na autonomia e na qualidade de vida.

Tratamentos mais simples permitem que a paciente mantenha suas rotinas, seu convívio social e sua independência. Adiar a busca por ajuda médica por medo do diagnóstico ou do tratamento pode levar a um quadro mais avançado, exigindo intervenções mais complexas e com maiores efeitos colaterais.

Cuidar da saúde das mamas é um ato de amor-próprio que não se aposenta. Ao notar qualquer mudança, não hesite. A informação e a ação rápida são suas maiores aliadas.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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