27/08/2025
Revisado em: 28/08/2025
Saiba tudo sobre esse importante exame que auxilia no diagnóstico de doenças intestinais e na prevenção de condições graves.
Você sente um desconforto persistente, mudanças no ritmo intestinal ou notou algo incomum em suas fezes? Se o seu médico solicitou uma biópsia do intestino, é natural ter dúvidas.
Este exame é uma ferramenta fundamental para entender o que está acontecendo no seu sistema digestório e auxiliar no diagnóstico preciso de diversas condições de saúde, desde inflamações até a detecção precoce de lesões importantes.
A biópsia do intestino é um procedimento médico que consiste na coleta de pequenas amostras de tecido do revestimento interno do intestino. Essas amostras são então enviadas a um laboratório de patologia, onde um médico patologista as examina detalhadamente sob um microscópio. O objetivo é identificar alterações que não podem ser vistas a olho nu durante o exame.
Este estudo minucioso permite diagnosticar diversas condições, como inflamações, infecções, doenças autoimunes, lesões pré-cancerígenas e tumores.
Além disso, a biópsia é crucial para identificar inflamações graves e raras, como a enteropatia em tufos congênitos (ETC) ou doenças inflamatórias intestinais que surgem precocemente na vida.
O exame também pode revelar problemas na formação de células importantes para a proteção intestinal, como as células caliciformes e de Paneth, cuja ausência pode enfraquecer a barreira física do intestino. A análise patológica é essencial para um diagnóstico preciso, que guiará o tratamento adequado.
A indicação para uma biópsia intestinal surge quando há suspeita de alguma alteração no intestino que necessita de uma investigação mais aprofundada.
Os sintomas que podem levar à solicitação do exame são variados e incluem:
Sim, é absolutamente normal e, muitas vezes, necessário que o médico realize biópsias durante uma colonoscopia ou endoscopia.
Mesmo que não haja uma lesão visivelmente suspeita, pequenas amostras podem ser coletadas de rotina em diferentes segmentos do intestino. Isso é feito para detectar condições microscópicas que não seriam notadas apenas pela visualização, como inflamações sutis ou alterações celulares que podem indicar risco futuro.
Em muitos casos, pólipos encontrados durante a colonoscopia são removidos e enviados para biópsia. Essa prática é crucial porque alguns pólipos podem se tornar cancerosos ao longo do tempo. A retirada e análise preventiva são importantes para evitar a progressão para câncer colorretal.
A biópsia do intestino geralmente é realizada como parte de um procedimento endoscópico, que permite ao médico visualizar o interior do trato gastrointestinal e coletar as amostras de forma segura. Os métodos mais comuns são a colonoscopia e a endoscopia digestiva alta.
A colonoscopia é o método mais frequente para coletar biópsias do intestino grosso (cólon) e da parte final do intestino delgado. Nela, um tubo fino e flexível com uma câmera na ponta (colonoscópio) é inserido pelo ânus e avança cuidadosamente, permitindo a visualização da mucosa intestinal.
Para a biópsia do intestino delgado superior ou estômago e esôfago, utiliza-se a endoscopia digestiva alta. O endoscópio, similar ao colonoscópio, é inserido pela boca. Em ambos os procedimentos, se o médico identificar áreas suspeitas, ele utiliza pequenas pinças que passam pelo canal do aparelho para coletar as amostras de tecido.
Existem diferentes técnicas de biópsia para coletar essas amostras. Estudos indicam que métodos como a "biópsia em forma de cunha" podem oferecer uma qualidade de amostra superior em comparação com técnicas que usam um "perfurador", que às vezes podem gerar imperfeições ou perder partes do tecido da mucosa. A escolha da técnica visa sempre obter o material mais representativo para análise.
Antes de iniciar a colonoscopia ou endoscopia, você receberá um sedativo ou anestesia leve para garantir seu conforto e relaxamento.
A maioria dos pacientes dorme durante o procedimento e não sente dor ou desconforto. O médico então insere o aparelho e, ao encontrar uma área que precise ser investigada, é realizada a biópsia.
As pinças de biópsia são instrumentos minúsculos que pegam pequenas porções de tecido, sem causar dor ou grandes lesões. As amostras são imediatamente colocadas em frascos com uma solução conservante e identificadas para serem enviadas ao laboratório.
Graças à sedação ou anestesia, a biópsia em si não causa dor durante o procedimento. O paciente não sente a coleta das amostras de tecido. Após o exame, é possível sentir um leve desconforto abdominal, inchaço ou gases devido ao ar introduzido durante o procedimento.
No entanto, essa sensação geralmente é passageira e desaparece em poucas horas ou um dia. Qualquer dor intensa ou persistente após o exame deve ser comunicada ao médico imediatamente.
O sucesso e a segurança da biópsia intestinal dependem muito de um preparo adequado. As orientações específicas serão fornecidas pelo seu médico, mas geralmente incluem:
Isso envolve a ingestão de laxantes específicos e grandes volumes de líquidos, conforme a orientação médica. Um preparo bem-feito garante que o médico tenha uma visualização clara da mucosa.
Medicamentos que afetam a coagulação do sangue (como aspirina, anticoagulantes) ou suplementos de ferro, por exemplo, podem precisar ser suspensos dias antes do exame para evitar complicações. Nunca suspenda medicação sem orientação médica.
Seguir rigorosamente as instruções de preparo é crucial. Um preparo inadequado pode levar ao cancelamento do exame ou à necessidade de repeti-lo, além de comprometer a qualidade do resultado.
Após a biópsia intestinal, alguns cuidados são importantes para garantir uma recuperação tranquila e segura. Embora seja um procedimento geralmente bem tolerado, a atenção aos sinais do corpo é fundamental.
Ao acordar da sedação, você pode se sentir sonolento, com leve tontura ou náuseas. É normal ter um pouco de inchaço ou cólicas leves devido ao ar que foi introduzido no intestino durante o exame.
Expelir gases pode ajudar a aliviar esse desconforto. Você deve permanecer na clínica ou hospital por um período de observação até que os efeitos da sedação diminuam e você esteja apto a ir para casa, sempre acompanhado por um adulto responsável.
Nas primeiras 24 horas após o procedimento, evite dirigir, operar máquinas perigosas ou tomar decisões importantes, devido aos efeitos residuais da sedação. É recomendado repouso.
Quanto à alimentação, geralmente é indicado começar com refeições leves e de fácil digestão, evitando alimentos gordurosos, condimentados ou que produzam muitos gases. Seu médico ou a equipe de enfermagem fornecerá orientações específicas sobre a dieta e o retorno gradual às atividades normais.
Embora as complicações sejam raras, é importante estar atento a qualquer sinal que possa indicar um problema.
Procure atendimento médico imediatamente se você apresentar:
Esses sintomas podem indicar uma complicação, como perfuração intestinal ou sangramento, e exigem avaliação médica urgente.
Após a coleta, as amostras de tecido são processadas e analisadas por um patologista. O tempo para a entrega do resultado pode variar, mas geralmente leva alguns dias úteis. A complexidade do caso e a necessidade de exames adicionais nas amostras podem estender esse prazo.
No laboratório, o patologista prepara as amostras, corta-as em fatias finíssimas e as cora para visualização sob o microscópio. Ele procurará por qualquer anormalidade, como inflamação, infecção, células pré-cancerígenas (displasia) ou células cancerígenas. O laudo da biópsia descreverá os achados e o diagnóstico.
O laudo da biópsia indicará câncer quando o patologista identificar a presença de células malignas nas amostras de tecido. A descrição detalhada no laudo informará o tipo de câncer, seu grau (quão agressivo ele parece ser) e outras características importantes.
É fundamental que o resultado seja discutido com o médico que solicitou o exame, pois ele é o profissional capacitado para interpretar o laudo em conjunto com seu histórico clínico e outros exames, explicando o diagnóstico e as próximas etapas do tratamento.
É importante ressaltar que nem toda biópsia indica câncer. Muitas vezes, o resultado revela condições benignas, como inflamações (colite, gastrite), pólipos benignos, ou doenças como a doença celíaca e doenças inflamatórias intestinais. Independentemente do resultado, a biópsia é crucial para direcionar o tratamento adequado e o acompanhamento necessário.
A biópsia do intestino é um procedimento de extrema importância diagnóstica, fundamental para a saúde intestinal. Ela permite que os médicos obtenham informações detalhadas sobre as condições que afetam o seu trato gastrointestinal, possibilitando um diagnóstico preciso e, consequentemente, o planejamento do tratamento mais eficaz.
Em casos de pólipos, a biópsia e a remoção durante a colonoscopia são passos cruciais na prevenção do câncer colorretal. Portanto, se você foi indicado para realizar uma biópsia intestinal, siga todas as orientações do seu médico e não hesite em tirar suas dúvidas. Cuidar da sua saúde intestinal é cuidar da sua qualidade de vida.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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