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Ascite é grave? Entenda os riscos por trás da doença da barriga d'água

A ascite, popularmente chamada de barriga d’água, é mais do que um inchaço abdominal: é um sinal de alerta do corpo.

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Começa de forma sutil. A calça que antes servia bem agora aperta na cintura. O abdômen parece mais estufado, mesmo sem excessos na alimentação. Com o passar dos dias, o inchaço aumenta, trazendo desconforto e uma sensação de peso. 

Essa condição, conhecida clinicamente como ascite, é um sinal importante que o corpo emite e que nunca deve ser ignorado. Procure um especialista.

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O que exatamente é a ascite?

Ascite, também conhecida como barriga d'água, não é uma doença em si, mas sim a manifestação de um problema de saúde subjacente. Ela é caracterizada pelo acúmulo excessivo de um líquido rico em proteínas na cavidade peritoneal, o espaço que envolve os órgãos do abdômen.

Em condições normais, existe uma pequena quantidade de líquido nessa cavidade para lubrificar os órgãos. No entanto, quando algum mecanismo do corpo falha, esse volume pode aumentar drasticamente, causando a distensão abdominal visível.

Por que a ascite acontece?

O surgimento da ascite está quase sempre ligado a condições médicas sérias que afetam a regulação de fluidos no corpo. A causa mais comum, responsável por cerca de 80% dos casos, é a cirrose hepática.

Quando o fígado está severamente danificado, como na cirrose, a pressão nas veias que levam sangue para ele aumenta. 

Esse quadro, chamado de hipertensão portal, combinado a uma menor produção de albumina (uma proteína que ajuda a manter o líquido nos vasos sanguíneos), faz com que o plasma "vaze" para a cavidade abdominal.

Além da cirrose, outras condições podem levar à ascite. 

Entre elas, destacam-se:

  • Insuficiência cardíaca congestiva: o coração não bombeia sangue eficientemente, causando um "represamento" de líquido no corpo.
  • Doenças renais: como a síndrome nefrótica, que leva à perda de grandes quantidades de proteína pela urina.
  • Câncer: tumores no peritônio, fígado, pâncreas ou ovários podem produzir líquido ou obstruir a drenagem linfática.
  • Infecções: a tuberculose peritoneal, embora mais rara, também pode ser uma causa.

Quais são os sinais e sintomas associados?

O principal sinal é o aumento progressivo do abdômen. Contudo, dependendo do volume de líquido acumulado, outros sintomas podem surgir e indicar a gravidade do quadro.

Sintoma

Descrição

 

Inchaço e ganho de peso rápido

Aumento visível da circunferência abdominal e peso na balança sem motivo aparente.

Sensação de peso e pressão

Desconforto abdominal, sensação de "estufamento" e dor leve.

Falta de ar (dispneia)

O excesso de líquido pressiona o diafragma, dificultando a expansão completa dos pulmões.

Azia e indigestão

O estômago é comprimido, o que pode causar refluxo e diminuição do apetite.

Inchaço nas pernas e tornozelos

A retenção de líquidos pode se manifestar em outras partes do corpo.

É fundamental procurar um médico se você notar um aumento abdominal inexplicado, especialmente se acompanhado por falta de ar ou dor.

Afinal, a ascite é grave?

Sim, a ascite é considerada uma condição grave. A sua presença indica que uma doença subjacente, geralmente crônica, atingiu um estágio avançado. O prognóstico de um paciente com ascite depende diretamente da causa primária e da resposta ao tratamento.

Por exemplo, em pacientes com cirrose, o desenvolvimento de ascite é um marco que sinaliza uma piora da função hepática. Dados indicam que cerca de 20% dos pacientes com cirrose que desenvolvem ascite podem vir a óbito no primeiro ano após o diagnóstico. Isso mostra a seriedade da condição e a importância do tratamento adequado.

Quando a ascite é causada por um câncer avançado, conhecida como ascite maligna, o cenário é ainda mais complexo e grave. Ela não é apenas um sintoma incômodo, mas um sinal claro de que a doença está progredindo, estando associada a um pior prognóstico e à redução da expectativa de vida do paciente. 

Essa condição cria um microambiente ativo que pode estimular as células cancerosas, tornando-as mais resistentes aos tratamentos de quimioterapia. O líquido acumulado na ascite maligna pode também inibir o sistema imunológico, por exemplo, suprimindo a capacidade das células de defesa (como as células Natural Killer) de combater o tumor, o que contribui para a menor sobrevivência do paciente.

Quais são as principais complicações?

O acúmulo de líquido abdominal não é apenas desconfortável; ele cria um ambiente propício para problemas sérios, que necessitam de atenção médica imediata.

  • Peritonite Bacteriana Espontânea (PBE): é a complicação mais temida. O líquido ascítico pode ser contaminado por bactérias, causando uma infecção grave e potencialmente fatal. Sintomas como febre, dor abdominal intensa e confusão mental são sinais de alerta.
  • Hérnias: o aumento da pressão dentro do abdômen pode favorecer o surgimento de hérnias umbilicais ou inguinais.
  • Síndrome hepatorrenal: uma complicação gravíssima em que a insuficiência hepática avançada leva a uma rápida deterioração da função renal.
  • Desnutrição: a pressão no estômago e a sensação de saciedade precoce dificultam a alimentação adequada, agravando o estado nutricional do paciente.

Como é feito o diagnóstico e o tratamento?

O diagnóstico da ascite geralmente começa com o exame físico. O médico pode confirmar a presença de líquido através de técnicas de percussão no abdômen. Exames de imagem, como a ultrassonografia, são essenciais para visualizar o volume de líquido e avaliar os órgãos internos, como o fígado.

Para determinar a causa, é comum a realização de uma paracentese diagnóstica. Neste procedimento, uma pequena amostra do líquido ascítico é retirada com uma agulha fina e enviada para análise laboratorial. O exame ajuda a diferenciar as causas e a identificar a presença de infecção ou células cancerígenas.

O tratamento da ascite tem dois pilares principais:

  1. Controlar o acúmulo de líquido: isso é feito principalmente com a restrição de sódio (sal) na dieta e o uso de medicamentos diuréticos, que ajudam os rins a eliminar o excesso de líquido e sódio do corpo.
  2. Tratar a causa base: este é o ponto mais importante. Seja controlando a insuficiência cardíaca, tratando a doença hepática ou iniciando a terapia oncológica, abordar a origem do problema é fundamental para o controle da ascite a longo prazo.

Em casos de grande volume de líquido ou quando o tratamento com diuréticos não é eficaz, pode ser necessária a paracentese terapêutica, que consiste na remoção de vários litros de líquido para aliviar os sintomas.

A mensagem central é clara: a ascite é um sinal de alerta que não pode ser subestimado. Ela reflete um desequilíbrio significativo no organismo e exige investigação médica imediata para identificar e tratar sua causa, prevenindo complicações que colocam a vida em risco.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

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ZHENG, X. et al. Single-cell analyses implicate ascites in remodeling the ecosystems of primary and metastatic tumors in ovarian cancer. Nature Cancer, 2023. Disponível: https://www.nature.com/articles/s43018-023-00599-8. Acesso em: 08 dez. 2025.

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