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Alterações na mama: guia para reconhecer o que precisa de avaliação médica

Se você já sentiu um caroço antes da menstruação ou notou o seio inchado após mudar de anticoncepcional, sabe como pequenas mudanças causam grande preocupação.

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Você está no banho, passa o sabonete pela mama e sente um caroço novo. O coração acelera, a mente cria mil cenários. Essa situação é comum e, na maioria das vezes, não indica câncer. Aproximadamente 8 a 9 em cada 10 nódulos mamários detectados pela mulher são benignos, segundo dados do Instituto Nacional de Câncer (Inca).

Entender as diferentes alterações na mama reduz ansiedade e garante que você procure ajuda só quando realmente é necessário. É crucial observar e relatar qualquer sintoma ou alteração no corpo, pois a percepção do paciente é fundamental na avaliação da saúde e da doença. Por isso, sempre informe seu médico sobre qualquer mudança, pois sintomas não diretamente questionados podem ser subnotificados, dificultando o diagnóstico e tratamento adequado.

Por que as mamas mudam ao longo do mês e da vida?

O tecido mamário é altamente sensível a estrógeno e progesterona. Por isso, inchaço, sensibilidade ou pequenos nódulos podem surgir na segunda metade do ciclo e desaparecer com a menstruação. Gravidez, amamentação, anticoncepcionais, reposição hormonal e menopausa provocam o mesmo efeito: modificam densidade, tamanho e textura das mamas. Essas variações fisiológicas são normais e, em geral, bilaterais e dolorosos.

Quais são as principais alterações na mama que podem assustar?

Existem algumas alterações que podem gerar desconforto ou até mesmo apreensão. Listamos algumas delas para que você entenda quais são e quando buscar atendimento médico.

Nódulos e áreas de “caroço”

Caroço é o sintoma mais reportado. Pode ser: - Cisto: bolsa de líquido, comum entre 35 e 50 anos, que some ou diminui depois da menstruação. - Fibroadenoma: tumor benigno de consistência firme, delimitado e móvel, frequente até 30 anos. - Lipoma: gordura localizada, mole e deslizante. - Câncer: geralmente duro, irregular, fixo ao plano profundo e indolor.

Tabela comparativa rápida:

Característica

Cistos/Fibroadenomas

Câncer

 

Dor

Comum

Raro

Delimitação

Bem definido

Impreciso

Mobilidade

Desliza sob a pele

Parece “colado”

Crescimento

Rápido, depois estabiliza

Progressivo e contínuo

Dor ou mastalgia

Dor cíclica aparece 7–10 dias antes da menstruação e melhora com o sangramento. Dor acíclica, focal ou unilateral pode indicar cisto, trauma muscular ou, raramente, tumor. Use sutiã com boa sustentação, diminua cafeína e gordura da dieta. Se a dor persistir mais de dois ciclos ou intensificar, encaminhe-se ao mastologista.

Secreção pelo mamilo

Manchas na calcinha ou na camiseta são preocupantes quando: - surgem espontaneamente, sem apertar; - vêm de apenas um mamilo; - são claras com sangue, verduras ou marrom escuro; - aparecem após 40 anos.

Secreção leitosa bilateral, provocada ao apertar, costuma ser só efeito de medicamentos ou mudanças hormonais.

Mudanças na pele e no mamilo

Fique atenta à pele de casca de laranja, vermelhidão persistente, retrações, sulcos ou eczema localizado na aréola. Esses sinais, especialmente quando únicos, indicam necessidade de exame de imagem e, por vezes, biopsia.

Como fazer a autoexploração correta?

  • Escolha o mesmo dia do ciclo todo mês (7º ao 10º dia após menstruação começar).
  • De frente ao espelho: observe formato, sulcos, coloração e mamilos com braços abaixados e depois erguidos.
  • Com a mão contrária: use a ponta dos dedos para mover em espiral ou por quadrantes, pressionando leve contra o tórax.
  • Repare na axila e na região supraclavicular.
  • Deite com uma almofada sob o ombro do lado que vai examinar; repita movimento.
  • Anote alterações que persistirem ≥ 4 semanas.

Quando o médico deve ser consultado de imediato?

Procure um mastologista se:

  • nódulo novo persiste depois da menstruação;
  • mama ou axila ficam com inchaço ou nódulo duro único;
  • pele adentra ou mamilo secreta, incham ou retraem;
  • dor é constante, localizada e interfere no sono;
  • houve alteração súbita de formato ou tamanho único.

Além das mudanças físicas na mama, é importante considerar o impacto geral na saúde. Alterações como cansaço extremo, problemas para dormir, ansiedade e depressão são muito comuns em mulheres com câncer de mama, podendo surgir antes, durante ou depois do tratamento. A fadiga, por exemplo, é um sintoma persistente que pode se intensificar após o diagnóstico e o tratamento, e prolongar-se por anos. Relatar todos os sintomas ao seu médico é crucial para um cuidado abrangente.

Há histórico familiar de câncer de mama ou ovário? Avise o médico; protocolos de rastreamento podem iniciar mais cedo.

Quais exames são solicitados?

Consulta inicial inclui anamnese, inspeção e palpação. Dependendo da idade, o médico solicita ultrassom (até 40 anos) ou mamografia (a partir de 40). Em áreas suspeitas, pode acrescentar ressonância magnética ou punção biopsia com agulha fina. Os exames são rápidos, ambulatoriais e definem se o nódulo deve ser acompanhado ou retirado.

É possível prevenir alterações graves?

Prevenção primária envolve peso adequado, atividade física regular, alimentação rica em vegetais e grãos, consumo moderado de álcool e evitar tabagismo. Atenção extra se você usou anticonceptivo por mais de 10 anos ou fez reposição hormonal associada a estrogênio e progestagênio após menopausa. Para mulheres de risco hereditário alto, profilaxia com tamoxifeno ou cirurgia (mastectomia) pode ser discutido em centros especializados.

Onde buscar ajuda no SUS e na rede particular?

No SUS existe o Programa Viva Mama, com mamografias gratuitas para 50–69 anos a cada dois anos. Unidades de saúde da família encaminham mastologista, e ambulatórios de referência oferecem ultrassom e biópsia. Na rede particular, convênios cobrem consulta, imagem e procedimentos conforme plano. Marque a avaliação o quanto antes; não espere sintoma evoluir.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

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