Revisado em: 17/12/2025
Resuma este artigo com IA:
Entender a origem do desconforto gástrico é o primeiro passo para o tratamento adequado. Saiba diferenciar as formas da doença

Aquela sensação de queimação no estômago depois de uma refeição, que aos poucos se torna uma companhia constante, não deve ser ignorada. Muitas vezes tratada como um simples "mal-estar", ela pode ser um sinal de gastrite, uma condição que exige atenção e diagnóstico correto para evitar complicações.
Por isso o acompanhamento médico é necessário para que o diagnóstico seja realizado de maneira precoce.
A gastrite é uma inflamação do revestimento interno do estômago, conhecido como mucosa gástrica. Essa camada protetora é responsável por defender o órgão da acidez do suco gástrico, essencial para a digestão dos alimentos.
Quando essa barreira fica enfraquecida ou danificada, a mucosa inflama, gerando os sintomas clássicos. Os mais comuns incluem:
É importante destacar que a intensidade dos sintomas nem sempre corresponde à gravidade da inflamação. Algumas pessoas podem ter gastrite crônica com poucos ou nenhuns sintomas.
A gastrite pode ser classificada de diferentes maneiras, seja pela sua duração, pela causa subjacente ou pelas características observadas durante um exame de endoscopia. Compreender essas divisões ajuda a direcionar o tratamento mais eficaz.
A principal forma de classificar a gastrite é pelo tempo de evolução do quadro inflamatório. As diferenças são cruciais para o manejo clínico.
A classificação aguda ou crônica é definida principalmente pela duração dos sintomas. Se a inflamação surgir de forma repentina e durar menos de um mês, é considerada aguda. Contudo, se for gradual e persistir por mais de um mês, é classificada como crônica.
Além da duração, a gastrite é frequentemente nomeada pela sua causa ou pelo aspecto da lesão na mucosa gástrica. Conhecer esses subtipos é fundamental.
Causada pela bactéria Helicobacter pylori, é a forma mais comum de gastrite crônica no mundo. Essa bactéria consegue sobreviver no ambiente ácido do estômago, enfraquecendo a barreira de proteção da mucosa e causando inflamação persistente.
A inflamação inicial causada pela bactéria H. pylori geralmente começa de forma não atrófica, focada principalmente na parte inferior do estômago, conhecida como antro. Com o tempo, essa condição pode evoluir para a gastrite atrófica, uma forma pré-maligna caracterizada pela perda das células que produzem ácido na parte superior do estômago, ou corpo gástrico.
A gastrite reativa é uma forma comum de inflamação observada em exames de biópsia, representando cerca de 45,9% dos casos. Este tipo geralmente afeta a porção final do estômago, o antro, e sua causa não está ligada à infecção pela bactéria H. pylori.
Essa classificação descreve o dano na mucosa. Na gastrite erosiva, ocorrem perdas de tecido, formando pequenas feridas (erosões) que podem sangrar. Já na não erosiva, há inflamação sem a formação dessas lesões, sendo a gastrite por H. pylori um exemplo comum.
Neste tipo, o sistema imunológico do próprio corpo ataca as células do estômago por engano. Essa agressão leva a uma gastrite crônica atrófica, na qual a mucosa se torna mais fina, podendo afetar a absorção de vitamina B12 e causar anemia perniciosa.
O termo "enantematosa" ou "eritematosa" é uma descrição do que o médico vê na endoscopia. Significa que a mucosa do estômago está avermelhada e inchada devido à inflamação, mas sem necessariamente apresentar erosões. É um achado comum e pode estar presente em vários tipos de gastrite.
Uma forma mais rara, associada a reações alérgicas. Ocorre quando um tipo de célula de defesa, o eosinófilo, se acumula na parede do estômago, causando inflamação. Geralmente está ligada a outras condições alérgicas, como asma ou alergias alimentares.
O termo "gastrite nervosa" é popular, mas clinicamente impreciso. Na maioria das vezes, ele se refere à dispepsia funcional. Nessa condição, o paciente sente todos os sintomas de gastrite, como queimação e dor, especialmente em períodos de estresse ou ansiedade.
Contudo, ao realizar a endoscopia, não se encontra inflamação ou lesão na mucosa gástrica. Os sintomas são reais e causados por uma alteração na motilidade e na sensibilidade do estômago, fortemente influenciada por fatores emocionais, mas não se trata de uma gastrite inflamatória clássica.
O diagnóstico correto é um processo que vai além da simples escuta dos sintomas. Embora a história clínica do paciente seja um guia importante, a confirmação e a classificação do tipo de gastrite dependem de exames específicos.
Além disso, nem toda inflamação é visível em uma endoscopia tradicional. Tipos como a gastrite relacionada à imunidade, por exemplo, podem exigir exames adicionais, como o PET-CT, para um diagnóstico correto em até 20% dos casos.
É importante ressaltar que a endoscopia com luz branca, por si só, pode não ser totalmente confiável para diagnosticar as gastrites mais graves, como atrofia gástrica e metaplasia intestinal. Nesses casos, a biópsia se torna essencial para uma confirmação precisa do diagnóstico.
Sintomas gástricos persistentes nunca devem ser normalizados. É fundamental procurar um gastroenterologista se você apresentar:
A automedicação pode mascarar os sintomas e atrasar o diagnóstico de condições mais sérias. Apenas um profissional pode investigar a causa do problema e indicar o tratamento adequado para o seu tipo de gastrite.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
FEYISA, Z. T.; WOLDEAMANUEL, B. T. Prevalence and associated risk factors of gastritis among patients visiting Saint Paul Hospital Millennium Medical College, Addis Ababa, Ethiopia. PLoS ONE, 9 fev. 2021. DOI: https://doi.org/10.1371/journal.pone.0246619. Disponível em: https://journals.plos.org/plosone/article?id=10.1371/journal.pone.0246619. Acesso em: 12 dez. 2025.
KANG, S. J. et al. Clinical practice guideline for gastritis in Korea. Journal of Korean Medical Science, v. 38, n. e115, 28 mar. 2023. DOI: https://doi.org/10.3346/jkms.2023.38.e115. Disponível em: https://jkms.org/DOIx.php?id=10.3346/jkms.2023.38.e115. Acesso em: 12 dez. 2025.
SHUMAN, J. H. B. et al. Remodeling of the gastric environment in H. pylori-induced atrophic gastritis. mSystems, [S. l.], 2024. DOI: https://doi.org/10.1128/msystems.01098-23. Disponível em: https://journals.asm.org/doi/10.1128/msystems.01098-23. Acesso em: 12 dez. 2025.
SU, F. et al. A systematic review of gastritis as an immune-related adverse event in clinical interventions. Human Vaccines & Immunotherapeutics, 2024. DOI: https://doi.org/10.1080/21645515.2024.2408852. Disponível em: https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/21645515.2024.2408852. Acesso em: 12 dez. 2025.
ZUZEK, R. et al. Prevalence of histological gastritis in a community population and association with epigastric pain. Digestive Diseases and Sciences, 2023. DOI: https://doi.org/10.1007/s10620-023-08170-2. Disponível em: https://link.springer.com/article/10.1007/s10620-023-08170-2. Acesso em: 12 dez. 2025.
POPULARES EM DOENÇAS
Os conteúdos mais buscados sobre Doenças
Entenda por que a diarreia com sangue é um sinal de alerta, suas possíveis causas (de infecções a condições graves) e os sintomas que exigem atenção médica imediata
Leia maisEntenda o que é a discopatia degenerativa cervical, suas causas e como os tratamentos estão evoluindo para além do alívio dos sintomas
Leia maisConheça os principais tipos de gastrite, da aguda à crônica, passando pela nervosa e autoimune. Entenda os sintomas, causas e como é feito o diagnóstico
Leia mais