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Teste de fertilidade feminino: como funciona, quais exames fazer e porquê

Entenda a diferença entre os testes de ovulação de farmácia e os exames clínicos que avaliam a saúde reprodutiva completa.

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A decisão de tentar engravidar traz uma mistura de expectativa e muitas dúvidas. Uma das primeiras ferramentas que surge nesse caminho é o teste de fertilidade feminino, encontrado facilmente nas farmácias. Ele é um passo inicial importante, mas a jornada para entender a fertilidade pode ser mais complexa.

Como funcionam o teste de fertilidade feminino de farmácia?

Os testes de fertilidade vendidos em farmácias são, na verdade, testes de ovulação. O objetivo deles é identificar o pico de um hormônio específico na urina: o hormônio luteinizante, mais conhecido como LH. Este hormônio é o gatilho que comanda o ovário a liberar um óvulo.

Esse pico de LH geralmente ocorre de 24 a 48 horas antes da ovulação. Ao detectar essa alta, o teste indica que você está entrando no seu período mais fértil. A utilização é simples e se assemelha a um teste de gravidez:

  • A coleta de uma amostra de urina;
  • A inserção da tira reagente no recipiente;
  • A espera de alguns minutos pelo resultado.

Uma linha de teste com cor igual ou mais forte que a linha de controle sinaliza um resultado positivo, indicando alta probabilidade de ovulação em breve. Contudo, é fundamental saber que este teste confirma apenas o pico hormonal, e não a ovulação em si ou a qualidade dos óvulos. 

Procurar ajuda profissional é muito importante nessa jornada. Conte o time de profissionais da Rede Américas.

Quando os testes caseiros não são suficientes?

Os testes de ovulação são uma excelente ferramenta para mulheres com ciclos regulares que desejam otimizar as tentativas de concepção. No entanto, eles possuem limitações e podem não ser suficientes em diversas situações.

Se você tem utilizado os testes corretamente por vários meses, identificado o pico de LH e, mesmo assim, a gravidez não ocorre, pode ser um sinal de que outros fatores precisam ser investigados. 

Para mulheres com ciclos menstruais muito irregulares, pode ser difícil determinar o momento certo para começar a testar, levando a resultados imprecisos.

Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), por exemplo, é uma das principais causas de infertilidade em mulheres, sendo responsável pelas maiores taxas globais de novos casos de infertilidade. Afeta tanto mulheres que nunca engravidaram (infertilidade primária) quanto aquelas que já tiveram gestações (infertilidade secundária).

Quais exames médicos avaliam a fertilidade feminina?

Quando a investigação precisa ir além, um ginecologista ou especialista em reprodução humana pode solicitar uma série de exames para uma avaliação completa da saúde reprodutiva. Eles são divididos em categorias para analisar diferentes aspectos da fertilidade.

Avaliação da reserva ovariana

A reserva ovariana se refere à quantidade e, indiretamente, à qualidade dos óvulos disponíveis. Para medi-la, os exames mais comuns são:

  • Dosagem do Hormônio Anti-Mülleriano (AMH): realizado por exame de sangue, é um dos marcadores mais confiáveis da reserva ovariana.
  • Contagem de folículos antrais: feita por meio de uma ultrassonografia transvaginal no início do ciclo, conta os pequenos folículos visíveis nos ovários.
  • Dosagem de FSH e Estradiol: também via exame de sangue, medidos no início do ciclo menstrual, esses hormônios dão pistas sobre como os ovários estão respondendo aos sinais do cérebro.

Análise da ovulação e ciclo hormonal

Para confirmar se a ovulação de fato ocorre e se a fase lútea (pós-ovulação) é adequada para a implantação do embrião, o médico pode pedir:

  • Dosagem de progesterona: um nível elevado deste hormônio no sangue, medido cerca de uma semana após a provável ovulação, é um forte indicativo de que um óvulo foi liberado.
  • Ultrassonografias seriadas: o acompanhamento do crescimento de um folículo ovariano por ultrassom ao longo de vários dias pode confirmar a ovulação de forma visual.

Verificação da saúde uterina e das trompas

Para que a gravidez aconteça, o caminho que o espermatozóide percorre até o óvulo e que o embrião faz até o útero deve estar livre. Exames de imagem são essenciais para isso:

  • Histerossalpingografia (HSG): é um exame de raio-X com contraste que permite visualizar o interior da cavidade uterina e verificar se as trompas (tubas uterinas) estão abertas e sem obstruções.
  • Ultrassonografia transvaginal: avalia a anatomia do útero e dos ovários, podendo identificar miomas, pólipos, cistos ou sinais de endometriose que possam interferir na fertilidade.

Tipo de Avaliação

Exame Principal

O que Investiga

 

Reserva Ovariana

Dosagem de AMH, Contagem de Folículos Antrais

Quantidade de óvulos disponíveis

Ovulação

Dosagem de Progesterona, Ultrassom seriado

Confirmação da liberação do óvulo

Estrutura Anatômica

Histerossalpingografia, Ultrassonografia

Saúde do útero e permeabilidade das trompas

É importante lembrar que, em alguns casos, mesmo após todos esses exames estarem normais, a gravidez não acontece. Essa condição é conhecida como infertilidade sem causa aparente ou inexplicada. 

O diagnóstico de infertilidade inexplicada é dado por exclusão, ou seja, quando os testes de ovulação, a permeabilidade das trompas e a análise do sêmen do parceiro não mostram alterações.

Quais sinais podem indicar a necessidade de uma avaliação mais aprofundada?

É importante estar atenta a alguns sinais que justificam uma consulta com um especialista para uma investigação detalhada da fertilidade. Além dos pontos tradicionais, fatores metabólicos também são importantes.

Mulheres com obesidade abdominal que tentam engravidar, por exemplo, devem realizar exames como a Hemoglobina Glicada (HbA1c) e Triglicerídeos, pois esses marcadores estão associados a um maior risco de infertilidade. Da mesma forma, um aumento no colesterol LDL, conhecido como "colesterol ruim", também tem sido ligado a um risco elevado de infertilidade feminina.

A recomendação geral é procurar ajuda se:

  • A mulher tiver menos de 35 anos e estiver tentando engravidar há 12 meses sem sucesso;
  • A mulher tiver 35 anos ou mais e estiver tentando engravidar há 6 meses sem sucesso;
  • Houver ciclos menstruais muito irregulares, muito curtos (menos de 21 dias) ou muito longos (mais de 35 dias);
  • Existir um histórico de doenças como endometriose, doença inflamatória pélvica ou cirurgias pélvicas anteriores;
  • Ocorrerem abortos de repetição.

A jornada da fertilidade é única para cada pessoa. Começar com testes de ovulação é um passo válido, mas entender quando buscar uma avaliação médica completa é fundamental. 

Identificar precocemente os fatores de risco, realizar uma avaliação completa e obter um diagnóstico eficaz são passos essenciais para a medicina reprodutiva, visando enfrentar o desafio global da infertilidade. Um especialista poderá interpretar os resultados, solicitar os exames corretos e traçar o melhor plano para alcançar o sonho da maternidade com segurança e informação.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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