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Sonambulismo infantil: o que é, por que acontece e como agir com segurança

Um guia para pais entenderem por que o sonambulismo acontece, como garantir a segurança da criança e quando buscar ajuda profissional

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É madrugada e um barulho baixo vindo do corredor chama sua atenção. Ao verificar, você encontra seu filho de pé, com os olhos abertos e um olhar vago, andando pela casa como se estivesse acordado. Essa cena, embora assustadora para muitos pais, descreve um episódio típico de sonambulismo infantil.

Este comportamento é muito mais comum na infância do que na vida adulta, afetando cerca de 5% das crianças anualmente. Essa estatística divulgada em um artigo da PLoS ONE, em 2016, caracteriza como uma ocorrência frequente e, muitas vezes, uma fase transitória na vida dos pequenos. 

Segundo estudo publicado na Western Journal of Emergency Medicine, em 2016, cerca de 15% das crianças entre 2,5 e 6 anos de idade experimentam pelo menos um episódio de sonambulismo. O fenômeno ocorre, em geral, entre uma e três horas após adormecer, durante o período de sono profundo.

Entender o que acontece no cérebro infantil durante esses episódios é o primeiro passo para lidar com a situação de forma tranquila e segura. Procure orientação profissional.

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O que é o sonambulismo infantil e por que acontece?

O sonambulismo é um tipo de distúrbio do sono conhecido tecnicamente como parassonia. As parassonias são comportamentos anormais que ocorrem durante o sono. No caso do sonambulismo, ele se manifesta durante o estágio mais profundo do descanso, conhecido como sono não-REM (movimento não rápido dos olhos).

Isso acontece porque o cérebro da criança ainda está amadurecendo. O mecanismo que nos mantém paralisados durante o sono profundo ainda não funciona perfeitamente. Assim, uma parte do cérebro está dormindo, mas a parte responsável pelos movimentos motores é ativada, fazendo com que a criança realize atividades sem ter consciência.

Sinais e sintomas comuns

Durante um episódio, a criança pode não apenas andar. Outros sinais incluem:

  • Sentar-se na cama com os olhos abertos;
  • Ter um olhar vago ou "vidrado";
  • Falar frases desconexas ou resmungar;
  • Realizar tarefas rotineiras, como tentar abrir uma porta;
  • Não reconhecer os pais ou outras pessoas;
  • Não se lembrar de nada no dia seguinte.

Os episódios geralmente duram de poucos segundos a cerca de 30 minutos e terminam com a criança voltando para a cama ou acordando confusa.

Quais são as principais causas e gatilhos?

O sonambulismo infantil não costuma ter uma causa única, mas sim uma combinação de predisposição e gatilhos. Fatores genéticos são muito relevantes; se um ou ambos os pais foram sonâmbulos na infância, a chance de o filho também ser aumenta consideravelmente.

Além da herança familiar, alguns fatores podem desencadear os episódios:

  • Privação de sono: cansaço extremo ou uma rotina de sono irregular são os gatilhos mais comuns.
  • Febre: o aumento da temperatura corporal pode alterar os padrões de sono.
  • Estresse ou ansiedade: mudanças na rotina, como o início da escola ou conflitos familiares, podem influenciar.
  • Bexiga cheia: a necessidade de urinar pode causar um despertar parcial que leva ao sonambulismo.
  • Apneia obstrutiva do sono: em alguns casos, dificuldades respiratórias durante o sono podem estar associadas.
  • Síndromes neuropsiquiátricas: distúrbios do sono, incluindo o sonambulismo e terrores noturnos, são queixas muito comuns, relatadas em até 80% dos casos, em crianças com as síndromes PANS (Síndrome Neuropsiquiátrica de Início Agudo Pediátrica) e PANDAS (Transtorno Neuropsiquiátrico Autoimune Pediátrico Associado a Estreptococos). Essas síndromes são agudas e podem ser desencadeadas por infecções. Tudo isso de acordo com a frontier immunology, em trabalho publicado no ano de 2024.
  • Medicamentos: alguns medicamentos, como os sais mistos de anfetamina, usados no tratamento do Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH), podem ser uma causa a ser considerada por pais e médicos quando o sonambulismo infantil aparece ou piora.

O sonambulismo infantil é perigoso?

O sonambulismo em si não é uma condição perigosa do ponto de vista neurológico. O verdadeiro risco está na possibilidade de acidentes, já que a criança não tem noção do perigo ao seu redor. Quedas de escadas, tropeços em objetos ou até mesmo sair de casa são as maiores preocupações.

Portanto, o foco principal dos pais deve ser a criação de um ambiente seguro para prevenir qualquer tipo de acidente durante a noite.

Medidas de segurança para prevenir acidentes

Para proteger uma criança sonâmbula, adote as seguintes medidas de segurança no ambiente:

  • Tranque portas e janelas que dão para a rua;
  • Instale portões de segurança no topo e na base de escadas;
  • Retire objetos e brinquedos espalhados pelo chão para evitar tropeços;
  • Evite beliches; se for o caso, a criança deve dormir na cama de baixo;
  • Guarde objetos pontiagudos ou frágeis em locais de difícil acesso;
  • Considere colocar um sino na porta do quarto da criança para alertar os pais sobre seus movimentos.

Como agir durante um episódio de sonambulismo?

Encontrar seu filho no meio de um episódio pode ser desconcertante. A reação instintiva de muitos pais é tentar acordá-lo, mas essa não é a melhor abordagem. Tentar despertar a criança pode causar confusão, agitação e até agressividade, prolongando o episódio.

A conduta correta é manter a calma e focar na segurança. A tabela abaixo resume o que fazer e o que evitar.

O que fazer (Recomendado)

O que não fazer (Evitar)

 

Falar com calma e em tom de voz baixo.

Gritar ou fazer barulhos altos.

Conduzir a criança gentilmente de volta para a cama.

Tentar acordá-la de forma brusca (sacudir ou chacoalhar).

Garantir que o caminho de volta ao quarto esteja livre.

Questionar a criança sobre o que ela está fazendo.

Permanecer por perto até que ela volte a dormir tranquilamente.

Segurar a criança com força, a menos que haja risco iminente.

Qual a diferença entre sonambulismo e terror noturno?

Muitos pais confundem o sonambulismo com outro distúrbio do sono comum na infância: o terror noturno. Embora ambos ocorram na fase de sono profundo, suas manifestações são bem diferentes.

Característica

Sonambulismo

Terror Noturno

 

Comportamento

Calmo, motor (andar, sentar). A criança parece estar "em uma missão".

Agitado, com gritos, choro intenso, sudorese e medo aparente.

Interação

Não interage ou responde de forma desconexa. Olhar vago.

Pode parecer inconsolável, não reconhece os pais e pode resistir ao toque.

Memória

A criança não se lembra de nada no dia seguinte.

A criança também não se lembra do episódio (diferente do pesadelo).

Quando devo procurar um médico para o sonambulismo da criança?

Na maioria dos casos, o sonambulismo infantil desaparece espontaneamente com a idade, geralmente no início da adolescência. No entanto, uma avaliação médica se torna necessária quando os episódios são muito frequentes ou apresentam características preocupantes.

Procure o pediatra ou um especialista em sono infantil se:

  • os episódios acontecem mais de uma ou duas vezes por semana;
  • o comportamento durante o sonambulismo é violento ou coloca a criança em risco significativo;
  • a criança apresenta sonolência excessiva durante o dia, indicando que o sono noturno não está sendo reparador;
  • o sonambulismo começou após os 10 anos de idade ou persiste na adolescência;
  • há suspeita de outros distúrbios associados, como apneia do sono (roncos altos, pausas respiratórias).

O médico poderá investigar se há causas secundárias e orientar sobre as melhores estratégias de manejo, incluindo a higiene do sono. 

Especialistas reforçam a importância de melhorar o acesso a avaliações objetivas, como a polissonografia (exame que monitora o sono), e a tratamentos que sejam baseados em evidências científicas para distúrbios do sono em crianças.

Existe tratamento para o sonambulismo infantil?

Não existe um "remédio" específico para o sonambulismo infantil, e o tratamento medicamentoso é raríssimo. A principal abordagem é comportamental, focada em garantir a segurança e melhorar a qualidade do sono.

A importância da higiene do sono

A higiene do sono consiste em um conjunto de práticas para garantir noites mais tranquilas e diminuir a probabilidade de despertares parciais. Manter uma rotina consistente é a chave.

Algumas medidas eficazes incluem:

  • Estabelecer horários fixos para dormir e acordar, mesmo nos fins de semana;
  • Criar um ritual relaxante antes de dormir (banho morno, leitura de uma história);
  • Garantir que o quarto seja escuro, silencioso e com temperatura agradável;
  • Evitar o uso de telas (TV, tablet, celular) pelo menos uma hora antes de deitar;
  • Assegurar que a criança vá ao banheiro antes de dormir.

Ao adotar essas práticas, é possível reduzir a frequência dos episódios e proporcionar mais segurança e tranquilidade para toda a família.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

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