19/08/2025
Revisado em: 19/08/2025
Está com o nariz entupido e dor de cabeça persistente? Saiba como a sinusite se manifesta e não confunda com um simples resfriado ou gripe.
Você já se sentiu com a cabeça pesada, o nariz totalmente obstruído e uma sensação incômoda no rosto? Esses podem ser sintomas de sinusite.
A sinusite, também conhecida como rinossinusite, é uma inflamação que atinge a mucosa dos seios da face. Essas cavidades, localizadas ao redor do nariz, olhos e testa, são normalmente preenchidas com ar e ajudam a filtrar, aquecer e umidificar o ar que respiramos.
Além disso, os seios da face protegem o crânio de lesões, atuam como isolamento térmico e contribuem para a ressonância da voz.
Quando ocorre a inflamação, os canais de drenagem dos seios da face podem ficar bloqueados. Esse bloqueio impede a saída do muco, criando um ambiente favorável para o crescimento de vírus, bactérias ou fungos.
O acúmulo de secreção e a inflamação resultam nos sintomas característicos da condição. A disfunção da barreira epitelial e a alteração na depuração mucociliar também contribuem para o desenvolvimento da rinossinusite crônica.
A sinusite se manifesta de diversas formas, e os sintomas podem variar em intensidade. Reconhecê-los é o primeiro passo para buscar o tratamento adequado.
O diagnóstico da rinossinusite aguda é feito com base na presença de dois ou mais sintomas, como obstrução nasal, secreção nasal (anterior ou posterior), dor ou pressão facial e redução ou perda do olfato.
A dor e a pressão na região do rosto são sintomas marcantes da sinusite. Essa dor geralmente se localiza na área dos seios da face afetados. Pode ser sentida na testa (seios frontais), nas maçãs do rosto e acima dos dentes superiores (seios maxilares), entre os olhos (seios etmoidais) ou na parte posterior da cabeça e nos olhos (seios esfenoidais).
A dor pode ser descrita como uma sensação de peso, latejamento ou pressão, que tende a piorar ao abaixar a cabeça ou realizar movimentos bruscos. Muitas pessoas relatam também sensibilidade ao toque na face.
A dor facial e dentária, especialmente quando unilateral, são considerados bons indicadores da doença.
O nariz entupido, ou obstrução nasal, é um dos sintomas mais comuns. A dificuldade em respirar pelo nariz é causada pelo inchaço da mucosa e pelo acúmulo de muco nas passagens nasais.
Junto à obstrução, há a secreção nasal, que pode ser espessa e ter coloração amarelada ou esverdeada, indicando a presença de infecção.
Em alguns casos, o muco pode escorrer pela parte de trás da garganta, um fenômeno conhecido como gotejamento pós-nasal, que causa pigarro e irritação na garganta. Embora a secreção purulenta seja classicamente associada à etiologia bacteriana, ela não é um preditor adequado para sinusite bacteriana, nem em adultos nem em crianças.
Além da dor e da congestão nasal, outros sintomas podem acompanhar a sinusite, como:
A sinusite pode ser classificada em diferentes tipos, e a duração e intensidade dos sintomas são fatores importantes nessa classificação.
A rinossinusite é definida como um processo inflamatório da mucosa do nariz e dos seios paranasais, que pode ser causada por fatores infecciosos e/ou não infecciosos.
A sinusite aguda é aquela em que os sintomas surgem de repente e duram um período limitado, geralmente até 12 semanas. É comumente causada por infecções virais (como um resfriado que se complica) ou bacterianas.
Os sintomas tendem a ser mais intensos, incluindo dor facial forte, febre, grande volume de secreção nasal e cansaço acentuado. Estima-se que apenas 0,5% a 2% dos casos de rinossinusite viral aguda em adultos evoluem para infecção bacteriana, enquanto em crianças essa taxa é de 5% a 13%.Brazilian Journal of Otorhinolaryngology
A sinusite crônica é caracterizada pela persistência dos sintomas por mais de doze semanas, ou pela ocorrência de episódios recorrentes. Os sintomas tendem a ser mais brandos que na forma aguda, mas são constantes e podem ser muito incômodos.
A tosse, especialmente noturna, o gotejamento pós-nasal e a congestão nasal persistente são sinais comuns da sinusite crônica. Pode estar associada a fatores como desvio de septo ou alergias.
A rinossinusite crônica afeta aproximadamente 5% da população e impacta significativamente a qualidade de vida, gerando custos diretos e indiretos para a saúde.Deutsches Ärzteblatt International
A rinossinusite crônica é uma condição multifatorial, onde a predisposição do indivíduo desempenha um papel fundamental. Fatores ambientais, genéticos e imunológicos contribuem para o desenvolvimento da inflamação crônica.
Em cerca de 30% dos pacientes, os sintomas não se resolvem completamente com a terapia, destacando a complexidade da doença.
Embora os sintomas se sobreponham, há algumas distinções:
A Academia Brasileira de Rinologia (ABR) recomenda a suspeita de rinossinusite bacteriana aguda quando há aumento da intensidade ou gravidade dos sintomas, especialmente dor e rinorreia, ou início de febre após o pico normal de piora viral.
A rinite alérgica pode ser um fator que contribui para o desenvolvimento da rinossinusite crônica ou uma comorbidade que acompanha sua progressão.
Muitas vezes, a sinusite é confundida com um resfriado comum ou uma gripe, pois compartilham alguns sintomas respiratórios.
No entanto, existem diferenças cruciais que podem ajudar a distinguir essas condições. A diferenciação entre infecção sinusal viral e bacteriana e seu tratamento não deve ser baseada apenas em sintomas isolados, mas sim na combinação de "duração e evolução" dos sintomas.
A duração dos sintomas é um dos principais indicadores. Um resfriado comum geralmente dura de 7 a 10 dias, e os sintomas tendem a diminuir progressivamente. A gripe costuma durar de 7 a 14 dias, com sintomas mais intensos no início. A sinusite viral pode durar um período similar ao resfriado.
No entanto, se os sintomas persistirem por mais de 10 dias ou piorarem após uma melhora inicial, a sinusite, especialmente a bacteriana, deve ser considerada.
A Academia Brasileira de Rinologia (ABR) classifica a rinossinusite viral aguda prolongada (PAVRS) como aquela que dura mais de 7 a 10 dias, com melhora lenta e progressiva, reforçando que mesmo episódios prolongados são tipicamente de origem viral.
A dor na sinusite é tipicamente localizada na face e pode ser bastante intensa, com sensação de pressão ou peso que não é comum em resfriados.
A secreção nasal em um resfriado é geralmente clara e aquosa no início, podendo espessar ligeiramente. Na sinusite, a secreção costuma ser espessa, amarelada ou esverdeada e mais abundante. A presença de secreção purulenta, embora associada à etiologia bacteriana, não é um preditor definitivo de infecção bacteriana.
Resfriados raramente causam febre alta em adultos, e as dores no corpo são leves. A gripe, por outro lado, é caracterizada por febre alta, dores musculares intensas, fadiga significativa e calafrios.
Na sinusite, a febre pode estar presente, mas as dores no corpo generalizadas e a fadiga extrema são menos comuns do que na gripe, a menos que haja uma infecção sistêmica mais grave. É importante lembrar que os sintomas virais típicos pioram abruptamente nos primeiros dias, com melhora gradual após o quinto dia.
Veja uma tabela comparativa para ajudar na diferenciação:
Embora muitos casos de sinusite viral possam melhorar com medidas caseiras, é fundamental procurar atendimento médico quando os sintomas são intensos ou persistentes.
A avaliação profissional é essencial para um diagnóstico preciso e para evitar complicações. A maioria dos casos de rinossinusite aguda em crianças se resolve espontaneamente, e a conduta inicial pode ser de observação cuidadosa ou alívio dos sintomas mais intensos.
Procure um médico se:
O diagnóstico correto da sinusite é feito por um médico, geralmente um otorrinolaringologista, com base na avaliação dos sintomas e, se necessário, exames complementares como a endoscopia nasal ou tomografia dos seios da face. A tomografia computadorizada é fundamental na investigação da rinossinusite crônica.
O tratamento varia conforme a causa e a gravidade, podendo incluir medicamentos, lavagem nasal com soro fisiológico e, em alguns casos, cirurgia. Não se automedique e sempre siga as orientações médicas.
É importante notar que o uso excessivo e injustificado de antibióticos é a principal causa de resistência bacteriana, um problema de saúde pública global. Estima-se que mais de 50.000 mortes por ano na Europa e América do Norte são devido a bactérias resistentes.
Cerca de um terço das prescrições de antibióticos são desnecessárias, principalmente para doenças respiratórias virais.
Para rinossinusite bacteriana aguda, apenas cerca de 5 em cada 100 pacientes se beneficiam do uso de antibióticos com os critérios clínicos atuais, número que pode aumentar para 11 a 28 com critérios mais específicos. A estratégia de "observar e esperar" é uma alternativa para casos leves a moderados.
Para casos de rinossinusite crônica com pólipos nasais (CRSwNP) graves e refratários, que não respondem ao tratamento convencional, terapias biológicas com anticorpos monoclonais (como dupilumabe, mepolizumabe e omalizumabe) podem ser uma opção.
Essas terapias visam inibir reações anormais do sistema imunológico, especialmente a inflamação tipo 2, que é predominante em cerca de 80% dos pacientes brasileiros com CRSwNP.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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