Sintoma de câncer de pâncreas: causas, diagnóstico e tratamento

O câncer de pâncreas representa cerca de 2% de todos os tipos diagnosticados no Brasil.

O pâncreas é uma glândula que faz parte dos sistemas digestivo e endócrino, sendo responsável por produzir enzimas e insulina, que ajudam a regular os níveis de açúcar no sangue. O câncer de pâncreas pode afetar diferentes partes do órgão, em regiões conhecidas como cabeça, corpo ou calda. 

Esse tipo de câncer representa aproximadamente 2% de todos os casos diagnosticados, sendo o mais comum o adenocarcinoma, que corresponde a cerca de 90% dos casos.

A frequência da doença está crescendo rapidamente nos últimos anos e tem atingido pessoas mais jovens. Porém, atualmente, o câncer de pâncreas permanece mais comum em homens idosos, na faixa dos 70 anos.

Aqui, você entenderá sobre a doença, seus sintomas, diagnóstico e tratamento. Quem explica o assunto é o Dr. Rodrigo Surjan, médico cirurgião do aparelho digestivo.

O que causa o câncer de pâncreas?

O câncer de pâncreas é uma doença que afeta o pâncreas e, normalmente, não apresenta sinais ou sintomas nas fases iniciais. Por esse motivo, ele costuma ser detectado em estágios mais avançados. No Brasil, a doença é responsável por cerca de 4% das mortes totais.

Alguns fatores modificáveis podem aumentar os riscos para a doença. 

Veja quais são:

• Tabagismo;
• Diabetes;
• Obesidade;
• Sobrepeso;
• Pancreatite crônica;
• Exposição a agentes químicos.

Além disso, existem fatores não modificáveis que também podem acarretar câncer de pâncreas:

• Gênero masculino;
• Idade;
• Histórico familiar;
• Afrodescendência;
• Pancreatite crônica desencadeada por alteração genética;
• Síndromes genéticas hereditárias.

Segundo o Dr. Rodrigo Surjan, “se, por um lado, não existem medidas reconhecidas para prevenir o câncer de pâncreas, o que podemos recomendar é agir sobre fatores de risco conhecidos. Como mais importante, podemos citar não fumar ou, para aqueles que fumam, parar de fumar. 

Também podemos sugerir ter uma dieta saudável, realizar atividades físicas regulares e manter o peso em uma faixa saudável, evitando o sobrepeso ou a obesidade. Outro fator importante é evitar o alcoolismo ou o consumo exagerado de bebidas alcoólicas\".

Quais são os sintomas do câncer de pâncreas?

O câncer de pâncreas normalmente não apresenta sintomas e sinais nas fases iniciais, mas, quando surgem, podem incluir dor nas costas, na região lombar, e icterícia (pele amarelada). 

Como este último também é um sintoma de hepatite, é necessário realizar exames médicos para um diagnóstico preciso.

Além disso, podem surgir outros sintomas tais como:

• Dor abdominal leve;
• Má digestão frequente;
• Fraqueza e tontura;
• Perda de apetite;
• Gordura nas fezes;
• Perda de peso;
• Diarreia.

Como mencionado acima, os sintomas podem se assemelhar aos da hepatite. Por isso, procurar atendimento médico e realizar exames específicos são essenciais para um diagnóstico e tratamento corretos.

Como é feito o diagnóstico do câncer de pâncreas?

O diagnóstico do câncer de pâncreas é realizado por um gastroenterologista ou clínico geral por meio da análise dos sinais e sintomas e do exame físico. 

Depois, são solicitados exames laboratoriais e de imagem, como ultrassonografia abdominal, ressonância magnética e tomografia computadorizada, para a confirmação. Em alguns casos, o médico poderá solicitar também a realização de uma biópsia do órgão.

A doença tem chances de cura quando detectada precocemente. No entanto, essa detecção é difícil devido à localização do pâncreas e à ausência de sintomas nas fases iniciais.

Qual é o tratamento para o câncer de pâncreas?

De acordo com o Dr. Rodrigo, “podemos dizer que o câncer de pâncreas é um bom exemplo da necessidade de tratamento multidisciplinar. Desde o diagnóstico, que geralmente envolve a realização de exames de imagem, biópsias e, em alguns casos, a atuação de equipes de radiologia intervencionista para a colocação de próteses para desobstruir as vias de drenagem da bile do fígado para o intestino. Em casos de tumores na região que chamamos de cabeça do pâncreas, é necessária a atuação de múltiplas especialidades.

O tratamento do tumor baseia-se em três pilares: cirurgia, quimioterapia e radioterapia. A escolha da abordagem mais adequada, assim como a sequência dos tratamentos, depende de cada caso e das decisões tomadas em conjunto pelos médicos e pelo paciente. Durante todo o processo, o acompanhamento clínico e nutricional é fundamental para garantir que o paciente tolere bem a jornada terapêutica individualizada proposta.”

O tratamento do câncer de pâncreas varia conforme o estágio da doença e a presença de metástases. 

As opções disponíveis, que serão indicadas de acordo com cada caso, incluem:

Radioterapia

A radioterapia é indicada para diminuir o tamanho do tumor ou feita depois da cirurgia para eliminar as células cancerígenas que porventura restarem.

Quimioterapia

Esse tipo de terapia é indicada em casos mais graves com medicamentos para destruir as células cancerígenas. Pode ser combinada com o tratamento de radioterapia.

Cirurgia para remoção do câncer

A cirurgia para remoção do câncer é indicada, na maior parte das vezes, para casos onde o câncer não acometeu outros órgãos.

Da mesma maneira que a escolha do método ou métodos terapêuticos adequados, a cirurgia para o tratamento do câncer de pâncreas deve ser individualizada, considerando o paciente, o tamanho e a localização do tumor, além do possível comprometimento de estruturas vizinhas, como veias e artérias.

Também existem duas cirurgias mais realizadas para o tratamento do câncer de pâncreas. 

São elas:

Pancreatectomia corpo caudal com esplenectomia

Retirada do baço, utilizada para tumores mais à esquerda do pâncreas.

Duodenopancreatectomia

Para tumores localizados na cabeça e processo uncinado do órgão, tumores mais à direita.

As cirurgias podem ser realizadas tanto de forma convencional, com uma ampla incisão no abdômen do paciente, quanto por métodos minimamente invasivos, utilizando pequenas incisões de cerca de 1 cm, como a laparoscopia ou a cirurgia robótica.

O médico enfatiza ainda que “como amplamente validado pela literatura internacional, o câncer de pâncreas e o sucesso de seu tratamento dependem muito de uma equipe altamente especializada. A experiência no tratamento do câncer de pâncreas, a atualização constante e a expertise em utilizar alta tecnologia combinada com as melhores evidências científicas são fundamentais para alcançar os melhores resultados”, finaliza o Dr. Rodrigo.