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Sangue grosso: o que significa o termo popular e quando buscar um médico?

Entenda por que a expressão pode ser um sinal de alerta para condições como trombose e saiba quando a avaliação de um hematologista é necessária.

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Você vai coletar sangue para um exame de rotina e ouve um comentário casual do profissional: "seu sangue está um pouco grosso hoje". A frase, embora comum, pode gerar preocupação e muitas dúvidas. Afinal, o que isso realmente quer dizer do ponto de vista da saúde?

A expressão "sangue grosso" não é um diagnóstico médico formal, mas serve como um alerta para duas condições que precisam de atenção: o aumento da viscosidade sanguínea ou um estado de hipercoagulabilidade. Ambas as situações alteram o fluxo normal do sangue e podem aumentar o risco de problemas circulatórios graves.

A condição popularmente chamada de "sangue grosso" é medicamente definida como trombofilia. Este é um estado de hipercoagulabilidade persistente que predispõe o indivíduo a complicações sérias, como a formação de coágulos (trombose) e embolia venosa.

Hematologistas são os especialistas indicados para o acompanhamento e tratamento dessa condição. A Rede Américas possui especialistas renomados em seu corpo médico atendendo em vários hospitais do Brasil.

O que realmente significa ter o "sangue grosso"?

Quando leigos usam o termo "sangue grosso", eles podem estar se referindo, sem saber, a duas alterações distintas no sangue. É fundamental entender a diferença para compreender os riscos e tratamentos envolvidos.

Hipercoagulabilidade ou trombofilia

Esta condição descreve um desequilíbrio nos componentes responsáveis pela coagulação. O corpo pode produzir em excesso as proteínas que formam coágulos ou ter deficiência das que os dissolvem. O resultado é uma maior propensão à formação de trombos (coágulos) dentro dos vasos sanguíneos, mesmo sem um ferimento aparente.

Essa condição, também conhecida como trombofilia, é frequentemente causada por defeitos genéticos que elevam o risco de coágulos, levando ao que se chama tromboembolismo venoso. A identificação precoce da trombofilia é crucial, pois permite um tratamento adequado que protege o paciente contra futuros eventos trombóticos sistêmicos.

Aumento da viscosidade sanguínea

Aqui, o problema está na composição física do sangue. Um número excessivo de células sanguíneas — principalmente glóbulos vermelhos (eritrócitos), condição conhecida como policitemia — torna o fluido mais denso e espesso. Isso dificulta sua passagem por veias e artérias, especialmente as de menor calibre.

Quais são as principais causas do sangue grosso?

Diversos fatores, que vão desde a genética até o estilo de vida, podem levar a um estado de hipercoagulabilidade ou aumento da viscosidade. As causas são geralmente agrupadas em três categorias principais.

Fatores genéticos e hereditários

Algumas pessoas herdam mutações genéticas que afetam as proteínas de coagulação, uma condição chamada de trombofilia hereditária. A mais comum é o Fator V de Leiden. Essas condições aumentam o risco de trombose ao longo da vida, especialmente quando combinadas com outros fatores de risco.

Indivíduos com trombofilia congênita, como a deficiência de Antitrombina (AT) Tipo II HBS, são considerados de risco máximo para desenvolver coágulos (trombose). Nesses casos, a profilaxia anticoagulante deve ser ajustada especificamente ao defeito genético, inclusive quando há sintomas leves de uma infecção.

Condições médicas adquiridas

Várias doenças podem alterar a composição ou a coagulação do sangue. Entre as mais relevantes, destacam-se:

  • Policitemia vera: uma doença rara da medula óssea que causa produção excessiva de glóbulos vermelhos.
  • Diabetes mellitus: o excesso de glicose pode danificar os vasos e aumentar a agregação plaquetária, favorecendo coágulos.
  • Doenças autoimunes: condições como lúpus e a síndrome do anticorpo antifosfolípide podem levar à formação de coágulos.
  • Câncer: alguns tipos de tumores liberam substâncias que aumentam a coagulação sanguínea.

Hábitos de vida e fatores externos

O seu dia a dia também exerce grande influência. A desidratação, por exemplo, concentra os componentes do sangue, aumentando temporariamente sua viscosidade. O tabagismo lesa a parede dos vasos sanguíneos e o sedentarismo diminui o fluxo de sangue nas pernas, ambos facilitando a formação de trombos.

Que sintomas podem indicar um problema de coagulação ou viscosidade?

Muitas vezes, o "sangue grosso" é uma condição silenciosa e só é descoberta após uma complicação. 

No entanto, alguns sinais podem servir de alerta:

  • Dores de cabeça frequentes ou enxaqueca.
  • Tontura, vertigem ou visão turva.
  • Formigamento ou dormência nas mãos e nos pés.
  • Cansaço e fraqueza sem causa aparente.
  • Vermelhidão na pele, especialmente no rosto.
  • Falta de ar ou dor no peito.

É importante notar que esses sintomas são inespecíficos e podem estar associados a diversas outras condições. Por isso, a avaliação médica é indispensável.

Sangue grosso é perigoso? Conheça os riscos

Sim, um estado persistente de hipercoagulabilidade ou alta viscosidade é perigoso. A principal ameaça é a formação de coágulos que podem obstruir o fluxo sanguíneo, levando a quadros graves e potencialmente fatais.

A trombofilia, ou o estado de hipercoagulabilidade, é uma condição médica que predispõe à formação de coágulos (trombose) nas veias ou artérias. Essa condição aumenta o risco de coágulos e, quando identificada, permite o tratamento adequado para proteger o paciente de eventos trombóticos sistêmicos futuros (BADESCU et al., 2022; SAMFIREAG et al., 2022).

Trombose Venosa Profunda (TVP)

É a formação de um coágulo em uma veia profunda, geralmente nas pernas. Causa dor, inchaço e vermelhidão no local. O grande perigo é quando este coágulo se desprende.

Embolia Pulmonar (EP)

Ocorre quando um coágulo (geralmente vindo de uma TVP) viaja pela corrente sanguínea e se aloja nos pulmões, bloqueando a circulação. Os sintomas incluem falta de ar súbita, dor no peito e tosse, sendo uma emergência médica.

Acidente Vascular Cerebral (AVC) e infarto

Se um coágulo se forma ou viaja para as artérias que irrigam o cérebro, pode causar um AVC isquêmico. Se a obstrução ocorrer em uma artéria do coração, o resultado é um infarto agudo do miocárdio.

Como é feito o diagnóstico?

Apenas um médico pode confirmar se o "sangue grosso" representa um risco real. O diagnóstico começa com uma avaliação clínica detalhada e o histórico do paciente. Em seguida, o especialista, geralmente um hematologista, pode solicitar exames específicos.

Tipo de Exame

O que Avalia

 

Hemograma completo

Contagem de glóbulos vermelhos, brancos e plaquetas, identificando excessos como na policitemia.

Coagulograma

Mede o tempo que o sangue leva para coagular e avalia a função das proteínas de coagulação.

Pesquisa de trombofilias

Testes genéticos e de proteínas específicas para investigar causas hereditárias.

Exames de imagem, como o ultrassom com Doppler, podem ser usados para localizar coágulos existentes nas veias e artérias.

Qual o tratamento para o sangue grosso?

O tratamento depende diretamente da causa identificada. O objetivo é sempre normalizar o fluxo sanguíneo e prevenir a formação de coágulos perigosos. 

As abordagens podem incluir:

  • Mudanças no estilo de vida: aumentar a ingestão de água, praticar atividade física regularmente, parar de fumar e manter uma dieta equilibrada são medidas fundamentais.
  • Medicamentos: o médico pode prescrever medicamentos que "afinam" o sangue, como anticoagulantes ou antiagregantes plaquetários. A escolha e a duração do uso dependem de uma avaliação individualizada.
  • Tratamento da causa base: se o problema for secundário a outra doença, como diabetes ou policitemia vera, o controle dessa condição é a prioridade.

Atenção: nunca utilize medicamentos para "afinar o sangue" por conta própria. O uso incorreto pode causar hemorragias graves. A orientação médica é obrigatória.

Quando devo procurar um médico?

Se você ouviu o termo "sangue grosso" em um exame, tem histórico familiar de trombose ou apresenta sintomas sugestivos, procure um clínico geral ou um hematologista. Busque atendimento de emergência se surgirem sinais de complicações agudas, como:

  • Inchaço súbito e doloroso em uma das pernas.
  • Falta de ar repentina e intensa.
  • Dor forte no peito que se espalha para os braços ou costas.
  • Dificuldade para falar, perda de força em um lado do corpo ou desvio do rosto.

Entender o que o "sangue grosso" significa é o primeiro passo para cuidar da sua saúde vascular. Com o diagnóstico correto e o acompanhamento de um especialista, é possível controlar os riscos e manter a qualidade de vida.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

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BADESCU, M. C. et al. Osteonecrosis of the jaws in patients with hereditary thrombophilia/hypofibrinolysis—from pathophysiology to therapeutic implications. International Journal of Molecular Sciences, v. 23, n. 2, jan. 2022. Disponível: https://www.mdpi.com/1422-0067/23/2/640. Acesso em: 26 nov. 2025.

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KOVAC, M. et al. Thrombosis risk assessment in patients with congenital thrombophilia during COVID - 19 infection. Thrombosis Research, 20 ago. 2022. Disponível: https://www.thrombosisresearch.com/article/S0049-3848(22)00361-9/fulltext. Acesso em: 26 nov. 2025.

SAMFIREAG, M. et al. Approach to thrombophilia in pregnancy—a narrative review. Medicina, [S. l.], v. 58, n. 5, maio 2022. Disponível: https://www.mdpi.com/1648-9144/58/5/692. Acesso em: 26 nov. 2025.

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