19/08/2025
Revisado em: 21/08/2025
É possível e seguro engravidar sob tratamento para a tireoide, mas exige acompanhamento médico rigoroso para garantir a saúde da mãe e do bebê.
Quando você sonha em construir uma família, cada detalhe da sua saúde se torna relevante. A glândula tireoide, pequena mas poderosa, desempenha um papel fundamental nesse processo. Localizada na base do pescoço, ela produz hormônios que regulam o metabolismo, a energia e até mesmo o ciclo menstrual.
Os hormônios tireoidianos, triiodotironina (T3) e tiroxina (T4), são essenciais para o funcionamento adequado de diversas funções corporais. No contexto da fertilidade, eles influenciam diretamente a ovulação e a qualidade dos óvulos.
Um desequilíbrio, seja por produção excessiva (hipertireoidismo) ou insuficiente (hipotireoidismo), pode prejudicar as chances de concepção e até mesmo aumentar o risco de aborto espontâneo.
Desse modo, níveis hormonais desregulados podem causar irregularidades menstruais e anovulação (ausência de ovulação).
Para mulheres que buscam engravidar, o controle da função tireoidiana é um passo crucial para ajudar na fertilidade. O acompanhamento médico garante que os níveis hormonais estejam dentro da faixa ideal para a concepção.
É importante notar que, para mulheres com Síndrome dos Ovários Policísticos (SOP), não há dados que comprovem a eficácia de medicamentos para tireoide, como a levotiroxina, na melhoria da fertilidade.
Sim, é totalmente possível engravidar quando se faz tratamento para hipotireoidismo. A chave é manter a condição bem controlada antes e durante toda a gestação.
Milhares de mulheres com hipotireoidismo têm gestações bem-sucedidas graças à reposição hormonal adequada.
A prevalência do hipotireoidismo em gestantes é notável; por exemplo, nos Estados Unidos, cerca de 15,5% das mulheres grávidas apresentam essa condição, conforme estudos publicados na Evolution, Medicine, and Public Health.
A levotiroxina é o medicamento utilizado para repor os hormônios que a tireoide não produz em quantidade suficiente.
Durante a gravidez, a necessidade de hormônios tireoidianos aumenta significativamente. A placenta, que nutre o bebê, e o próprio feto, que ainda não tem sua tireoide plenamente desenvolvida nos primeiros meses, dependem dos hormônios maternos.
Por isso, a medicação deve ser continuada e, na maioria dos casos, a dose será ajustada pelo médico.
Para mulheres com hipotireoidismo que planejam engravidar ou que já estão grávidas, o nível do hormônio estimulador da tireoide (TSH) é um indicador fundamental.
Recomenda-se que o TSH seja mantido abaixo de 2,5 mUI/mL antes da concepção e durante o primeiro trimestre. Nos trimestres seguintes, pode-se tolerar um TSH ligeiramente mais alto, mas sempre sob orientação médica rigorosa.
Valores acima dessa faixa podem indicar um controle inadequado do hipotireoidismo, o que aumenta os riscos gestacionais. Por isso, exames de sangue frequentes são necessários para ajustar a dose da levotiroxina.
O hipotireoidismo não tratado durante a gravidez pode acarretar sérias complicações tanto para a mãe quanto para o bebê. Para a gestante, há maior risco de:
Fatores ambientais também podem influenciar o risco de hipotireoidismo gestacional. Pesquisas indicam que a exposição à poluição do ar por partículas finas (PM2.5 e PM10) antes e no início da gravidez está associada a um risco aumentado.
Para PM2.5, o risco é 14% maior, e para PM10, 10% maior, segundo estudos na Frontiers in Endocrinology.
Para o bebê, os riscos incluem:
Portanto, o diagnóstico e tratamento precoces são cruciais para uma gestação saudável.
Assim como no hipotireoidismo, mulheres com hipertireoidismo podem engravidar, contanto que a condição esteja sob controle.
O hipertireoidismo é caracterizado pela produção excessiva de hormônios tireoidianos, o que também exige manejo específico durante a gestação.
O tratamento do hipertireoidismo na gravidez geralmente envolve o uso de medicamentos antitireoidianos, como o propiltiouracil (PTU) no primeiro trimestre e, se necessário, o metimazol nos trimestres seguintes, sempre com a menor dose eficaz.
A cirurgia para remover a tireoide ou o tratamento com iodo radioativo são abordagens geralmente evitadas durante a gravidez devido aos riscos para o feto.
A escolha e a dose do medicamento antitireoidiano são feitas com muito cuidado para minimizar os riscos para o bebê, enquanto se controla a condição da mãe.
O médico avaliará o risco-benefício, monitorando de perto os níveis hormonais maternos e o desenvolvimento fetal. É fundamental seguir rigorosamente as orientações médicas e nunca suspender a medicação por conta própria.
O hipertireoidismo não controlado na gravidez também apresenta riscos significativos:
Por esses motivos, o acompanhamento especializado é inegociável.
A presença de nódulos na tireoide, por si só, geralmente não afeta a fertilidade feminina nem a capacidade de engravidar. O impacto depende se esses nódulos estão causando uma alteração na função da tireoide (produzindo hormônios em excesso ou de forma insuficiente) ou se são de natureza maligna.
Nódulos benignos e que não alteram a função hormonal costumam ser apenas monitorados. Contudo, se um nódulo for maligno ou estiver associado a um distúrbio funcional da tireoide, o tratamento adequado será necessário antes ou durante a gravidez. A avaliação por um endocrinologista é crucial para determinar a conduta.
Sim, é não só seguro, mas essencial. Parar o tratamento para tireoide durante a gravidez pode ser muito perigoso para a mãe e para o bebê. Os medicamentos utilizados são formulados para serem os mais seguros possíveis nesse período, e a falta de controle hormonal representa um risco muito maior.
Além do tratamento medicamentoso, algumas pesquisas exploram o papel de suplementos. Por exemplo, a suplementação com selenometionina (200 µg/dia) em gestantes tem mostrado resultados promissores, reduzindo significativamente a incidência de tireoidite pós-parto.
Durante a gravidez, o corpo da mulher passa por inúmeras adaptações hormonais e fisiológicas. A demanda por hormônios tireoidianos aumenta significativamente para suportar o desenvolvimento do feto e as necessidades metabólicas da mãe.
Por isso, a dose da levotiroxina, por exemplo, geralmente precisa ser aumentada. Em casos de hipertireoidismo, a dose de medicamentos antitireoidianos pode precisar de ajustes para manter os níveis hormonais dentro da normalidade.
Devido às mudanças na demanda hormonal, o monitoramento dos níveis de TSH e T4 livre deve ser frequente, geralmente a cada 4 a 6 semanas, durante toda a gestação.
Esse acompanhamento permite que o médico ajuste a dose da medicação rapidamente, garantindo que os hormônios estejam sempre na faixa ideal para a saúde de ambos.
Engravidar com um distúrbio da tireoide é uma realidade para muitas mulheres, e com o tratamento e acompanhamento corretos, a grande maioria tem gestações saudáveis e bem-sucedidas. O mais importante é um planejamento cuidadoso e uma comunicação aberta com sua equipe de saúde.
Se você tem um distúrbio da tireoide e planeja engravidar, ou já está grávida, é fundamental procurar:
A colaboração entre esses profissionais garantirá que você receba o melhor cuidado possível, promovendo uma gestação tranquila e o nascimento de um bebê saudável.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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