15/08/2025
Revisado em: 15/08/2025
Saiba quando a radioterapia é indicada, como essa terapia age contra o câncer e o que esperar da sua jornada de tratamento.
Receber a indicação de um tratamento oncológico levanta muitas dúvidas, e uma das principais é sobre quando a radioterapia é indicada. Essa preocupação é natural, mas é importante saber que se trata de uma das modalidades de tratamento mais consolidadas no combate ao câncer, sendo uma grande aliada para aumentar as chances de cura em muitos casos.
A radioterapia é um tratamento localizado, ou seja, ela age diretamente sobre o tumor ou a região onde ele estava. Por essa razão, sua principal indicação é para o tratamento de tumores sólidos.
Sua aplicação é tão ampla que, segundo a Sociedade Brasileira de Radioterapia (SBRT), cerca de 60% de todos os pacientes com câncer receberão este tipo de tratamento em alguma fase de sua jornada.
Ela é uma peça-chave no tratamento de muitos dos cânceres mais comuns. No câncer de mama, por exemplo, é aplicada após a cirurgia conservadora para reduzir o risco de a doença voltar na mama tratada.
No câncer de próstata, a radioterapia pode ser usada como tratamento principal com intenção de cura, sendo uma alternativa à cirurgia. Em tumores de cabeça e pescoço, ela frequentemente é combinada com a quimioterapia para potencializar os resultados.
Para entender melhor quando a radioterapia pode ser indicada, é importante ter em mente que seu objetivo pode variar drasticamente dependendo do estágio da doença e do quadro clínico do paciente. Assim, ela pode ser empregada com duas intenções principais: curativa ou paliativa.
A radioterapia com intenção curativa tem como meta a eliminação completa do tumor. Ela é indicada quando a doença é localizada e há uma alta chance de cura, seja como tratamento principal, seja como terapia adjuvante (após a cirurgia) para destruir qualquer célula cancerígena residual e diminuir o risco de a doença voltar.
Já a radioterapia paliativa é utilizada em cenários onde a cura completa não é mais o foco principal e o objetivo se volta para a qualidade de vida. Nesse contexto, ela é uma abordagem potente para o controle de sintomas.
Seus usos mais comuns incluem aliviar a dor causada por uma metástase óssea, reduzir o sangramento de um tumor ou diminuir o tamanho de uma massa que esteja comprimindo um órgão vital, como o cérebro ou a medula espinhal.
Para ir além da anatomia e avaliar a atividade do tumor, o médico pode solicitar um PET-CT. Este é um exame funcional que mostra as áreas onde as células cancerígenas estão mais ativas, com a finalidade de identificar com alta precisão se a doença se espalhou para outros linfonodos, para a medula óssea ou para órgãos como o fígado e o baço, locais que testes anatômicos poderiam não mostrar com tanta clareza.
A decisão sobre o momento de realizar a radioterapia em relação à cirurgia é uma das mais importantes no planejamento terapêutico. Os dois cenários são possíveis, e cada um tem um objetivo estratégico diferente para aumentar as chances de sucesso do tratamento.
A radioterapia neoadjuvante é aquela realizada antes do procedimento cirúrgico e sua principal indicação é para tumores grandes ou localmente avançados. O propósito é reduzir o tamanho do tumor, o que pode trazer múltiplos benefícios: tornar uma cirurgia que antes era impossível em viável, ou permitir uma operação menos extensa e que preserve mais o órgão, como no caso de tumores de reto ou de mama.
Essa abordagem possibilita ainda que a equipe médica observe a resposta do tumor à radiação antes mesmo da cirurgia, de forma a extrair informações valiosas sobre a biologia da doença.
Quando a radioterapia é realizada após a cirurgia, ela é nomeada como radioterapia adjuvante. O objetivo aqui é "limpar" a área operada, destruindo qualquer célula cancerígena microscópica que possa ter restado e que não é visível a olho nu.
O procedimento é recomendado quando a análise do tumor retirado (exame histopatológico) revela características de maior risco de a doença retornar. Ao eliminar esses focos microscópicos residuais, a radioterapia adjuvante diminui o risco de a doença voltar no mesmo local (recidiva), logo, funciona como um tratamento de consolidação para garantir o sucesso da cirurgia.
O plano de tratamento radioterápico é desenhado com uma estratégia central: o fracionamento. Em vez de aplicar uma única dose alta de radiação, a dose total calculada para destruir o tumor é dividida em aplicações menores e diárias por um período que pode variar de uma a sete semanas.
A finalidade dessa dosagem é dupla: ela permite que as células saudáveis, com sua alta capacidade de reparo, se recuperem entre as sessões, enquanto as células do câncer, que têm um sistema de reparo defeituoso, acumulam o dano progressivamente até serem eliminadas.
Na prática, cada sessão diária é extremamente rápida e dura apenas alguns minutos. Além disso, o processo é totalmente indolor, com uma sensação semelhante à de realizar um raio-X.
Então, pode se acalmar, porque o maior tempo no centro de tratamento é dedicado ao posicionamento cuidadoso, para que a radiação atinja o alvo com precisão milimétrica a cada dia.
O receio dos efeitos colaterais é uma das maiores angústias de quem vai iniciar a radioterapia, muitas vezes baseado em histórias antigas. No entanto, é fundamental entender que a tecnologia da radioterapia evoluiu drasticamente. Hoje, o tratamento é muito mais preciso, e os efeitos são mais bem compreendidos e gerenciados.
A principal característica dos efeitos da radioterapia é que eles são localizados, ou seja, restritos à área que está sendo tratada. Com isso, o tratamento de um tumor na próstata ou na mama, por exemplo, não causa a queda do cabelo da cabeça, um efeito colateral comum da quimioterapia sistêmica.
Os efeitos agudos mais comuns ocorrem nos tecidos que estão dentro do campo de irradiação. A reação na pele da área tratada (radiodermite), que pode variar de vermelhidão a sensibilidade, é a mais frequente. A fadiga também é comum, sendo caracterizado como um cansaço geral decorrente do esforço do corpo para se reparar.
Outros impactos dependem diretamente da localização do tratamento. Por exemplo, se a área tratada for a região da boca ou garganta, podem ocorrer feridas (mucosite) e boca seca. Se a irradiação for no abdômen, podem surgir náuseas.
É justamente para lidar com essas reações específicas que o paciente não atravessa essa fase sozinho: a equipe de rádio-oncologia monitora os sintomas semanalmente, orientando cuidados e prescrevendo medicamentos para prevenir e tratar cada efeito colateral, o que contribui para uma melhor qualidade de vida durante o processo.
Referências Bibliográficas:
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA). Radioterapia. Rio de Janeiro: INCA, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tratamento/radioterapia. Acesso em: 30 jul. 2025.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE RADIOTERAPIA (SBRT). Radioterapia: Mitos e Verdades. São Paulo: SBRT, [s. d.]. Disponível em: https://sbradioterapia.com.br/para-pacientes/mitos-e-verdades/. Acesso em: 30 jul. 2025.
SOCIEDADE BRASILEIRA DE RADIOTERAPIA (SBRT). RT2030: Plano de Desenvolvimento da Radioterapia para a Próxima Década. São Paulo: SBRT, [s. d.]. Disponível em: https://sbradioterapia.com.br/rt2030/sobre/. Acesso em: 30 jul. 2025.
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