14/08/2025
Revisado em: 14/08/2025
Quando o assunto é saúde da mama, muitas dúvidas surgem, e uma das mais comuns é se um simples exame de sangue pode, sozinho, detectar a presença de câncer.
É compreensível a curiosidade sobre métodos menos invasivos para diagnosticar doenças tão sérias como o câncer de mama. Você pode estar se perguntando: "Existe um exame de sangue capaz de me dizer se tenho câncer de mama?".
A resposta direta é que, embora o exame de sangue seja uma ferramenta valiosa, ele não é o método primário ou definitivo para o diagnóstico inicial do câncer de mama.
Diferente de uma biópsia ou da mamografia, os exames de sangue têm papéis mais específicos. Eles são frequentemente utilizados para monitorar a resposta ao tratamento, detectar uma possível recorrência da doença ou identificar riscos genéticos.
Contudo, novas abordagens, como a biópsia líquida, estão emergindo e podem complementar o diagnóstico no futuro, facilitando a detecção precoce do câncer através da análise de biomarcadores no sangue.
Quando falamos em exames de sangue e câncer, é comum surgirem os "marcadores tumorais". Eles são substâncias produzidas pelas células cancerígenas ou pelo corpo em resposta ao câncer.
No entanto, é fundamental entender que níveis elevados desses marcadores podem ser causados por outras condições benignas, não sendo exclusivos do câncer.
Alguns marcadores são mais frequentemente associados ao câncer de mama, embora não sejam usados para o diagnóstico primário.
Os mais conhecidos são:
Os marcadores tumorais são mais úteis em cenários específicos, como:
É crucial reforçar que um resultado alterado desses marcadores isoladamente não confirma o câncer. Sempre deve ser interpretado por um médico em conjunto com outros exames clínicos e de imagem.
Diferente dos marcadores tumorais, os testes genéticos, como os para os genes BRCA1 e BRCA2, não detectam a presença do câncer em si.
Em vez disso, eles identificam mutações genéticas que aumentam significativamente o risco de desenvolver câncer de mama (e ovário) ao longo da vida. Estas mutações são herdadas e indicam uma predisposição genética.
O teste BRCA1/2 não é indicado para todas as mulheres. Geralmente, é recomendado para aquelas com um forte histórico familiar de câncer, que inclui:
A decisão de realizar este teste deve ser sempre discutida com um médico geneticista ou oncologista, que avaliará o histórico pessoal e familiar.
Um resultado positivo para mutações em BRCA1 ou BRCA2 significa um risco aumentado de desenvolver câncer, mas não garante que a doença irá surgir.
Nesses casos, o médico pode recomendar um programa de rastreamento mais intensivo, que pode incluir mamografias mais frequentes, ressonância magnética da mama e, em alguns casos, medidas preventivas cirúrgicas.
A pesquisa científica avança rapidamente na busca por métodos de detecção de câncer menos invasivos. Uma área promissora é a biópsia líquida, que envolve a análise de biomarcadores em amostras de sangue, como o DNA tumoral circulante (ctDNA) ou as células tumorais circulantes (CTCs). Essas substâncias são liberadas pelos tumores na corrente sanguínea.
A ideia é que, ao identificar e analisar esses biomarcadores, seja possível obter informações sobre a presença e a progressão do câncer. Testes de biópsia líquida têm demonstrado alta concordância com testes de tecido, variando de 87% a 99% em alguns estudos. Um exemplo é o teste Therascreen PIK3CA RGQ PCR, já aprovado pela FDA para identificar mutações PIK3CA em câncer de mama.
No contexto do câncer de mama, a biópsia líquida tem mostrado resultados promissores. A avaliação de mutações PIK3CA no plasma de pacientes demonstrou uma sensibilidade de 93,3% e uma especificidade de 100% na detecção precoce da doença, conforme um estudo recente publicado na Signal Transduction and Targeted Therapy.
Além disso, o ensaio SOLAR-1 indicou que o teste da variante PIK3CA por biópsia líquida para câncer de mama apresentou 97% de especificidade e 55% de sensibilidade, de acordo com pesquisa publicada no International Journal of Molecular Sciences.
Apesar do entusiasmo, é importante notar que, embora a biópsia líquida seja uma ferramenta diagnóstica inovadora com potencial para facilitar a detecção precoce, muitos desses testes ainda estão em fase de pesquisa ou validação para uso clínico rotineiro como método de diagnóstico primário.
Eles representam uma fronteira de pesquisa e podem, no futuro, complementar as ferramentas existentes. Por enquanto, não substituem os métodos de rastreamento e diagnóstico já estabelecidos, como a mamografia e a biópsia de tecido.
O hemograma completo é um exame de sangue de rotina que avalia as células sanguíneas (glóbulos vermelhos, glóbulos brancos e plaquetas). Ele é fundamental para detectar anemia, infecções e outras condições hematológicas. No entanto, o hemograma, por si só, não detecta o câncer de mama diretamente.
Em alguns casos de câncer avançado ou metastático, podem ocorrer alterações inespecíficas no hemograma, como anemia ou alterações nos glóbulos brancos. Essas alterações, contudo, são causadas pela progressão da doença ou por efeitos colaterais do tratamento, e não são um indicativo inicial ou diagnóstico do câncer de mama.
Para o diagnóstico precoce e preciso do câncer de mama, os exames mais confiáveis e amplamente recomendados são os de imagem e a biópsia.
A mamografia é o principal método de rastreamento para o câncer de mama. Trata-se de um exame de imagem que usa raios-X para criar uma imagem detalhada do tecido mamário.
É capaz de identificar lesões muito pequenas, muitas vezes antes que sejam palpáveis. A frequência e a idade para iniciar a mamografia podem variar conforme as diretrizes médicas e o histórico de cada paciente.
A ultrassonografia mamária é frequentemente usada como complemento à mamografia, especialmente em mulheres com mamas densas ou para investigar achados específicos.
A ressonância magnética (RM) da mama é um exame mais sensível, reservado para casos específicos, como mulheres com alto risco genético, com implantes mamários ou para avaliar a extensão da doença já diagnosticada.
Quando um exame de imagem sugere a presença de uma lesão suspeita, a biópsia é o próximo passo. Este procedimento consiste na remoção de uma pequena amostra de tecido mamário para análise laboratorial por um patologista. Somente a biópsia pode confirmar se uma lesão é benigna ou maligna, estabelecendo o diagnóstico definitivo de câncer de mama.
A informação é uma ferramenta poderosa, mas a ação é vital. Entender o papel de cada exame é crucial, mas a decisão sobre qual teste é adequado para você deve ser tomada em conjunto com um médico. O diagnóstico precoce do câncer de mama aumenta significativamente as chances de cura e a eficácia do tratamento.
Mantenha-se atenta aos sinais do seu corpo, realize o autoexame das mamas e, principalmente, siga as recomendações de rastreamento do seu médico. A prevenção e o acompanhamento regular são seus maiores aliados na saúde da mama.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista do Ministério da Saúde.
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