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Qual a diferença entre convulsão e epilepsia e quando buscar ajuda médica

Embora relacionados, convulsão é um evento único e um sintoma, enquanto epilepsia é uma doença neurológica crônica.

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Imagine a cena: durante uma reunião de família, uma pessoa de repente cai no chão, seu corpo se enrijece e começa a ter tremores incontroláveis. O pânico se instala e a primeira palavra que vem à mente de muitos é "epilepsia". No entanto, o que foi presenciado é uma convulsão, que é um sintoma e nem sempre significa a presença da doença.

Compreender a distinção entre esses dois termos é crucial, pois uma convulsão pode ser um episódio único, enquanto a epilepsia é uma condição que exige acompanhamento médico contínuo. A confusão entre eles pode gerar ansiedade e desinformação.

O que é exatamente uma convulsão?

Uma convulsão é um evento neurológico súbito e temporário. Ela ocorre devido a uma descarga elétrica excessiva e desorganizada dos neurônios, as células do cérebro. Pense nisso como um "curto-circuito" cerebral momentâneo.

Essa atividade anormal pode se manifestar de várias formas, mas a mais conhecida é a crise tônico-clônica, que envolve:

  • perda de consciência;
  • contrações musculares involuntárias e rítmicas (tremores);
  • rigidez do corpo;
  • salivação excessiva e, por vezes, mordedura da língua.

Contudo, é importante saber que uma convulsão não é a doença em si, mas sim um sinal de que algo irritou o cérebro. É um sintoma, assim como a febre é um sintoma de uma infecção.

Neurologistas podem acompanhar no diagnóstico e tratamento dessas condições. A Rede Américas possui profissionais renomados no Brasil inteiro.

Então, o que define a epilepsia?

A epilepsia é uma doença neurológica crônica. Sua principal característica é a predisposição duradoura do cérebro para gerar crises epilépticas recorrentes e não provocadas, incluindo convulsões, de forma repetida. É uma condição definida pela ocorrência de crises convulsivas repetidas e sem causa imediata identificável, o que a diferencia de uma única crise isolada que pode acontecer por diversas razões.

Para que um médico diagnostique a epilepsia, geralmente é necessário que o paciente tenha tido pelo menos duas crises não provocadas, com um intervalo de mais de 24 horas entre elas. "Não provocada" significa que a crise não foi causada por um gatilho temporário e reversível.

Qual é a principal diferença na prática?

A forma mais simples de entender é pensar em frequência e causa. Uma convulsão é o evento; a epilepsia é a condição que causa a repetição desses eventos sem um gatilho externo claro. Uma pessoa pode ter uma única convulsão na vida e nunca ser diagnosticada com epilepsia.

Enquanto uma convulsão é um evento isolado, que pode ser provocado por diversas condições e, muitas vezes, não se repete, a epilepsia é uma doença neurológica crônica. Esta é caracterizada por crises recorrentes, espontâneas e não provocadas, havendo um alto risco de sua repetição. A distinção fundamental é que a convulsão é o episódio, e a epilepsia é a condição subjacente que causa a recorrência desses episódios.

Para facilitar a visualização, veja a tabela abaixo:

Característica

Convulsão

Epilepsia

 

Definição

Um evento único, um sintoma.

Uma doença crônica, uma condição.

Causa

Pode ter um gatilho claro e reversível.

Crises recorrentes e espontâneas (não provocadas).

Frequência

Pode acontecer apenas uma vez na vida.

Caracterizada pela recorrência de crises.

Exemplo

Crise por febre muito alta em uma criança.

Crises que ocorrem periodicamente sem motivo aparente.

O que pode causar uma convulsão que não seja epilepsia?

Diversos fatores podem irritar o cérebro e provocar uma convulsão isolada. Nestes casos, uma vez que a causa subjacente é tratada ou removida, a pessoa não volta a ter crises. Algumas causas comuns incluem:

  • febre alta, especialmente em crianças pequenas (convulsão febril);
  • traumatismo craniano;
  • infecções como meningite ou encefalite;
  • níveis muito baixos de açúcar no sangue (hipoglicemia);
  • abstinência de álcool ou drogas;
  • distúrbios metabólicos ou desequilíbrios eletrolíticos.

Como o diagnóstico é feito?

Quando alguém apresenta uma crise convulsiva pela primeira vez, a avaliação médica é fundamental. O especialista, geralmente um neurologista, irá investigar o histórico completo do paciente e do evento para determinar a causa.

Exames como o eletroencefalograma (EEG), que registra a atividade elétrica do cérebro, e exames de imagem, como tomografia computadorizada ou ressonância magnética, podem ser solicitados. Eles ajudam a identificar se há alguma anormalidade cerebral que predisponha a novas crises, o que poderia indicar um diagnóstico de epilepsia.

O que fazer ao presenciar uma crise convulsiva?

Manter a calma é o primeiro passo. A maioria das crises dura apenas alguns minutos. O objetivo principal é garantir a segurança da pessoa até que ela recupere a consciência.

  1. Proteja a cabeça: coloque algo macio, como um casaco ou travesseiro, sob a cabeça da pessoa para evitar lesões.
  2. Afaste objetos: remova móveis ou objetos pontiagudos de perto para que a pessoa não se machuque durante os tremores.
  3. Vire a pessoa de lado: assim que possível, posicione a pessoa de lado (posição lateral de segurança). Isso ajuda a evitar que ela se engasgue com a saliva.
  4. Não segure ou restrinja: nunca tente conter os movimentos da pessoa. Isso não vai parar a crise e pode causar fraturas ou lesões.
  5. Não coloque nada na boca: é um mito que a pessoa pode engolir a língua. Colocar objetos na boca pode causar quebra de dentes, lesões na mandíbula ou obstrução das vias aéreas.

Após a crise, a pessoa pode ficar sonolenta e confusa. Permaneça com ela até que esteja totalmente desperta e orientada. Chame ajuda médica de emergência se a convulsão durar mais de cinco minutos ou se a pessoa tiver dificuldade para respirar.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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