Quais danos o tabagismo ocasiona no organismo humano? Veja os efeitos nocivos

Doenças cardiovasculares e respiratórias a problemas de fertilidade: veja o impacto do cigarro em cada sistema do corpo.

Aquele café depois do almoço parece pedir um cigarro. Para muitas pessoas, é um ritual, um momento de pausa na rotina corrida. A cada tragada, porém, uma cascata de reações químicas se inicia no corpo, com consequências que vão muito além da sensação momentânea de relaxamento.

O tabagismo representa uma grave ameaça à saúde pública, sendo responsável por aproximadamente 8 milhões de mortes anuais em todo o mundo. Desse total, cerca de 6 milhões de óbitos atingem diretamente os fumantes ativos, classificando-o como a segunda principal causa global de morte.

Além disso, o tabagismo é uma doença crônica de alto impacto, que causou cerca de 200 milhões de anos de vida ajustados por incapacidade (DALYs) em 2019. O hábito de fumar é um fator de risco comprovado para diversas doenças não transmissíveis, incluindo problemas cardiovasculares, doenças respiratórias crônicas e câncer. 

É importante destacar que aproximadamente 13% das mortes globais relacionadas ao tabagismo são causadas pela inalação da fumaça por não-fumantes, o chamado fumo passivo.

Clínicos gerais podem ajudá-lo com as melhores estratégias para o tratamento do tabagismo. A Rede Américas possui especialistas renomados atendendo em vários hospitais do Brasil.

Como o cigarro age no corpo humano?

Ao fumar, você inala uma mistura complexa de substâncias químicas. As três mais conhecidas são a nicotina, o monóxido de carbono e o alcatrão. A nicotina é a substância psicoativa que causa a dependência; ela atinge o cérebro em segundos, liberando dopamina e gerando uma sensação de prazer.

O monóxido de carbono, o mesmo gás tóxico emitido por escapamentos de carros, compete com o oxigênio no sangue. Isso reduz a oxigenação de todos os órgãos e tecidos, forçando o coração a trabalhar mais. Já o alcatrão é um conjunto de partículas que se depositam nos pulmões, contendo a maior parte das substâncias cancerígenas.

Quais são os principais danos do tabagismo ao sistema respiratório?

Os pulmões são a porta de entrada da fumaça e, por isso, os primeiros e mais afetados. A exposição contínua às toxinas do cigarro causa inflamação crônica nas vias aéreas, levando a condições graves.

As principais doenças respiratórias relacionadas ao fumo incluem:

• Doença Pulmonar Obstrutiva Crônica (DPOC): um termo que engloba a bronquite crônica e o enfisema pulmonar. A DPOC dificulta progressivamente a respiração e não tem cura.
• Câncer de pulmão: segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o tabagismo é a principal causa do desenvolvimento de câncer de pulmão.
• Agravamento da asma: a fumaça irrita as vias aéreas, podendo desencadear crises de asma mais frequentes e severas.
• Infecções respiratórias: fumar danifica os mecanismos de defesa dos pulmões, aumentando a suscetibilidade a pneumonias e outras infecções.

De que forma o cigarro afeta o coração e a circulação?

O sistema cardiovascular é um dos mais prejudicados pelo tabagismo. As substâncias tóxicas do cigarro danificam o revestimento dos vasos sanguíneos, facilitando o acúmulo de placas de gordura (aterosclerose). Esse processo estreita e endurece as artérias.

Assim, o risco de desenvolver doenças cardiovasculares aumenta significativamente. Os principais problemas são:

• Infarto agudo do miocárdio: o fumo aumenta a pressão arterial, a frequência cardíaca e a probabilidade de formação de coágulos que podem bloquear as artérias do coração.
• Acidente Vascular Cerebral (AVC): o mesmo processo de formação de coágulos e danos aos vasos pode ocorrer no cérebro, causando um derrame.
• Hipertensão arterial: a nicotina causa a contração dos vasos sanguíneos, elevando a pressão arterial de forma aguda e crônica.
• Aneurismas: o tabagismo enfraquece a parede das artérias, aumentando o risco de dilatações anormais, como o aneurisma de aorta.

Qual a relação entre tabagismo e o desenvolvimento de câncer?

A relação entre cigarro e câncer é direta e bem documentada. As substâncias cancerígenas presentes na fumaça alteram o DNA das células, levando ao crescimento descontrolado que caracteriza o tumor. Embora o câncer de pulmão seja o mais famoso, o tabagismo está associado a múltiplos tipos de câncer.

De acordo com o INCA e outras agências de saúde globais, fumar contribui para o desenvolvimento de câncer em diversas partes do corpo:

O tabagismo prejudica outros sistemas do corpo?

Sim, os efeitos do fumo são sistêmicos e afetam praticamente todo o organismo. Muitas vezes, esses danos são silenciosos e se manifestam apenas após anos de tabagismo.

Saúde bucal e digestiva

Fumar causa mau hálito, amarelamento dos dentes e aumenta o risco de doenças gengivais e perda dentária. Além disso, pode levar a úlceras gástricas, pois reduz as defesas naturais do estômago contra o ácido.

Pele, ossos e envelhecimento

As toxinas do cigarro diminuem a circulação sanguínea na pele, reduzindo a oxigenação e o aporte de nutrientes. Isso acelera o aparecimento de rugas e deixa a pele com um aspecto opaco. O fumo também interfere na absorção de cálcio, contribuindo para a perda de massa óssea e o desenvolvimento de osteoporose.

Sistema nervoso e saúde mental

Além de ser um fator de risco conhecido para AVC, o tabagismo pode afetar a saúde mental. Embora a nicotina cause uma sensação temporária de alívio, a dependência está frequentemente associada a maiores níveis de ansiedade e estresse.

Fertilidade e saúde sexual

Tanto em homens quanto em mulheres, o tabagismo pode prejudicar a fertilidade. Nos homens, está associado à disfunção erétil (impotência) e à diminuição da qualidade do sêmen. Nas mulheres, pode dificultar a concepção, antecipar a menopausa e aumentar o risco de complicações durante a gravidez.

Quais os benefícios de parar de fumar?

A boa notícia é que o corpo humano tem uma incrível capacidade de recuperação. Os benefícios de abandonar o cigarro são quase imediatos e se acumulam com o tempo, reduzindo progressivamente os riscos de desenvolver doenças graves. 

É importante notar que uma maior consciência sobre os riscos à saúde causados pelo tabagismo, combinada com atitudes mais negativas em relação ao hábito, são fatores essenciais que aumentam significativamente a motivação para parar de fumar.

• Em 20 minutos: a pressão arterial e a frequência cardíaca voltam ao normal.
• Em 12 horas: o nível de monóxido de carbono no sangue cai para níveis normais.
• De 2 a 12 semanas: a circulação melhora e a função pulmonar aumenta.
• De 1 a 9 meses: a tosse e a falta de ar diminuem.
• Em 1 ano: o risco de doença coronariana cai pela metade.
• Em 5 anos: o risco de AVC pode se igualar ao de um não fumante.
• Em 10 anos: o risco de morrer de câncer de pulmão é cerca de metade do de um fumante.

Onde encontrar ajuda profissional para deixar o cigarro?

Parar de fumar é um desafio, principalmente por causa da dependência da nicotina. Buscar ajuda profissional aumenta muito as chances de sucesso. Converse com um médico ou psicólogo para avaliar as melhores estratégias para o seu caso, que podem incluir terapia de reposição de nicotina, medicamentos e acompanhamento terapêutico.

O Sistema Único de Saúde (SUS) também oferece tratamento gratuito para o tabagismo em diversas unidades de saúde por todo o Brasil. O primeiro passo é reconhecer o problema e buscar o suporte necessário para essa importante jornada em direção a uma vida mais saudável.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

ALALWAN, M. A. et al. Correlates of motivation to quit waterpipe tobacco smoking among US young adults: implications for cessation interventions. Health Education Research, 2023. Disponível: https://academic.oup.com/her/article/38/4/338/7059629. Acesso em: 25 nov. 2025.

DABA, C. et al. Prevalence of tobacco smoking and associated factors among adults in Ethiopia: a systematic review and meta-analysis. Frontiers in Public Health, jul. 2024. Disponível: https://www.frontiersin.org/journals/public-health/articles/10.3389/fpubh.2024.1353033/full. Acesso em: 25 nov. 2025.

GULIANI, H.; GAMTESSA, S.; ÇULE, M. Factors affecting tobacco smoking in Ethiopia: evidence from the demographic and health surveys. BMC Public Health, 12 jul. 2019. Disponível: https://link.springer.com/article/10.1186/s12889-019-7200-8. Acesso em: 25 nov. 2025.

RAHMAN, M. A. et al. Was there any change in tobacco smoking among adults in Bangladesh during 2009–2017? Insights from two nationally representative cross-sectional surveys. BMJ Open, 20 dez. 2021. Disponível: https://bmjopen.bmj.com/content/11/12/e057896. Acesso em: 25 nov. 2025.

XIE, J. et al. Proportions and trends of global adolescent knowledge and attitudes toward tobacco smoking from 1999 to 2019. Frontiers in Public Health, 18 ago. 2025. Disponível: https://www.frontiersin.org/journals/public-health/articles/10.3389/fpubh.2025.1546867/full. Acesso em: 25 nov. 2025.