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Periodontite avançada: o que fazer quando a sua gengiva está em risco?

Entenda o que é o estágio mais grave da doença periodontal, seus principais sintomas e as opções de tratamento para controlar a infecção.

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Imagine notar um pouco de sangue na escova de dentes ou no fio dental. No início, pode não parecer algo grave, mas com o tempo, você percebe que suas gengivas estão mais recuadas e um ou mais dentes parecem um pouco frouxos. Essa é uma jornada comum para quem descobre a periodontite avançada, uma condição séria que exige atenção imediata.

O que é periodontite avançada e como ela se desenvolve?

A periodontite avançada representa o estágio mais severo da doença periodontal. É uma inflamação crônica que destrói progressivamente os tecidos que dão suporte aos dentes, como o osso e o ligamento periodontal, sendo considerada a principal causa de perda dentária. Sem tratamento, essa condição pode levar à formação de bolsas periodontais, à perda óssea e, consequentemente, à queda dos dentes.

Nesta fase, a destruição desses tecidos é significativa. O osso que ancora os dentes é progressivamente reabsorvido pelo organismo na tentativa de se afastar da infecção, causando inflamação e, em alguns casos, abscessos. Como resultado, os dentes perdem sua base de sustentação, ficam moles e, sem tratamento, podem cair ou precisar de extração. No entanto, os tratamentos buscam controlar essa destruição.

Endodontistas são os especialistas que podem acompanhar esse tipo de quadro. A Rede Américas possui profissionais de renome no Brasil inteiro.

Da gengivite à periodontite: uma progressão silenciosa

A doença periodontal raramente começa em seu estágio avançado. Sua evolução costuma seguir um padrão:

  1. Gengivite: tudo começa com o acúmulo de placa bacteriana, uma película pegajosa de bactérias que se forma sobre os dentes. Se não removida, ela irrita a gengiva, causando inflamação, vermelhidão e sangramento durante a escovação. Este estágio é reversível com higiene bucal adequada e limpeza profissional.
  2. Periodontite: se a gengivite não for tratada, a inflamação avança. As gengivas começam a se afastar dos dentes, criando "bolsas periodontais". Essas bolsas acumulam mais placa e tártaro (placa endurecida), aprofundando a infecção. A perda óssea começa neste estágio.
  3. Periodontite avançada: as bolsas se tornam muito profundas, a perda óssea é extensa e as fibras que seguram os dentes são destruídas. A infecção pode levar à formação de abscessos e comprometer seriamente a dentição.

Quais são os principais sinais e sintomas de alerta?

No estágio avançado, os sintomas da periodontite são mais evidentes e não devem ser ignorados. Esta condição inflamatória crônica se manifesta com sinais claros nas gengivas e na estrutura de suporte dos dentes, podendo causar gengivas sangrando, inchaço e dor. 

Fique atento se você apresentar um ou mais dos seguintes sinais:

  • Gengivas severamente inchadas, de cor vermelho-escura ou arroxeada.
  • Sangramento espontâneo das gengivas ou ao menor toque.
  • Recessão gengival acentuada, fazendo os dentes parecerem mais longos.
  • Presença de pus entre os dentes e a gengiva.
  • Dentes com mobilidade ou que mudaram de posição.
  • Mau hálito persistente (halitose) que não melhora com a higiene.
  • Dor ou desconforto ao mastigar.
  • Alteração no encaixe dos dentes (mudança na oclusão).

Por que a periodontite avançada acontece?

A causa raiz da periodontite é a placa bacteriana. Contudo, diversos fatores podem acelerar sua progressão para um estágio avançado, aumentando a suscetibilidade do indivíduo ou dificultando a resposta do corpo à infecção.

Fatores de risco que aumentam a suscetibilidade

  • Higiene bucal deficiente: a escovação e o uso de fio dental inadequados são a principal causa do acúmulo de placa.
  • Tabagismo: fumar é um dos maiores fatores de risco. Ele prejudica a circulação nas gengivas, dificulta a cicatrização e mascara os primeiros sinais da doença, como o sangramento.
  • Genética: algumas pessoas têm uma predisposição hereditária para desenvolver doenças periodontais.
  • Doenças sistêmicas: o diabetes não controlado, em particular, aumenta o risco e a severidade da periodontite. Outras condições, como doenças autoimunes e cardiovasculares, também estão associadas.
  • Alterações hormonais: mudanças hormonais na gravidez, menopausa ou puberdade podem deixar as gengivas mais sensíveis.
  • Estresse: o estresse crônico pode debilitar o sistema imunológico, dificultando o combate à infecção bacteriana.

Quais são os riscos da periodontite para a saúde geral?

A periodontite não é apenas um problema bucal. Em casos avançados, a área inflamada na boca pode ser tão grande quanto a palma da sua mão. Essa inflamação crônica e as bactérias presentes permitem que substâncias inflamatórias entrem na corrente sanguínea e afetem a saúde do corpo todo. Estudos científicos associam a doença periodontal a um risco aumentado para diversas condições sistêmicas.

A relação mais bem estabelecida é com o diabetes, em uma via de mão dupla: o diabetes dificulta o controle da periodontite, e a periodontite pode desregular os níveis de glicose no sangue. 

Além disso, há correlações estudadas com doenças cardiovasculares, complicações na gravidez e doenças respiratórias. Dados do Instituto do Coração (Incor), apontam que 36% das mortes em decorrência de problemas cardíacos são de origem dental. Em relação a prevalência em doenças cardíacas, problemas dentais têm 46% de incidência. O levantamento foi informado no Jornal da USP (2019).

Sem o devido tratamento, os riscos podem ser gravíssimos para o corpo inteiro. Não subestime a importância do acompanhamento médico periódico.

Existe tratamento para periodontite avançada?

Sim, existe tratamento. O objetivo principal é frear a progressão da doença, eliminar a infecção bacteriana e, sempre que possível, preservar os dentes. O plano de tratamento é complexo e depende do grau de destruição, sendo conduzido por um dentista ou, mais especificamente, um periodontista.

Tipo de Tratamento

Descrição

Objetivo Principal

 

Raspagem e Alisamento Radicular

Limpeza profunda realizada sob anestesia local para remover tártaro e placa das bolsas periodontais e da superfície das raízes dos dentes.

Remover a fonte da infecção e permitir que a gengiva volte a aderir ao dente.

Cirurgia de Retalho (Cirurgia Periodontal)

Procedimento em que a gengiva é levantada para permitir acesso total às raízes para uma limpeza mais eficaz e para remodelar o osso danificado.

Eliminar bolsas periodontais profundas e facilitar a higiene diária.

Enxertos Ósseos e Teciduais

Uso de osso (sintético, doador ou do próprio paciente) ou tecido gengival para reconstruir áreas com perda severa de suporte.

Regenerar parte do osso e da gengiva perdidos, aumentando a sustentação do dente.

Regeneração Tecidual Guiada (RTG)

Colocação de uma membrana biocompatível entre o osso e a gengiva, que guia o crescimento de novo tecido ósseo onde ele foi destruído.

Estimular a capacidade natural do corpo de regenerar o suporte dentário.

Vale dizer que o sucesso de qualquer tratamento depende fundamentalmente do comprometimento do paciente com uma rotina rigorosa de higiene bucal e com as consultas de manutenção periódica, geralmente a cada 3 ou 4 meses.

É possível reverter a perda óssea causada pela doença?

Esta é uma das principais dúvidas de quem enfrenta o problema. A periodontite, uma vez instalada, não tem "cura" no sentido de reverter completamente todos os danos. A perda óssea e a retração gengival são, em grande parte, permanentes.

No entanto, o tratamento consegue paralisar a progressão da destruição. Além disso, procedimentos regenerativos como enxertos ósseos e a RTG podem, em casos selecionados, recuperar parte do suporte perdido, melhorando o prognóstico do dente. A viabilidade desses procedimentos deve ser avaliada individualmente por um especialista.

Como prevenir a recorrência da periodontite?

Após o tratamento da periodontite avançada, o foco se volta para a prevenção e manutenção. O controle da doença é um esforço para toda a vida.

  • Higiene bucal impecável: escove os dentes ao menos duas vezes ao dia e use fio dental ou escovas interdentais diariamente, conforme orientação profissional.
  • Consultas de manutenção: visite seu periodontista nos intervalos recomendados. Essas consultas são essenciais para monitorar a saúde gengival e realizar limpezas profissionais.
  • Controle dos fatores de risco: se você fuma, parar é a medida mais importante. Se tem diabetes, mantenha a doença sob controle.

A periodontite avançada é uma condição desafiadora, mas com diagnóstico correto e tratamento adequado, é possível controlar a doença, manter seus dentes e proteger sua saúde geral.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

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