07/05/2025
Revisado em: 07/05/2025
Erro refrativo dificulta enxergar objetos distantes com clareza, afetando cada vez mais crianças e jovens
Sabe aquela dificuldade para ler a placa do ônibus que está vindo ou reconhecer um amigo do outro lado da rua? Se você se identifica com isso, pode ser que tenha miopia.
Esta é uma condição ocular comum e que tem se tornado ainda mais frequente nos últimos anos, especialmente entre os mais jovens. Mas o que exatamente acontece nos nossos olhos? Por que algumas pessoas desenvolvem essa dificuldade e outras não? E o que pode ser feito para que enxerguem o mundo com mais nitidez? Siga a leitura e saiba mais sobre o tema.
A miopia é um erro refrativo que acontece quando a luz que entra no olho não é focalizada corretamente na retina, mas sim à frente dela. Esse desvio faz com que objetos distantes apareçam embaçados, enquanto a visão de perto permanece relativamente boa.
Para entendermos melhor a condição, precisamos saber como funciona a visão. De forma bem simples: a luz entra nos nossos olhos, passa por algumas estruturas transparentes na frente (a córnea e o cristalino, que funcionam como lentes) e precisa ser focada direitinho lá no fundo do olho, numa camada sensível à luz chamada retina. A retina, então, manda a informação para o cérebro, que "traduz" isso na imagem que vemos.
Em um olho sem problemas de grau (emétrope), esse foco acontece exatamente sobre a retina, resultando em uma imagem nítida. Na miopia, algo diferente acontece: a imagem dos objetos distantes acaba sendo focada antes da retina, e não sobre ela. Quando a luz chega na retina, já está desfocada, e é por isso que o mundo lá longe parece embaçado.
Mas por que esse erro de foco acontece? Geralmente, pelo fato do olho ser mais longo que o normal, o que faz com que o ponto de foco caia antes da retina. Mas também há casos em que o comprimento do olho é normal, mas a córnea ou o cristalino têm uma curvatura muito acentuada, o que faz com que a luz seja desviada (refratada) demais, focando também antes da retina. é a chamada miopia refrativa.
Na prática, o resultado é o mesmo: dificuldade para ver de longe. A miopia geralmente começa a se desenvolver na infância ou adolescência e pode progredir (aumentar o grau) durante os anos de crescimento, tendendo a estabilizar no início da idade adulta. Lembrando ainda que fatores ambientais, como uso prolongado de dispositivos eletrônicos e atividades que exigem foco intenso de perto, podem contribuir para o seu aparecimento.
O sintoma principal e mais óbvio da miopia é a visão embaçada para longe. Mas ela pode se manifestar de outras formas no cotidiano:
Caso você identifique algum desses sinais, é importante realizar uma avaliação oftalmológica. Um diagnóstico precoce ajuda a definir as melhores estratégias para corrigir a visão e prevenir que o quadro se agrave.
Em crianças, pode ser mais difícil perceber. Por isso, uma consulta anual ao oftalmologista é tão importante. E você, se for cuidador/a de uma criança, observe se ela se aproxima muito dos objetos, se aperta os olhos, se parece desinteressada por atividades que exigem visão de longe ou se tem queda no rendimento escolar.
Por que algumas pessoas desenvolvem miopia e outras não? Existe uma combinação de fatores envolvidos, sendo que a genética é o principal deles. Se um ou ambos os pais são míopes, a chance de o filho também ser aumenta consideravelmente, ou seja, existe uma predisposição herdada. Mas ainda podem influenciar no surgimento da condição:
A interação entre a genética e o ambiente é bastante complexa, mas está cada vez mais evidente que os hábitos modernos, como muito tempo de tela e menos atividades ao ar livre, vem contribuindo para o aumento expressivo da miopia em todo o mundo, no que alguns especialistas já chamam de "epidemia de miopia".
O diagnóstico da miopia é simples e geralmente realizado através de um exame oftalmológico completo. Durante a consulta, o médico conversa com o paciente sobre seus sintomas, histórico de saúde pessoal e familiar, hábitos de vida e dificuldades visuais.
Realiza então o teste de acuidade visual, o famoso teste de ler as letrinhas (ou figuras, para crianças) em um quadro a uma certa distância (tabela de snellen). Dessa forma, ele mede o quão nítida é a visão do paciente sem correção. Já o exame de refração determina se o paciente tem algum erro refrativo (miopia, hipermetropia, astigmatismo) e qual o "grau" necessário para corrigi-lo.
O exame de fundo de olho (fundoscopia) avalia a saúde da retina, do nervo óptico e dos vasos sanguíneos. Com ele, o médico descarta outras doenças e verifica se a miopia (especialmente a alta miopia) está causando alguma alteração no fundo do olho.
Ainda faz parte da consulta a medida da pressão intraocular (tonometria), para verificar o risco de glaucoma.
Com base nesses exames, o oftalmologista confirma o diagnóstico de miopia, determina o grau e discute as melhores opções de correção.
A forma mais comum de corrigir a miopia é usando lentes corretivas, que podem ser óculos ou lentes de contato. O princípio é o mesmo: essas lentes são do tipo divergente (côncavas), o que significa que elas "abrem" os raios de luz antes que eles entrem no olho. Isso compensa o excesso de poder de foco do olho míope, fazendo com que a imagem se forme agora corretamente sobre a retina.
Os óculos são a opção mais simples, segura e acessível para a maioria das pessoas. Não exigem contato direto com o olho (menor risco de infecção) e podem ter tratamentos adicionais (antirreflexo, proteção UV, filtro de luz azul). Mas há desvantagens: podem embaçar, limitar o campo de visão periférica, ser incômodos para praticar esportes, claro, interferem aparência - mas esta é uma questão de gosto pessoal
Já as lentes de contato ficam diretamente sobre a córnea. Elas oferecem um campo de visão mais amplo e natural (sem a armação dos óculos), não embaçam, são a melhor opção para a prática esportiva e imperceptíveis. Mas exigem um período de adaptação e cuidados rigorosos de higiene para evitar infecções e complicações. Trazem ainda custos recorrentes (troca das lentes, soluções de limpeza) e podem causar olho seco em algumas pessoas.
A escolha entre óculos e lentes de contato, e o tipo específico de lente, deve ser feita em conjunto com o oftalmologista, considerando o grau, a saúde dos olhos, o estilo de vida e as preferências do paciente.
Para quem deseja reduzir ou eliminar a dependência de óculos ou lentes de contato, a cirurgia refrativa pode ser uma opção. Os procedimentos mais comuns utilizam um laser (excimer laser) para remodelar a córnea, alterando sua curvatura e corrigindo o erro de foco.
A cirurgia para miopia é indicada quando o paciente cumpre os seguintes quesitos:
Assim, como nem todo paciente é elegível para a cirurgia, a avaliação detalhada com um cirurgião oftalmológico é essencial. Apesar dos riscos e custos envolvidos, muitos pacientes relatam uma melhoria significativa na qualidade de vida após a intervenção.
Embora a miopia possa ter uma forte componente genética, algumas medidas relacionadas ao estilo de vida podem ajudar a “desacelerar a progressão do grau”, especialmente em crianças e adolescentes:
Para quem já usa óculos ou lentes de contato, é importante realizar consultas oftalmológicas regulares, garantindo que a prescrição esteja sempre atualizada e adequada às necessidades visuais.
Manter um acompanhamento regular com um oftalmologista é fundamental para quem tem miopia. A periodicidade das consultas pode variar de acordo com a idade e a evolução do grau, mas o acompanhamento contínuo permite detectar qualquer alteração e ajustar o tratamento conforme necessário.
Esse cuidado preventivo não só melhora a acuidade visual, mas também ajuda a identificar possíveis complicações, como o desenvolvimento de outras condições refrativas ou problemas na retina.
A frequência das visitas varia conforme a idade, o grau da miopia e a presença de outros fatores de risco, mas geralmente recomenda-se exames anuais para crianças e adolescentes, e a cada 1 ou 2 anos para adultos com miopia estável, ou conforme a orientação do seu médico.
A miopia é uma condição visual em que objetos distantes aparecem borrados, geralmente causada por um alongamento do globo ocular ou curvatura excessiva da córnea.
Principalmente fatores genéticos, mas, hábitos diários, como uso prolongado de telas e leitura intensa, também podem levar ao desenvolvimento e agravamento da miopia.
Enquanto a miopia dificulta a visão de objetos distantes, o astigmatismo causa distorções na visão, afetando tanto objetos de longe quanto de perto.
Pessoas míopes veem objetos próximos com clareza, mas têm dificuldade para focalizar imagens distantes, o que pode comprometer atividades como dirigir ou assistir a uma apresentação.
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