15/08/2025
Revisado em: 15/08/2025
Esse câncer afeta apenas 4% dos casos na fase adulta
Descobrir um câncer raro pode despertar medo de forma geral. É assim que algumas pessoas se sentem ao ouvir, pela primeira vez, o nome neuroblastoma em adultos - uma condição tão incomum que nem sempre aparece nos guias médicos.
Embora esse tipo de tumor seja mais comum em crianças, ele também pode surgir na fase adulta. Casos como esses são raríssimos: um estudo analisou 6.350 pacientes com neuroblastoma entre 2004 e 2019 e identificou a doença em apenas 256 adultos (4% dos casos). Justamente por isso, o caminho até o diagnóstico costuma ser mais longo.
Nessa hora, ter acesso a informações claras pode ajudar a aliviar o peso da incerteza. Saber como o neuroblastoma se manifesta, quais são os tratamentos possíveis e o que a medicina já descobriu sobre ele é um passo importante para seguir com a jornada.
O neuroblastoma é um tipo de câncer que se origina a partir de células nervosas imaturas do sistema nervoso simpático, responsável por controlar funções involuntárias do corpo, como os batimentos cardíacos e a pressão arterial.
Essas células geralmente estão localizadas nas glândulas adrenais, situadas acima dos rins, mas também podem aparecer na medula espinhal, tórax, abdômen, pelve e pescoço.
Na infância, é o tumor sólido extracraniano maligno (neuroblastoma) mais frequente, representando cerca de 7% dos cânceres pediátricos. Já o neuroblastoma em maiores de idade é considerado um evento clínico raro.
Isso significa que há poucos protocolos específicos para adultos, e o tratamento costuma ser adaptado a partir das diretrizes pediátricas.
Ainda não se sabe exatamente o que causa o neuroblastoma após a infância. Em crianças, fatores genéticos e alterações durante o desenvolvimento embrionário parecem desempenhar um papel importante. Em adultos, no entanto, as pesquisas ainda são escassas.
Em pesquisa publicada na PubMed Central, é possível acreditar que mutações genéticas somáticas, ou seja, adquiridas ao longo da vida, possam estar associadas à origem do tumor. Algumas dessas mutações podem afetar genes ligados ao crescimento celular, como o ALK (anaplastic lymphoma kinase), que também aparece em outros tipos de câncer.
Ainda não há evidências conclusivas sobre fatores ambientais ou comportamentais que aumentem o risco da doença em adultos.
Como o neuroblastoma em adultos não está relacionado ao histórico familiar na maioria dos casos, o diagnóstico muitas vezes ocorre de forma inesperada, a partir de sintomas inespecíficos que acabam levando o paciente a buscar ajuda médica.
Os sinais da doença podem variar bastante, dependendo da localização do tumor e do estágio em que ele se encontra.
Diferente do que acontece em crianças, onde os sintomas podem ser rapidamente identificados, em adultos o quadro pode evoluir de forma silenciosa por meses, dificultando o diagnóstico precoce.
Entre os sintomas mais comuns estão:
Esses sintomas podem ser confundidos com outras doenças benignas, o que leva muitos pacientes a passarem por diversas especialidades médicas antes de obterem um diagnóstico definitivo.
A confirmação do neuroblastoma em adultos costuma envolver exames de imagem, como:
O tratamento do neuroblastoma em adultos é o mesmo protocolo que o quadro pediátrico. Ou seja, a abordagem é multidisciplinar e pode incluir diversas maneiras de terapia. Veja as opções:
A quimioterapia é essencial em praticamente todos os estágios do neuroblastoma em adultos, especialmente quando há metástases.
Os esquemas mais utilizados incluem combinações de medicamentos como ciclofosfamida, doxorrubicina, vincristina, cisplatina e etoposídeo.
Esses fármacos agem destruindo células cancerígenas, mas também afetam células saudáveis, o que pode causar efeitos colaterais como:
A resposta ao tratamento é monitorada com exames periódicos e ajustes podem ser feitos ao longo do processo.
Sempre que possível, a remoção cirúrgica do tumor é indicada como primeira etapa do tratamento.
A cirurgia é mais eficaz quando o tumor está localizado e pode ser retirado sem comprometer estruturas vitais.
Nos casos mais avançados, ela pode ser realizada após sessões de quimioterapia, com o objetivo de reduzir o tamanho do tumor.
Radioterapia é um tratamento que usa feixes de radiação para eliminar as células do câncer. Esse tipo de cuidado é direcionado só para a região do tumor, ajudando a controlar a doença sem afetar muito as outras partes do corpo.
A radioterapia pode ser usada como complemento à cirurgia ou à quimioterapia, especialmente em tumores que não foram completamente removidos ou que apresentam risco de recidiva.
A técnica utiliza feixes de radiação para destruir células malignas localizadas, minimizando danos aos tecidos saudáveis ao redor.
Quando o câncer está mais avançado ou com maior risco, uma opção é o transplante de medula óssea usando as próprias células do paciente.
E como isso funciona? Primeiro, as células-tronco são coletadas do corpo. Depois, o paciente recebe uma quimioterapia forte para eliminar o câncer, mas que também afeta a medula óssea, responsável por produzir o sangue. Então, essas células coletadas são devolvidas ao corpo para ajudar a recuperar a medula e formar sangue novo.
Essa técnica é mais comum em crianças, mas também já foi usada em adultos com bons resultados, especialmente em hospitais especializados.
Embora ainda pouco utilizada em adultos com neuroblastoma, a imunoterapia vem ganhando espaço como tratamento complementar.
Esse é um tipo de tratamento que ajuda o próprio sistema de defesa do corpo a enxergar e combater as células do câncer.
Em alguns casos, são usados anticorpos especiais que se grudam em partes do tumor, marcando ele para que o organismo consiga atacá-lo com mais facilidade.
A informação de qualidade é um passo importante para retomar o controle diante do diagnóstico. Conhecer as possibilidades de tratamento, os sintomas mais frequentes e as opções de acompanhamento é essencial para que o paciente se sinta mais seguro durante toda a jornada.
Se você ou alguém próximo recebeu o diagnóstico de neuroblastoma na fase adulta ou desconfia da possibilidade, lembre-se: não está sozinho. O acesso à informação, o apoio médico e o acolhimento humano fazem parte do caminho para lidar com esse desafio de forma mais leve e consciente.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
ESIASHVILI, N. et al. Neuroblastoma in adults: Incidence and survival analysis based on SEER data. Pediatric Blood & Cancer, Hoboken, v. 49, n. 1, p. 41–46, jul. 2007. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/16628557/. Acesso em: 4 ago. 2025.
NATIONAL CANCER INSTITUTE (US). PDQ Pediatric Treatment Editorial Board. Neuroblastoma Treatment (PDQ®) – Health Professional Version. Bethesda, MD: National Cancer Institute, [2025]. Disponível em: https://www.cancer.gov/types/neuroblastoma/hp/neuroblastoma-treatment-pdq. Acesso em: 4 ago. 2025.
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