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Mulheres com testosterona alta: o que seu corpo pode estar sinalizando?

Entenda os sinais do hiperandrogenismo, desde a acne persistente até as alterações no ciclo menstrual, e a importância do diagnóstico correto.

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Aquele pelo mais escuro que aparece no queixo de repente. A acne na região da mandíbula que insiste em não desaparecer, mesmo depois da adolescência. Ou talvez a irregularidade do ciclo menstrual que bagunça todos os seus planos. Esses sinais, muitas vezes tratados de forma isolada, podem ser a manifestação de uma condição comum: a testosterona alta.

Embora seja conhecido como um hormônio masculino, a testosterona também é produzida e essencial para a saúde feminina. Contudo, quando seus níveis se elevam além do normal, o corpo começa a dar sinais que não devem ser ignorados.

O que é considerado testosterona alta em mulheres?

A testosterona pertence a um grupo de hormônios chamados androgênios. No corpo feminino, ela é produzida em pequenas quantidades pelos ovários e pelas glândulas adrenais, desempenhando funções importantes na libido, na manutenção da massa muscular e na saúde óssea.

O quadro de testosterona alta é clinicamente conhecido como hiperandrogenismo. Ele ocorre quando há uma produção excessiva de androgênios ou quando o corpo se torna mais sensível à sua ação. Este excesso manifesta-se através de vários sintomas físicos e hormonais, como crescimento de pelos, acne, calvície de padrão masculino e alterações no ciclo menstrual.

Não existe um único "número mágico", pois os níveis de referência podem variar conforme a idade e o laboratório, mas o diagnóstico se baseia na combinação dos sintomas com os resultados de exames.

Ginecologistas podem acompanhar o tratamento de testosterona alta em mulheres de acordo com o tipo. A Rede Américas possui especialistas renomados atendendo em vários hospitais brasileiros.

Quais são os principais sintomas de testosterona elevada?

Os sinais do excesso de androgênios costumam ser visíveis e podem afetar a autoestima e a qualidade de vida. Eles se manifestam de diferentes formas no corpo, frequentemente incluindo acne, hirsutismo, ganho de peso, resistência à insulina e irregularidades menstruais.

Sinais na pele e no cabelo

A pele é um dos primeiros órgãos a reagir ao desequilíbrio hormonal. O aumento da testosterona estimula as glândulas sebáceas, resultando em:

  • Acne persistente: especialmente na idade adulta e localizada na parte inferior do rosto, como queixo e mandíbula.
  • Pele oleosa: aumento da produção de sebo no rosto e couro cabeludo.
  • Hirsutismo: crescimento de pelos grossos e escuros em áreas típicas do padrão masculino, como buço, queixo, peito, costas e parte interna das coxas.
  • Alopecia androgenética: queda de cabelo com afinamento dos fios, principalmente no topo da cabeça, semelhante à calvície masculina.

No contexto da Síndrome do Ovário Policístico (SOP), o hirsutismo é o sinal mais comum de testosterona alta. Sua presença pode indicar um risco maior para resistência à insulina e para o desenvolvimento de problemas cardiovasculares.

Alterações no ciclo menstrual e fertilidade

O excesso de androgênios interfere diretamente na função ovariana e na regularidade do ciclo menstrual, condição que é uma característica principal da Síndrome do Ovário Policístico. Isso pode levar a:

  • Ciclos irregulares: menstruações com intervalos muito longos (oligomenorreia) ou ausentes (amenorreia).
  • Dificuldade para engravidar: a irregularidade na ovulação é uma das principais causas de infertilidade feminina.

A amenorreia, ou ausência de menstruação, é uma das manifestações frequentes dessa irregularidade.

Mudanças corporais e de humor

Em níveis mais elevados e persistentes, a testosterona alta pode causar outras transformações físicas e comportamentais. Entre elas estão o aumento da massa muscular de forma mais acentuada, uma voz mais grave e alterações de humor, como irritabilidade. Observa-se também, com frequência, o ganho de peso e sinais de resistência à insulina.

A resistência à insulina, frequentemente acompanhada por obesidade abdominal, pode intensificar os sintomas de testosterona alta. Isso ocorre porque ela estimula a produção de androgênios e diminui a ação de proteínas que os inativam.

O que pode causar o aumento da testosterona feminina?

Identificar a origem do problema é o passo fundamental para definir o tratamento adequado. Diversas condições podem levar ao hiperandrogenismo.

A causa mais comum, responsável pela maioria dos casos, é a Síndrome do Ovário Policístico (SOP). Este distúrbio endócrino complexo é a principal razão para níveis elevados de testosterona em mulheres, afetando a ovulação, gerando um excesso de androgênios e frequentemente apresentando ovários com aspecto policístico. A SOP está frequentemente associada à resistência à insulina.

Outras causas possíveis incluem:

  • Hiperplasia Adrenal Congênita (HAC): uma condição genética que afeta as glândulas adrenais, levando à produção hormonal desregulada.
  • Síndrome de Cushing: ocorre devido à alta exposição ao hormônio cortisol, que pode desregular outros eixos hormonais, incluindo a produção de androgênios.
  • Tumores: embora raros, tumores localizados nos ovários ou nas glândulas adrenais podem secretar testosterona de forma autônoma.
  • Uso de medicamentos: a utilização de certos medicamentos, como esteroides anabolizantes, pode elevar artificialmente os níveis de testosterona.

Como é feito o diagnóstico do excesso de androgênios?

O diagnóstico nunca deve ser feito com base apenas em um sintoma. É necessária uma investigação cuidadosa conduzida por um ginecologista ou endocrinologista, que seguirá algumas etapas.

Primeiro, o médico realiza uma avaliação clínica detalhada, conversando sobre os sintomas, seu início, histórico menstrual e familiar. Em seguida, solicita exames de sangue para medir os níveis de testosterona total e livre, além de outros hormônios como o sulfato de deidroepiandrosterona (DHEA-S), que ajuda a identificar a origem do excesso hormonal (ovariana ou adrenal).

Dependendo da suspeita clínica, exames de imagem como o ultrassom pélvico podem ser solicitados para avaliar a aparência dos ovários, auxiliando na confirmação do diagnóstico de SOP ou na identificação de tumores.

Quais as opções de tratamento disponíveis?

O tratamento da testosterona alta foca na causa do problema e no alívio dos sintomas. As abordagens são personalizadas e podem incluir uma ou mais estratégias combinadas.

As mudanças no estilo de vida são frequentemente a primeira linha de tratamento, especialmente em casos relacionados à SOP. A adoção de uma dieta balanceada e a prática regular de atividade física ajudam no controle do peso e na melhora da sensibilidade à insulina, o que pode regularizar os níveis hormonais.

Em muitos casos, são utilizados tratamentos medicamentosos. Pílulas anticoncepcionais hormonais combinadas são frequentemente prescritas para regular o ciclo menstrual e reduzir a ação dos androgênios. Medicamentos com ação antiandrogênica também podem ser indicados para controlar sintomas como acne e hirsutismo. É fundamental que qualquer medicação seja utilizada sob estrita supervisão médica.

Além disso, tratamentos direcionados aos sintomas, como terapias dermatológicas para acne ou métodos de depilação a laser para o hirsutismo, podem ser associados para melhorar a qualidade de vida da paciente.

Quando devo procurar um médico?

É hora de agendar uma consulta com um especialista se você notar um ou mais dos seguintes sinais:

  • Surgimento ou piora de acne na vida adulta.
  • Crescimento de pelos em áreas como rosto, peito ou abdômen.
  • Irregularidade menstrual persistente ou ausência de menstruação.
  • Queda de cabelo acentuada no topo da cabeça.
  • Dificuldade para engravidar por mais de um ano.

Ignorar esses sintomas pode não apenas afetar sua autoestima, mas também mascarar condições de saúde que exigem atenção, como a SOP. A presença de hirsutismo, por exemplo, pode ser um indicativo de maior risco de resistência à insulina e de problemas cardiovasculares, que estão associados à síndrome a longo prazo, assim como o desenvolvimento de diabetes tipo 2.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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