20/08/2025
Revisado em: 28/08/2025
Saiba identificar o que está por trás do desconforto abdominal e quando é preciso buscar ajuda profissional para gases em excesso.
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Você já sentiu aquela sensação incômoda de inchaço na barriga, acompanhada de pontadas ou dor que parece não ter fim? Ter muitos gases e dor abdominal é uma queixa comum, que afeta grande parte da população em algum momento da vida.
De fato, um estudo global revelou que quase 18% da população mundial relata inchaço abdominal pelo menos uma vez por semana, sendo mais comum em mulheres e diminuindo com a idade, conforme publicado na revista Gastroenterology.
Embora seja um processo natural do corpo, o excesso de flatulências e o desconforto podem indicar que algo não vai bem.
Os gases intestinais, ou flatos, são uma parte normal do processo digestivo. Eles são produzidos principalmente pela fermentação de alimentos por bactérias presentes no intestino grosso. Além disso, a ingestão de ar durante a fala ou alimentação também contribui para sua formação.
Quando esses gases se acumulam e não são expelidos adequadamente, eles podem pressionar as paredes do intestino. Essa pressão é o que provoca a distensão abdominal, inchaço e a sensação de dor ou cólica. É importante diferenciar o inchaço (sensação subjetiva de gás preso ou pressão) da distensão (aumento objetivo e mensurável da circunferência abdominal), embora frequentemente ocorram juntos, como detalhado em um artigo da Microorganisms. A intensidade da dor varia de pessoa para pessoa e depende da quantidade de gases e da sensibilidade individual.
A combinação de muitos gases e dor abdominal pode ter diversas origens, desde hábitos simples até condições de saúde mais complexas. Entender o que provoca esses sintomas é o primeiro passo para encontrar alívio.
Sim, a dieta é uma das maiores influenciadoras na produção de gases. Certos alimentos são conhecidos por serem mais propensas a causar flatulência devido à sua composição:
Além dos alimentos, a forma como se come também importa. Engolir ar ao comer rápido, mascar chiclete, sugar balas ou falar muito durante as refeições pode levar à aerofagia, que é a ingestão excessiva de ar, resultando em mais gases.
Em alguns casos, o excesso de gases e a dor abdominal são sintomas de condições de saúde subjacentes:
Sim, o estresse e o estilo de vida podem impactar significativamente a saúde digestiva. O sistema digestório é altamente sensível às emoções. Períodos de estresse, ansiedade ou tensão podem alterar a motilidade intestinal e a percepção da dor, tornando a pessoa mais sensível aos gases e ao desconforto abdominal.
Além disso, fatores psicossociais como estresse e depressão podem contribuir para uma maior percepção do inchaço abdominal. A disfunção na coordenação entre o diafragma e os músculos abdominais, conhecida como dissinergia abdomino-frênica, também pode ser uma causa importante.
Um estilo de vida sedentário pode diminuir a movimentação intestinal, dificultando a eliminação natural dos gases. A prática regular de exercícios físicos, por outro lado, estimula o trânsito intestinal e pode ajudar a aliviar o acúmulo de gases.
Para muitas pessoas, pequenas mudanças na rotina e na alimentação podem fazer uma grande diferença no alívio dos gases e da dor abdominal. No entanto, é fundamental lembrar que essas dicas não substituem a avaliação e o acompanhamento médico.
Ajustar a alimentação é um dos pilares para controlar os gases. Considere as seguintes estratégias:
Pequenas alterações no seu dia a dia também contribuem para o alívio do desconforto:
Embora gases e dor abdominal sejam frequentemente benignos, certos sinais podem indicar uma condição mais séria que exige atenção médica. Procure um profissional de saúde se você apresentar:
Em alguns casos, sim. Embora seja incomum, o excesso persistente de gases e a dor abdominal podem, em raras situações, estar associados a condições mais graves, como inflamações crônicas ou, muito raramente, câncer.
Um estudo publicado na PLOS Medicine, que analisou mais de 477 mil pacientes, mostrou que o valor preditivo geral da dor abdominal ou inchaço para qualquer tipo de câncer nos 12 meses seguintes foi de 2,2%. No entanto, em pacientes com 60 anos ou mais, com dor abdominal ou inchaço, o risco de câncer pode ultrapassar 3%, um limiar que geralmente indica a necessidade de investigação urgente.
Testes sanguíneos de rotina podem ser cruciais para identificar riscos. Anormalidades em exames de sangue, como albumina baixa, plaquetas elevadas, PSA alto (em homens) e CA125 alto (em mulheres), são fortes indicadores de risco de câncer, especialmente em pacientes mais velhos.
A inclusão dessas informações nos critérios de encaminhamento pode ajudar a detectar pacientes adicionais com câncer subjacente. Por exemplo, para cada 1.000 pacientes com inchaço abdominal que realizaram exames de sangue, cinco pacientes adicionais com câncer puderam ser identificados para encaminhamento urgente.
É por isso que a avaliação médica é fundamental. Somente um profissional pode realizar os exames necessários, como testes de intolerância, exames de sangue, fezes ou de imagem, para descartar condições sérias e chegar a um diagnóstico preciso.
Com um diagnóstico, o tratamento adequado pode ser iniciado, trazendo alívio e garantindo sua saúde digestiva.
Se você sofre frequentemente com muitos gases e dor abdominal, e as mudanças na dieta e nos hábitos de vida não trouxeram alívio, ou se você identificar qualquer um dos sintomas de alerta mencionados, é fundamental buscar ajuda médica. Um gastroenterologista é o especialista ideal para investigar a causa dos seus sintomas e indicar o tratamento mais adequado.
Não hesite em procurar orientação profissional. Cuidar da sua saúde digestiva é cuidar da sua qualidade de vida.
Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.
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