Muita tontura: o que pode ser? Veja causas e quando procurar ajuda médica

A sensação de desequilíbrio ou de que o ambiente está girando pode ter diversas origens, desde simples a complexas.

Você se levanta da cama e, de repente, o quarto parece girar. Ou talvez, durante um dia estressante de trabalho, uma sensação de cabeça leve e instabilidade toma conta, forçando você a se sentar. Esses episódios de tontura são mais comuns do que se imagina e, embora muitas vezes sejam passageiros, podem gerar grande preocupação.

A tontura não é uma doença em si, mas um sintoma de que algo no corpo não está em perfeito equilíbrio. Entender suas possíveis causas é o primeiro passo para buscar a avaliação correta e recuperar a qualidade de vida.

O que exatamente é a sensação de tontura?

Embora o termo "tontura" seja usado de forma genérica, ele pode descrever diferentes sensações. Para um diagnóstico preciso, o médico precisará saber qual tipo você experimenta. Geralmente, as tonturas se enquadram em algumas categorias principais.

• Vertigem: é a falsa sensação de que você ou o ambiente ao redor está girando ou se movendo. Frequentemente, está associada a problemas no ouvido interno.
• Pré-síncope: é a sensação de desmaio iminente, com escurecimento da vista e fraqueza, geralmente ligada a uma queda na pressão arterial.
• Desequilíbrio: é a sensação de instabilidade ou insegurança ao caminhar, como se fosse cair a qualquer momento.
• Tontura inespecífica: é uma sensação de cabeça "aérea", flutuante ou oca, muitas vezes relacionada a fatores emocionais como a ansiedade.

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Quais são as principais causas de tontura intensa?

A tontura ocorre quando o cérebro recebe informações conflitantes dos sistemas responsáveis pelo equilíbrio: o sistema vestibular (no ouvido interno), a visão e a propriocepção (sensores nos músculos e articulações). Diversas condições podem afetar esse complexo sistema.

As causas para a tontura intensa são variadas, sendo as mais comuns a vertigem postural paroxística benigna (VPPB), a enxaqueca vestibular e a Doença de Ménière. A origem dessa tontura pode ser um problema no sistema vestibular periférico, localizado no ouvido interno, no sistema nervoso central (cérebro) ou, em alguns casos, de natureza psicológica. 

De fato, mais de 80% dos casos de tontura intensa podem ser atribuídos a seis condições médicas específicas, entre elas a VPPB e a enxaqueca vestibular.

Problemas no sistema vestibular (ouvido interno)

O labirinto, localizado no ouvido interno, é o principal centro do equilíbrio. Alterações nessa estrutura são a causa mais frequente de vertigem.

• Vertigem Posicional Paroxística Benigna (VPPB): causa episódios breves e intensos de vertigem, desencadeados por mudanças na posição da cabeça, como deitar ou virar na cama. Ocorre quando pequenos cristais de cálcio se deslocam dentro do labirinto.
• Doença de Ménière: uma condição crônica que causa crises de vertigem intensa e duradoura, acompanhadas de zumbido no ouvido, sensação de ouvido tapado e perda auditiva.
• Neurite Vestibular: uma inflamação do nervo vestibular, geralmente por uma infecção viral, que provoca vertigem súbita e forte, náuseas e vômitos, podendo durar dias.

Alterações cardiovasculares e na circulação

Um fluxo sanguíneo inadequado para o cérebro é uma causa comum de tontura do tipo pré-síncope.

• Hipotensão Ortostática: é a queda brusca da pressão arterial ao se levantar rapidamente. É uma causa muito comum de tontura e sensação de desmaio. 

A tontura intensa que surge especificamente ao se levantar e melhora ao se sentar ou deitar pode indicar que o cérebro está recebendo pouco sangue. Essa condição pode ser causada por uma queda de pressão, conhecida como hipotensão ortostática, ou por uma aceleração excessiva dos batimentos cardíacos ao mudar de postura.

• Arritmias Cardíacas: batimentos cardíacos irregulares, muito rápidos ou muito lentos, podem comprometer o bombeamento de sangue para o cérebro.
• Desidratação e Anemia: a falta de líquidos ou de glóbulos vermelhos no sangue reduz o volume sanguíneo e a oxigenação cerebral.

Condições neurológicas

O cérebro coordena todas as informações de equilíbrio. Portanto, problemas neurológicos podem manifestar-se com tontura.

• Enxaqueca Vestibular: pessoas com enxaqueca podem ter crises de tontura ou vertigem, com ou sem dor de cabeça associada.
• Acidente Vascular Cerebral (AVC): uma tontura súbita, intensa e persistente, especialmente se acompanhada de dificuldade para falar, fraqueza em um lado do corpo, visão dupla ou forte dor de cabeça, pode ser um sinal de AVC e é uma emergência médica. 

É crucial estar atento, pois uma vertigem ou tontura intensa, mesmo isolada, pode ser um sinal de alerta para um Acidente Vascular Cerebral (AVC), particularmente para pacientes que já possuem múltiplos fatores de risco vascular, como hipertensão ou diabetes.

Distúrbios metabólicos e hormonais

O funcionamento do corpo depende de um delicado equilíbrio químico, e alterações podem levar à tontura.

• Hipoglicemia: níveis baixos de açúcar no sangue podem causar tontura, fraqueza, suor frio e tremores.
• Alterações da Tireoide: tanto o hipotireoidismo quanto o hipertireoidismo podem afetar o sistema cardiovascular e neurológico, gerando tontura.
• Gravidez: mudanças hormonais e circulatórias durante a gestação podem causar tonturas frequentes.

Fatores emocionais e psicológicos

A saúde mental tem uma conexão direta com sensações físicas. A ansiedade e o pânico podem desencadear sintomas reais de tontura, muitas vezes descritos como uma sensação de "cabeça leve" ou irrealidade.

Outros gatilhos comuns

Certas substâncias e condições também podem estar por trás do sintoma. Efeitos colaterais de medicamentos, como anti-hipertensivos, antidepressivos e sedativos, são uma causa frequente. Além disso, problemas na coluna cervical e distúrbios de visão podem enviar sinais incorretos ao cérebro, resultando em desequilíbrio.

Quando devo me preocupar com a tontura?

A maioria dos casos de tontura não representa um risco de vida. No entanto, alguns sinais de alerta indicam a necessidade de procurar atendimento médico de emergência, pois podem sinalizar uma condição grave como um AVC. A vertigem ou tontura intensa, mesmo que seja o único sintoma, pode ser um sinal de alerta para um Acidente Vascular Cerebral (AVC), especialmente em indivíduos com fatores de risco vascular. Procure ajuda imediatamente se a tontura for:

• Súbita, severa e sem causa aparente.
• Acompanhada de dor de cabeça muito forte e incomum.
• Associada a visão dupla, dificuldade para enxergar, falar ou engolir.
• Junto com fraqueza ou dormência no rosto, braços ou pernas.
• Acompanhada de dor no peito, desmaio ou convulsões.
• Ocorrer após uma pancada na cabeça.

O que fazer imediatamente ao sentir muita tontura?

Durante uma crise, a prioridade é a sua segurança para evitar quedas. Adote as seguintes medidas:

1. Pare o que estiver fazendo: sente-se ou deite-se imediatamente no chão ou em um lugar seguro.
2. Evite movimentos bruscos: mantenha a cabeça o mais parada possível.
3. Foque em um ponto fixo: isso pode ajudar o cérebro a se reorientar.
4. Hidrate-se: beba um pouco de água, especialmente se suspeitar de desidratação.
5. Respire calmamente: se a tontura estiver ligada à ansiedade, a respiração profunda pode ajudar a controlar o sintoma.

Como o médico descobre a origem da tontura?

Para identificar a causa da tontura, o médico iniciará com uma conversa detalhada (anamnese), perguntando sobre as características do sintoma, sua duração, frequência e gatilhos. Em seguida, um exame físico e neurológico completo será realizado.

Dependendo da suspeita, exames complementares podem ser solicitados, como exames de sangue, testes auditivos e vestibulares, ou exames de imagem como tomografia e ressonância magnética do crânio. O diagnóstico pode envolver especialistas como o otorrinolaringologista, o neurologista ou o cardiologista.

É fundamental não ignorar a tontura, principalmente se for intensa ou recorrente. Este sintoma é um aviso do seu corpo, e identificar sua causa é essencial para um tratamento eficaz e para prevenir complicações.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

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