Ícone
InícioSaúdeEspecialidades médicas

Resuma este artigo com IA:

Ícone

Medicina hiperbárica: para que serve e como funciona esse tipo de tratamento

Uma terapia que utiliza oxigênio puro sob alta pressão para acelerar a cura de tecidos e combater infecções.

medicina hiperbárica para que serve​1.jpg

Imagine uma ferida que, apesar de todos os cuidados, curativos e medicamentos, simplesmente não cicatriza. Para muitas pessoas, especialmente aquelas com condições como diabetes ou problemas circulatórios, essa é uma realidade frustrante e perigosa. É nesse cenário que uma tecnologia avançada, a medicina hiperbárica, pode fazer a diferença.

O que é a medicina hiperbárica?

medicina hiperbárica é uma especialidade que utiliza a oxigenoterapia hiperbárica (OHB) como modalidade terapêutica. Essa técnica consiste na administração de oxigênio 100% puro em um ambiente com pressão elevada, o que permite aumentar significativamente a quantidade de oxigênio transportada pelo sangue e distribuída aos tecidos. 

O tratamento envolve fazer o paciente respirar oxigênio puro (100%) enquanto se encontra dentro de uma câmara pressurizada, com uma pressão de duas a três vezes maior que a pressão atmosférica normal ao nível do mar.

Essa combinação de alta pressão e oxigênio puro permite que o sangue transporte uma quantidade muito maior de oxigênio para todos os tecidos do corpo, inclusive para áreas com circulação sanguínea deficiente.

Fale com nossos especialistas e descubra se o tratamento hiperbárico é indicado para o seu caso.

Como a oxigenoterapia hiperbárica funciona na prática?

Em condições normais, o oxigênio é transportado principalmente pelas hemácias, as células vermelhas do sangue. No ambiente hiperbárico, o oxigênio se dissolve diretamente no plasma, a parte líquida do sangue. Isso faz com que uma quantidade até 20 vezes maior de oxigênio chegue às células.

Esse "banho" de oxigênio tem vários efeitos terapêuticos, como o combate à inflamação e a aceleração da cicatrização, o que é fundamental para a recuperação de diversos tipos de lesões. Esses efeitos incluem:

  • Combate a infecções: o oxigênio potencializa a ação dos glóbulos brancos e inibe o crescimento de certas bactérias.
  • Estimula a cicatrização: acelera a formação de novos vasos sanguíneos (angiogênese) e a produção de colágeno.
  • Reduz o inchaço: ajuda a diminuir o edema em áreas lesionadas.
  • Neutraliza toxinas: é fundamental no tratamento de intoxicações por monóxido de carbono ou cianeto.

Para que serve o tratamento na câmara hiperbárica?

A oxigenoterapia hiperbárica é um tratamento adjuvante, ou seja, complementa outras terapias como o uso de antibióticos e procedimentos cirúrgicos. 

Segundo a Sociedade Brasileira de Medicina Hiperbárica (SBMH), as principais indicações são:

  • Feridas de difícil cicatrização, como úlceras de perna e pé diabético.
  • Infecções graves de pele, tecidos moles e ossos, como gangrena gasosa e osteomielite crônica.
  • Lesões por esmagamento e traumas com grande perda de tecido.
  • Queimaduras extensas.
  • Complicações de enxertos de pele e retalhos cirúrgicos.
  • Lesões causadas por radioterapia (osteorradionecrose e cistite rádica).
  • Embolia gasosa arterial, uma complicação grave de alguns procedimentos médicos.
  • Doença descompressiva, que afeta principalmente mergulhadores.
  • Intoxicação aguda por monóxido de carbono, cianeto ou fumaça.
  • Apoio em cirurgias cardiovasculares, tanto na preparação do paciente quanto no tratamento de complicações pós-operatórias, visando melhorar a recuperação.

Quando um paciente precisa de medicina hiperbárica?

A decisão de encaminhar um paciente para a oxigenoterapia hiperbárica é sempre médica e baseada em protocolos clínicos rigorosos. Geralmente, essa terapia é considerada quando os tratamentos convencionais não estão apresentando os resultados esperados ou quando a condição do paciente se enquadra em uma das indicações clássicas.

Em um ambiente hospitalar, um paciente internado pode ser transferido para o serviço de medicina hiperbárica se desenvolver uma infecção grave que não responde bem aos antibióticos ou se uma ferida cirúrgica apresentar sinais de necrose ou deiscência (abertura dos pontos). 

A avaliação de um especialista em medicina hiperbárica é essencial para determinar se o paciente pode se beneficiar do tratamento.

Como é uma sessão na câmara hiperbárica?

O paciente entra em uma câmara, que pode ser individual (monoplace) ou coletiva (multiplace). Ele permanece deitado ou sentado confortavelmente enquanto respira oxigênio puro através de uma máscara ou capacete. A câmara é então pressurizada gradualmente.

Durante a pressurização, é comum sentir uma pressão nos ouvidos, semelhante à sensação de um avião decolando. Manobras simples, como bocejar ou engolir saliva, ajudam a aliviar o desconforto. 

A equipe médica e de enfermagem monitora o paciente durante todo o processo. Uma sessão dura em média de 90 a 120 minutos, e o número total de sessões varia conforme a condição tratada.

Quais são os riscos e as contraindicações?

A oxigenoterapia hiperbárica é um tratamento seguro quando realizado por equipes qualificadas e com indicação correta. No entanto, como todo procedimento médico, existem riscos e contraindicações.

A principal contraindicação absoluta é o pneumotórax não tratado (presença de ar entre o pulmão e a parede torácica), que pode se agravar com a pressão. Outras condições, como infecções respiratórias, febre alta e claustrofobia, precisam ser avaliadas caso a caso.

O efeito colateral mais comum é o barotrauma da orelha média, uma lesão causada pela dificuldade em equalizar a pressão. Complicações mais raras incluem toxicidade pulmonar ou neurológica pelo oxigênio, que são minimizadas pelo seguimento de protocolos de segurança.

Este conteúdo tem caráter informativo e não substitui avaliação médica. Em caso de dúvidas, procure um especialista habilitado.

Bibliografia

DE WOLDE, S. D. et al. The effects of hyperbaric oxygenation on oxidative stress, inflammation and angiogenesis. Biomolecules, ago. 2021. Disponível: https://www.mdpi.com/2218-273X/11/8/1210. Acesso em: 18 nov. 2025.

LANSDORP, C. A. et al. Hyperbaric oxygen therapy for the treatment of perianal fistulas in 20 patients with Crohn’s disease. Alimentary Pharmacology & Therapeutics, [s. l.], dez. 2020. Disponível: https://onlinelibrary.wiley.com/doi/10.1111/apt.16228.Acesso em: 18 nov. 2025.

MARCINKOWSKA, A. B. et al. Impact of hyperbaric oxygen therapy on cognitive functions: a systematic review. Neuropsychology Review, abr. 2021. Disponível: https://link.springer.com/article/10.1007/s11065-021-09500-9. Acesso em: 18 nov. 2025.

ORTEGA, M. A. et al. A general overview on the hyperbaric oxygen therapy: applications, mechanisms and translational opportunities. Medicina, Aug. 2021. Disponível: https://www.mdpi.com/1648-9144/57/9/864. Acesso em: 18 nov. 2025.

WANG, D. et al. Hyperbaric oxygen therapy for cardiovascular surgery. Medical Gas Research, jan. 2025. Disponível: https://journals.lww.com/mgar/fulltext/2025/06000/hyperbaric_oxygen_therapy_for_cardiovascular.23.aspx. Acesso em: 18 nov. 2025.

Sociedade Brasileira de Medicina Marítima e Hiperbárica. O que é. 2017. Disponível: https://sbmh.com.br/medicina-hiperbarica/o-que-e/#:~:text=Indica%C3%A7%C3%B5es%20Gerais,por%20processo%20infeccioso%20e%20trauma. Acesso em: 18 nov. 2025.

Ícone do WhatsAppÍcone do Facebook
Ícone do WhatsAppÍcone médicoAgende sua consulta