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Fratura exposta: o que é, cuidados e tratamentos necessários

Traumas como esse expõem o osso e aumentam o risco de infecção, exigindo ação rápida e cuidados especializados

Quando um acidente ou trauma atinge o corpo com muita força, a pele pode se romper, expondo o osso. Essa é a característica principal de uma fratura exposta, uma lesão que exige atenção imediata e cuidados específicos para evitar problemas sérios.

Fratura exposta

Quer saber mais sobre o assunto? Então continue a leitura.

O que caracteriza uma fratura exposta?

A fratura exposta ocorre quando um osso fraturado rompe a pele, expondo o material ósseo ao ambiente externo. Essa exposição não só aumenta o risco de contaminação, mas também dificulta o processo de cicatrização, exigindo uma intervenção médica imediata. 

Diferente das fraturas fechadas, onde a pele permanece intacta, a fratura exposta é considerada uma emergência por conta do risco elevado de infecções e complicações associadas à exposição do osso.

Principais causas e tipos de fraturas

As fraturas expostas geralmente são causadas por traumas como acidentes de carro ou moto, quedas de grandes alturas, ferimentos por arma de fogo ou lesões graves durante a prática de esportes de contato. A força do impacto é tão grande que não apenas quebra o osso, mas também lacera a pele e os tecidos circundantes. Além disso, agressões físicas e acidentes de trabalho também estão entre as causas mais comuns. 

As fraturas expostas podem ser classificadas de acordo com a gravidade da lesão, o local do osso afetado e o grau de exposição do osso. Geralmente, quanto maior a área exposta e mais complexa a fratura, maior o risco de complicações, como infecções profundas e problemas na cicatrização.

  • Uma das classificações mais utilizadas é a de Gustilo-Anderson, que divide as fraturas expostas em três tipos principais, com subtipos dentro de cada categoria.
  • Tipo I:a ferida na pele é pequena (menor que 1 cm), geralmente causada por um fragmento ósseo que perfura de dentro para fora. A contaminação é considerada mínima.
  • Tipo II: a ferida é maior (entre 1 cm e 10 cm), com um dano moderado aos tecidos moles (músculos, pele), mas sem grande esmagamento ou perda de tecido. A contaminação é moderada.
  • Tipo III: é a mais grave. A ferida tem mais de 10 cm, há dano extenso aos tecidos moles, incluindo músculos, pele e, às vezes, nervos e vasos sanguíneos. A contaminação é alta. 

O tipo III ainda se subdivide:

  • IIIA: apesar do dano extenso, ainda há cobertura de tecido mole suficiente sobre o osso fraturado.
  • IIIB: há perda significativa de tecido mole, e o osso fica exposto, necessitando de procedimentos mais complexos para cobri-lo.
  • IIIC: além do dano extenso aos tecidos moles, há uma lesão arterial importante que precisa ser reparada para salvar o membro.

Entender essa classificação ajuda a equipe médica a planejar o tratamento mais adequado e a prever os possíveis riscos e o tempo de recuperação.

O que fazer imediatamente após o trauma?

Em caso de suspeita de fratura exposta, a primeira ação é ligar imediatamente para o serviço de emergência (192 ou 190). Enquanto a ajuda profissional não chega, o mais importante é não se movimentar. Nunca tente empurrar ou realinhar o osso que está visível. Isso pode causar mais danos aos tecidos, nervos e vasos, além de aumentar muito o risco de infecção. Deixe isso para os profissionais de saúde.

Se possível, cubra a área da ferida com um pano limpo ou, idealmente, com gaze esterilizada. Não use algodão, que pode soltar fibras na ferida. Se houver sangramento intenso, aplique pressão firme com um pano limpo ao redor da ferida, e não diretamente sobre o osso exposto. 

A pessoa que sofreu o trauma não deve comer ou beber: Ela pode precisar de cirurgia de emergência, e estar de estômago vazio é importante para a anestesia. Ela deve ser mantida aquecida e o mais confortável possível até a chegada da ambulância.

Tratamento hospitalar para fratura exposta

Assim que a pessoa com fratura exposta chega ao hospital, uma série de procedimentos são iniciados rapidamente: o tempo é um fator crítico para prevenir infecções e garantir a melhor recuperação possível.

A equipe médica avalia a extensão da lesão, verificando não só a fratura, mas também possíveis danos a nervos, vasos sanguíneos e outros órgãos, especialmente se o trauma foi grave (como num acidente de carro).

Então, a ferida será cuidadosamente limpa (irrigada com soro fisiológico) para remover sujeira, detritos e tecido contaminado. Muitas vezes é necessário um procedimento cirúrgico chamado desbridamento, onde o cirurgião remove todo o tecido morto ou gravemente contaminado da ferida. Isso é essencial para reduzir o risco de infecção.

Antibióticos são administrados por via intravenosa o mais rápido possível, geralmente já na sala de emergência. Eles são fundamentais para combater as bactérias que podem ter entrado na ferida e prevenir a osteomielite. 

A vacina contra o tétano ou um reforço será administrada, pois a ferida aberta é uma porta de entrada para a bactéria causadora do tétano.

Após isso, é feita a estabilização da fratura. O osso quebrado precisa ser alinhado e estabilizado para permitir a cicatrização. Em fraturas expostas, especialmente as mais graves (Tipo II e III), a estabilização inicial é frequentemente feita com um fixador externo. Esse aparelho consiste em pinos de metal que são inseridos no osso acima e abaixo da fratura e conectados a uma haste ou estrutura metálica fora do corpo. 

Esse procedimento mantém os ossos no lugar sem a necessidade de colocar implantes metálicos (placas, parafusos) diretamente na ferida potencialmente contaminada logo de início. Em casos menos graves (Tipo I), ou após a limpeza inicial e controle da contaminação nos casos mais graves, pode-se optar por uma fixação interna (cirurgia com placas e parafusos ou hastes intramedulares).

Radiografias (raios-X) permitem visualizar a fratura em detalhes, enquanto a tomografia computadorizada ou ressonância magnética podem ser usadas em casos mais complexos para avaliar melhor o osso e os tecidos moles.

Dependendo da gravidade (especialmente nos tipos IIIB e IIIC), podem ser necessárias cirurgias plásticas reconstrutivas para cobrir o osso com tecido saudável (retalhos de pele ou músculo) ou cirurgias vasculares para reparar artérias danificadas.

Riscos de infecção e complicações

A maior preocupação com uma fratura exposta é a infecção. Como mencionado, a comunicação direta entre o osso fraturado e o ambiente externo permite que bactérias entrem facilmente na ferida. E aqui nos referimos a dois tipos:

  • Osteomielite, ou seja, infecção do osso. Pode ser muito difícil de tratar, exigindo longos cursos de antibióticos (semanas ou meses) e, às vezes, múltiplas cirurgias para limpar o osso infectado. Em casos graves e resistentes, pode levar à necessidade de amputação do membro.
  • Infecção dos tecidos moles: a pele, músculos e outros tecidos ao redor da fratura também podem infeccionar (celulite, abscessos).

Além da infecção, outras complicações podem ocorrer:

  • Retardo de consolidação: o osso demora mais que o esperado para colar.
  • Não união (pseudoartrose): o osso simplesmente não cicatriza, exigindo novas intervenções cirúrgicas (enxertos ósseos, por exemplo).
  • Consolidação viciosa: o osso cicatriza em uma posição errada, o que pode causar deformidade, dor e perda de função.
  • Lesão neurovascular: nervos e vasos sanguíneos podem ser danificados no momento do trauma ou durante o tratamento, levando a problemas de sensibilidade, movimento ou circulação no membro.
  • Síndrome compartimental: uma condição grave onde o inchaço dentro de um compartimento muscular aumenta a pressão a ponto de cortar o fluxo sanguíneo para os tecidos. É uma emergência cirúrgica que requer a abertura do compartimento (fasciotomia) para aliviar a pressão.
  • Rigidez articular: a imobilização prolongada e a própria lesão podem levar à rigidez nas articulações próximas à fratura.
  • Dor crônica: algumas pessoas podem desenvolver dor persistente na área da fratura mesmo após a cicatrização.

Embora seja o último recurso, em casos de infecção incontrolável, dano vascular irreparável ou esmagamento muito severo do membro, a amputação pode ser necessária para salvar a vida do paciente.

Tempo de recuperação e reabilitação

A recuperação de uma fratura exposta é, geralmente, um processo longo e desafiador. A cicatrização óssea em si pode levar de vários meses a mais de um ano. O tempo exato varia muito porque depende de fatores como:

  • A gravidade da fratura (classificação de Gustilo-Anderson);
  • A localização da fratura;
  • A idade e a saúde geral do paciente (fumantes e diabéticos, por exemplo, podem ter cicatrização mais lenta);
  • A presença de complicações, como infecção;
  • A aderência do paciente ao tratamento e à reabilitação.

Durante a fase de recuperação, o paciente passará por diferentes fases:

  • Imobilização: com fixador externo ou, após cirurgia, com gesso, órteses ou mantendo a fixação interna. O objetivo é manter o osso alinhado e estável para colar.
  • Controle da dor e infecção: medicação para dor e antibióticos (se necessários) são parte crucial do tratamento inicial.
  • Fisioterapia: assim que o médico autoriza, a fisioterapia é iniciada. Ela é fundamental para manter a mobilidade das articulações próximas que não estão diretamente imobilizadas e prevenir a atrofia muscular (perda de massa muscular) no membro afetado.

Após a retirada da imobilização ou quando o osso estiver mais estável, o foco da fisioterapia será a recuperação da amplitude de movimento da articulação envolvida, fortalecer os músculos ao redor da fratura (para dar suporte e melhorar a função) e treinar novamente a marcha (no caso de fraturas na perna) ou o uso funcional do membro (no caso de braço).

Quando a cirurgia é necessária?

No caso de uma fratura exposta, a resposta é quase sempre: sim, a cirurgia é necessária. Na verdade, múltiplas cirurgias são comuns.

  • Cirurgia de emergência (limpeza e desbridamento): a primeira cirurgia, realizada o mais rápido possível, é focada em limpar a ferida exaustivamente (irrigação) e remover todo o tecido contaminado, desvitalizado ou morto (desbridamento). Este é o passo mais crítico para prevenir a infecção.
  • Cirurgia de estabilização: a fratura precisa ser estabilizada. Como já mencionado, isso pode ser feito inicialmente com um fixador externo. Posteriormente, ou em casos menos graves, pode ser realizada uma cirurgia para fixação interna definitiva com placas, parafusos ou hastes intramedulares, quando o risco de infecção for considerado menor e a condição dos tecidos moles permitir.
  • Cirurgias reconstrutivas: em fraturas com grande perda de pele ou tecido mole (Gustilo IIIB), cirurgias plásticas com retalhos podem ser necessárias para cobrir o osso e permitir a cicatrização. Em casos com lesão vascular (Gustilo IIIC), cirurgia vascular para reparar a artéria é urgente.
  • Cirurgias para complicações: em caso de  infecção (osteomielite) ou de não união da fratura (pseudoartrose), novas cirurgias podem ser indicadas para limpar a infecção, remover implantes, colocar enxerto ósseo ou revisar a fixação.

Cuidados com curativos e medicação

Após a alta hospitalar, os cuidados continuam em casa e são essenciais para uma boa recuperação e para evitar complicações. Em relação aos curativos, é preciso seguir rigorosamente as instruções médicas sobre como e quando trocar o curativo. 

Geralmente, a recomendação é manter a ferida cirúrgica (ou a área dos pinos do fixador externo) sempre limpa e seca, além de observar atentamente a aparência da ferida a cada troca. Se notar sinais de infecção (como vermelhidão excessiva, inchaço progressivo, calor local, presença de pus ou odor desagradável), o paciente deve comunicar o médico imediatamente. E, claro, é preciso lavar bem as mãos antes e depois de manusear o curativo.

Se foram prescritos antibióticos para tomar em casa, é fundamental completar todo o ciclo, mesmo que o paciente se sinta melhor ou a ferida pareça estar cicatrizando bem. Interromper o tratamento antes do tempo pode permitir que bactérias resistentes sobrevivam e causem uma infecção mais tarde.

Além disso, além de analgésicos, pode ser que o médico prescreva anticoagulantes (para prevenir trombose) ou outros medicamentos dependendo da sua condição. E o paciente deve seguir todas as orientações.

Perguntas frequentes

Quais são os tipos de fratura exposta?

Os tipos de fratura exposta são classificados principalmente pela escala de Gustilo-Anderson (Tipo I, II, e III com subdivisões A, B, C), que avalia o tamanho da ferida na pele, o grau de contaminação e a quantidade de dano aos tecidos moles (músculos, pele, nervos, vasos). O Tipo I é o menos grave, e o Tipo III é o mais grave, com maior risco de complicações.

O que deve ser feito em caso de fratura exposta?

Em caso de fratura exposta, a primeira coisa a fazer é chamar ajuda médica de emergência (SAMU 192). Enquanto espera, não tente recolocar o osso, cubra a ferida com um pano limpo (sem apertar), controle sangramentos aplicando pressão ao redor da ferida (não sobre o osso).

Como saber se uma fratura é exposta?

Você sabe que uma fratura é exposta se houver uma ferida aberta na pele sobre o local da fratura, através da qual o osso quebrado está em contato ou pode ter entrado em contato com o ambiente externo. Muitas vezes, é possível ver o próprio osso através da ferida, mas mesmo uma ferida menor na área de uma fratura pode caracterizá-la como exposta.

Porque a fratura exposta é considerada a mais grave?

A fratura exposta é considerada a mais grave principalmente pelo altíssimo risco de infecção. A quebra da barreira da pele permite que bactérias e sujeira contaminem diretamente o osso e os tecidos profundos, podendo levar à osteomielite (infecção óssea), que é de difícil tratamento. Além disso, pode haver danos significativos nos músculos, nervos e vasos sanguíneos ao redor.

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