20/08/2025
Revisado em: 20/08/2025
Entender o que esperar da quimioterapia é o primeiro passo para atravessar o tratamento com mais segurança, informação e qualidade de vida.
A palavra "quimioterapia" pode trazer muitas dúvidas e receios, principalmente sobre as reações do corpo. Por isso, conhecer os efeitos da quimioterapia e saber que existem formas de aliviá-los é o primeiro passo para uma jornada de tratamento mais segura, com foco na sua recuperação.
A preocupação com os efeitos colaterais é uma das mais comuns e legítimas de quem vai iniciar um tratamento oncológico. Para entender por que eles acontecem, é preciso conhecer o mecanismo de ação da quimioterapia.
Os medicamentos quimioterápicos são desenhados para atacar e destruir células que se multiplicam de forma rápida e descontrolada, que é a principal característica das células de um tumor. O desafio, e a origem dos efeitos, é que nosso corpo também possui células saudáveis que se renovam constantemente por natureza.
Esse é o caso das células da medula óssea, que produzem o sangue, as da raiz do cabelo, e as que revestem o interior da boca e de todo o trato digestivo. Ao circular pelo organismo, a quimioterapia não consegue diferenciar perfeitamente uma célula tumoral de uma célula saudável de alta proliferação.
É dessa ação sobre as células normais que surgem os efeitos da quimioterapia. Por isso, a queda de cabelo, a anemia e as feridas na boca são reações esperadas, pois são um sinal de que o tratamento está agindo exatamente onde deveria: sobre as células de crescimento rápido.
Os efeitos da quimioterapia variam muito de acordo com o tipo de medicamento, a dose e a resposta individual de cada paciente. Porém, algumas reações são mais frequentes e entender o porquê delas ajuda a lidar com o processo de forma mais tranquila.
Geralmente, a fadiga oncológica é o efeito mais comum. Ela se caracteriza por um cansaço profundo e persistente, que não melhora com o repouso, e ocorre pelo esforço imenso que o corpo faz para se reparar, somado à ação dos próprios medicamentos.
Os sintomas mais temidos são as náuseas e vômitos, mas hoje são muito mais bem controlados. A quimioterapia pode irritar o revestimento do estômago e estimular a área do cérebro que controla o reflexo do vômito. Felizmente, a medicina dispõe de medicamentos antieméticos modernos que são administrados antes das sessões para prevenir ou minimizar esse desconforto.
Os efeitos da quimioterapia sobre a aparência são os que costumam ter o maior impacto emocional, pois são visíveis. Por essa razão, ter conhecimento sobre por que eles acontecem e saber que são na maior parte das vezes temporários, é um passo importante para lidar com essa fase.
A queda de cabelo (alopecia) é um dos efeitos mais conhecidos. Ela ocorre porque as células da raiz do cabelo se dividem rapidamente e se tornam um alvo para a quimioterapia. A perda dos fios costuma acontecer entre a segunda e a terceira semana após o início do tratamento. Porém, vale ressaltar que nem todos os quimioterápicos causam a queda total e que, após o fim da terapia, o cabelo volta a crescer, podendo ter uma textura ou cor um pouco diferente no início.
A pele também pode ficar mais sensível e ressecada durante o tratamento. Alguns medicamentos podem causar fotossensibilidade, que é uma sensibilidade aumentada ao sol, de forma a exigir o uso rigoroso de protetor solar. Manchas escuras e irritações também podem ocorrer, sendo fundamental o uso de hidratantes neutros e a comunicação com a equipe médica.
Por sua vez, as unhas podem enfraquecer, ficando quebradiças, secas e com o crescimento mais lento. O surgimento de manchas ou linhas escuras também é comum. Diante disso, manter as unhas curtas e evitar retirar as cutículas, ajuda a prevenir infecções e desconfortos.
Estes são os efeitos invisíveis, mas que exigem o maior monitoramento da equipe médica durante o tratamento. Como a quimioterapia atinge a medula óssea, a produção de todas as células sanguíneas pode diminuir, um quadro conhecido como mielossupressão.
Essa queda é acompanhada de perto por meio de exames de sangue regulares, pois cada alteração tem um impacto diferente no corpo. A queda dos glóbulos brancos (leucócitos), em especial dos neutrófilos, leva a um quadro chamado neutropenia, que diminui a capacidade do corpo de combater infecções. É por esse motivo que a febre durante a quimioterapia é tratada como uma emergência.
A redução dos glóbulos vermelhos (hemácias) causa a anemia, que se manifesta como cansaço, palidez e falta de ar, pois há menos células para transportar oxigênio pelo corpo. Já a diminuição das plaquetas, responsáveis pela coagulação, aumenta o risco de sangramentos e do surgimento de hematomas.
De acordo com o Instituto Oncoguia, o monitoramento constante por meio do hemograma é o que permite à equipe médica avaliar a intensidade desses efeitos e ajustar as doses ou os intervalos do tratamento para garantir a segurança do paciente.
O manejo dos efeitos da quimioterapia é uma parte essencial do tratamento, e pequenas atitudes no dia a dia podem trazer um alívio significativo e dar ao paciente uma maior sensação de controle.
Para controlar os efeitos da quimioterapia no estômago, como as náuseas e a falta de apetite, a estratégia é nunca ficar com o estômago vazio. Faça refeições menores e mais frequentes ao longo do dia, priorizando alimentos leves, frios e com pouco cheiro, como frutas, iogurtes e sanduíches naturais. Manter-se bem hidratado, com pequenos goles de água, chás claros ou água de coco, também ajuda a diminuir o enjoo.
No caso das feridas na boca (mucosite), o cuidado com a higiene é o ponto central. Utilize uma escova de dentes de cerdas bem macias e evite enxaguantes bucais com álcool. Para aliviar a dor, opte por alimentos pastosos e frios, como purês, vitaminas e sorvetes.
A fadiga oncológica exige uma abordagem de gerenciamento de energia. Ouça seu corpo e permita-se descansar, mas tente intercalar o repouso com pequenas atividades, como uma caminhada leve, que ajuda a melhorar a disposição.
Por fim, a comunicação com sua equipe de saúde é a sua maior companheira. Relate todos os sintomas, pois existem medicamentos e estratégias específicas para controlar cada efeito colateral. Lembre-se que o tratamento oncológico é um trabalho em equipe, e você é a parte mais importante dela.
Saber reconhecer os sinais de alerta que exigem contato imediato com a equipe médica é uma parte importante do seu cuidado durante a quimioterapia. A febre é o principal sintoma que deve ser observado. Como as defesas do corpo podem baixar, uma febre pode ser o único sinal de uma infecção que precisa ser tratada rapidamente.
Outros sinais que exigem atenção imediata incluem sangramentos que não param, como no nariz ou na gengiva, ou o surgimento de múltiplos hematomas pelo corpo, que podem indicar uma queda perigosa das plaquetas. Vômitos ou diarreia que não melhoram com a medicação prescrita e que impedem a hidratação também são uma emergência, pelo risco de desidratação e desequilíbrio do corpo.
A jornada da quimioterapia é um caminho de parceria e comunicação. Não hesite em relatar qualquer sintoma ou dúvida à sua equipe de saúde. Eles são os seus maiores aliados para que o tratamento seja o mais seguro e tranquilo possível.
Referências bibliográficas:
INSTITUTO NACIONAL DE CÂNCER (INCA). Quimioterapia. Rio de Janeiro: INCA, 2024. Disponível em: https://www.gov.br/inca/pt-br/assuntos/cancer/tratamento/quimioterapia. Acesso em: 12 ago. 2025.
INSTITUTO ONCOGUIA. Efeitos Colaterais da Quimioterapia. São Paulo: Oncoguia, [s.d.]. Disponível em: https://www.oncoguia.org.br/conteudo/efeitos-colaterais-da-quimioterapia/15/140/. Acesso em: 12 ago. 2025.
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