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Como identificar e tratar dor no estômago

Saiba quando a queimação no estômago é um simples desconforto e quando os sinais indicam a necessidade de uma avaliação médica.

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Aquela dor no estômago que se manifesta como queimação ou um peso após a refeição é uma das queixas mais comuns da rotina. Por sua frequência, muitas vezes o sintoma é ignorado. Porém, entender o que pode estar por trás desse desconforto é o que permite encontrar o alívio e o cuidado corretos.

Quais são as causas mais frequentes de dor no estômago?

Na grande maioria das vezes, a dor no estômago está relacionada a fatores do dia a dia, principalmente aos nossos hábitos alimentares. Entre as causas mais comuns, está a má digestão, também conhecida como dispepsia. 

Esse desconforto tende a ser desencadeado pelo consumo excessivo de alimentos gordurosos, frituras, café, refrigerantes e bebidas alcoólicas, que irritam a mucosa gástrica e estimulam a produção de ácido no estômago. 

Além da alimentação, o uso prolongado de certos medicamentos, como os anti-inflamatórios (ibuprofeno e diclofenaco, por exemplo), é uma causa importante de agressão ao estômago. Esses remédios podem inibir a produção de substâncias que protegem a parede do estômago, deixando-a mais vulnerável à ação do próprio ácido gástrico.

O tabagismo também contribui para o problema por múltiplas vias: a nicotina pode enfraquecer a válvula que separa o esôfago do estômago, facilitando o refluxo, e ainda diminui a circulação sanguínea no órgão, o que dificulta sua cicatrização. 

O jejum prolongado pode ser outro fator de desconforto. Quando o estômago permanece vazio por muito tempo, o ácido gástrico age diretamente sobre a mucosa, aumentando o risco de irritações e dor, já que não há alimento para neutralizar sua ação.

Como saber se é gastrite ou outro problema?

Embora toda dor no estômago seja popularmente chamada de "gastrite", nem sempre esse é o diagnóstico correto. 

Por definição, a gastrite é uma inflamação da mucosa, a camada que reveste o estômago por dentro, muitas vezes causada pela bactéria Helicobacter pylori ou pelo uso crônico de anti-inflamatórios. Quando de fato presente, o problema costuma causar sintomas como dor em queimação, náuseas e a sensação de estômago cheio mesmo após pequenas refeições.

É muito comum que o paciente tenha todos esses sintomas, mas os exames não mostrem nenhuma inflamação. Esse quadro é chamado de dispepsia funcional, popularmente conhecida como "gastrite nervosa". 

Nela, a dor é real, mas o problema não é uma inflamação, e sim uma alteração na sensibilidade do estômago ou na sua motilidade (a forma como ele se contrai e relaxa), muitas vezes influenciada por fatores emocionais.

Apenas um médico, geralmente um gastroenterologista, pode diferenciar corretamente essas duas condições. A principal ferramenta para isso é a endoscopia digestiva alta, um exame que permite visualizar diretamente a parede do estômago e identificar sinais de inflamação. 

Durante o procedimento, também é possível coletar pequenas amostras de tecido (biópsias) para investigar a presença da bactéria Helicobacter pylori, um microrganismo que vive no estômago e está associado à gastrite, úlceras e, em alguns casos, até ao câncer gástrico.

O que comer quando o estômago dói?

Durante uma crise de dor no estômago, a alimentação se torna uma forte aliada para acalmar o sistema digestivo. A estratégia é optar por alimentos leves, de fácil digestão e que não exijam um grande esforço do estômago, que já está sensível.

De acordo com os guias de saúde digestiva do Ministério da Saúde, a recomendação é priorizar preparações simples, como arroz branco, batata cozida e sopas de legumes com baixo teor de gordura. 

Carnes magras, como peito de frango ou peixe, preparadas de forma grelhada ou cozida, também são boas opções. Entre as frutas, as menos ácidas, como a banana e a maçã sem casca, são as mais indicadas.

Além do que comer, a forma de se alimentar também faz diferença. Comer em porções menores e mais vezes ao dia, mastigando bem os alimentos, ajuda a evitar a sobrecarga no estômago. Se manter hidratado com água e chás de ervas, como o de camomila ou erva-doce, também contribui para aliviar o desconforto.

Por outro lado, é importante evitar temporariamente os alimentos que podem irritar ainda mais a mucosa gástrica ou aumentar a produção de ácido. Isso inclui frituras, queijos amarelos, carnes gordurosas, cafeína, refrigerantes, bebidas alcoólicas, alimentos picantes e molhos de tomate.

Dor no estômago e estresse: qual a relação?

Quem nunca sentiu um "frio na barriga" antes de um evento importante ou um "nó no estômago" em um dia tenso? Essa conexão entre as emoções e o sistema digestivo não é apenas uma força de expressão. Existe uma comunicação direta e constante entre o cérebro e o intestino, conhecida como eixo cérebro-intestino.

Quando estamos sob estresse ou ansiedade, o cérebro libera hormônios como o cortisol e a adrenalina. Essa cascata hormonal pode desregular o funcionamento do estômago de várias maneiras:

Essa conexão explica por que, em períodos de maior tensão, os sintomas de refluxo e a dor no estômago podem piorar, mesmo que a pessoa não tenha mudado sua alimentação. Por sua vez, a dor pode gerar mais estresse, criando um ciclo vicioso difícil de quebrar. Cuidar da saúde mental é também uma forma direta de cuidar da saúde digestiva.

Quando procurar um médico por dor no estômago?

Apesar de uma dor no estômago ocasional poder ser tratada em casa, a persistência ou a intensidade do sintoma são os principais indicativos de que é hora de procurar uma avaliação médica. 

A orientação é conversar com um clínico geral ou um gastroenterologista se a dor se torna recorrente, acontecendo várias vezes na semana, ou se ela for forte o suficiente para atrapalhar suas atividades diárias.

Além da frequência, a presença de outros sinais de alerta é um motivo importante para a consulta. 

Fique atento se a dor vier acompanhada de perda de peso sem motivo aparente, dificuldade ou dor para engolir, vômitos frequentes (especialmente se houver a presença de sangue) ou alteração na cor das fezes, que podem se tornar muito escuras, com aspecto de borra de café, o que pode indicar sangramento digestivo.

Cuidar do estômago é também uma forma de cuidar do corpo como um todo. Se você sente desconfortos frequentes ou está inseguro sobre o que está causando a dor, não hesite em buscar ajuda. 

Procurar um médico não significa necessariamente que algo grave está acontecendo, mas é uma maneira de entender melhor o seu corpo e encontrar formas de viver com mais bem-estar e tranquilidade.

Referências bibliográficas:

MINISTÉRIO DA SAÚDE (Brasil). Guia Alimentar para a População Brasileira. 2. ed. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2014. Disponível em: https://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/guia_alimentar_populacao_brasileira_2ed.pdf. Acesso em: 07 ago. 2025.