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Dor nas costas: causas mais frequentes e como aliviar

Aquela dor persistente nas costas pode ter origens que vão muito além do cansaço; entenda as causas mais comuns e saiba quando o sintoma precisa de uma avaliação médica.

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Seja uma rigidez no pescoço após um dia de trabalho ou uma pontada na lombar ao se levantar, a dor nas costas raramente é apenas cansaço. Existem causas comuns para a dor nas costas que, quando ignoradas, se tornam um risco. Por isso, entender o que está por trás do incômodo é o primeiro passo para buscar o alívio correto e recuperar a qualidade de vida.

O que causa dor nas costas no dia a dia?

Na grande maioria das vezes, a dor nas costas não está ligada a uma doença grave. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 90% dos casos são de origem mecânico-postural, ou seja, são o resultado do desgaste e do mau uso das estruturas da coluna em nossas atividades diárias.

As causas mais comuns no dia a dia são as distensões e contraturas musculares, que ocorrem por um esforço excessivo, como levantar um objeto pesado de forma inadequada, ou pela sobrecarga contínua de movimentos repetitivos no trabalho ou na prática de esportes.

O estresse é outro fator de grande impacto. Em períodos de tensão, é comum contrairmos de forma involuntária a musculatura dos ombros, do pescoço e da lombar. Essa contração constante e prolongada gera pontos de tensão e dor. 

Como a má postura pode gerar dor nas costas?

A má postura é uma das principais vilãs da saúde da coluna na vida moderna, já que passar horas sentado diante do computador ou com a cabeça inclinada para o celular, embora pareça inofensivo, sobrecarrega as estruturas das costas.

Para entender o porquê, basta pensar no peso da nossa cabeça. Um estudo de biomecânica publicado na revista Surgical Technology International afirma que em uma posição neutra, a cabeça de um adulto pesa cerca de 5 quilos. 

Porém, a cada centímetro que a inclinamos para a frente, esse peso percebido pela coluna aumenta. Com a cabeça a 60 graus, como é comum ao usar o celular, a carga sobre o pescoço e a parte superior das costas pode chegar a mais de 25 quilos.

Essa pressão contínua força a musculatura a trabalhar sem descanso para sustentar a cabeça, o que leva à fadiga, ao surgimento de pontos de tensão dolorosos (os "nós") e à sensação constante de dor na região. 

Com o tempo, esse esforço repetido altera o funcionamento natural da coluna e provoca inflamações, rigidez e até compressões nos nervos. Logo, manter esse hábito postural ruim por meses ou anos pode acelerar o desgaste dos discos e das articulações, aumentando o risco de problemas como hérnias de disco, artrose e limitação de movimento.

Quais problemas de coluna provocam dor?

Quando a dor nas costas é persistente ou se torna crônica, ela pode estar ligada a problemas estruturais da própria coluna vertebral e uma das condições mais conhecidas é a hérnia de disco. 

Para entendê-la, imagine que entre cada vértebra da coluna existe um disco gelatinoso que funciona como um amortecedor. A hérnia ocorre quando a parte externa desse disco se rompe e o conteúdo gelatinoso vaza e comprime um nervo próximo. É essa compressão que causa a dor intensa, muitas vezes irradiando para as pernas, o que chamamos de dor ciática. 

Outra causa muito comum, especialmente com o envelhecimento, é a artrose na coluna, também chamada de espondiloartrose. Ela acontece quando há um desgaste natural da cartilagem que reveste as pequenas articulações entre as vértebras. Sem essa proteção, os ossos passam a atritar entre si, o que provoca inflamação, rigidez e uma dor lombar crônica que costuma piorar com o movimento.

A dor pode ser causada pela estenose espinhal, que é um estreitamento do canal por onde passam a medula espinhal e os nervos. Esse quadro costuma surgir em decorrência da artrose e do espessamento dos ligamentos, que pode comprimir as estruturas nervosas, gerando dor, formigamento ou fraqueza nas pernas, principalmente ao caminhar. 

Por fim, a espondilolistese é outra condição estrutural que tem potencial de ser na origem do problema. Ela acontece quando uma vértebra desliza para a frente sobre a vértebra abaixo, o que rompe o alinhamento natural da coluna, podendo comprimir os nervos e causar dor lombar crônica e instabilidade.

Dor nas costas e sedentarismo: existe relação?

A relação entre o sedentarismo e a dor nas costas é direta e muito bem estabelecida. A nossa coluna vertebral não se sustenta sozinha, ela é suportada por um complexo de músculos profundos no abdômen, na região lombar e no assoalho pélvico, que formam o nosso "core" ou centro de força.

Um estilo de vida inativo leva ao enfraquecimento e ao encurtamento progressivo dessa musculatura de sustentação. Sem o suporte adequado, a carga que deveria ser distribuída entre os músculos é transferida para as estruturas da coluna, como os discos e as vértebras, de forma a sobrecarregá-los.

Além de enfraquecer essa proteção natural, o sedentarismo ainda contribui para o ganho de peso, o que aumenta ainda mais a pressão sobre a coluna. Por outro lado, a prática regular de atividade física atua no caminho inverso: ela fortalece a região central do corpo, melhorando a flexibilidade e a postura.

Quando a dor nas costas é sinal de outro problema?

Embora seja menos comum, a dor nas costas pode ser um sintoma irradiado de um problema em outro órgão. Por essa razão, é importante saber reconhecer os sinais de alerta que indicam a necessidade de uma avaliação médica mais aprofundada para investigar outras causas.

Uma dor intensa que causa cólica em um dos lados da região lombar, por exemplo, que pode vir acompanhada de febre ou sangue na urina, é um sinal clássico de problemas nos rins, como pedras ou uma infecção. 

Em mulheres, condições ginecológicas como a endometriose também podem se manifestar com uma dor lombar crônica e profunda. 

Dessa forma, a orientação é procurar um médico se a dor nas costas for persistente e vier acompanhada de qualquer um dos seguintes sinais:

  • Febre e calafrios, que podem indicar um processo infeccioso;
  • Perda de peso inexplicada, que é sempre um sinal que exige investigação;
  • Fraqueza, formigamento ou dormência nas pernas, o que pode indicar uma compressão nervosa importante;
  • Perda de controle do intestino ou da bexiga, que é um sinal de emergência neurológica;
  • Dor que piora à noite ou que não alivia com o repouso.

A principal mensagem é: não trate a dor nas costas como algo normal ou inevitável. Mesmo que a maioria dos casos tenha solução simples, apenas a avaliação médica pode oferecer um diagnóstico preciso e seguro.

 

Referências bibliográficas:

HANSRAJ, Kenneth K. Assessment of stresses in the cervical spine caused by posture and position of the head. Surgical Technology International, v. 25, p. 277-279, 2014. Disponível em: https://pubmed.ncbi.nlm.nih.gov/25393825/. Acesso em: 06 ago. 2025

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Low back pain. Geneva: WHO, 2023. Disponível em: https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/low-back-pain. Acesso em: 06 ago. 2025.

SOCIEDADE BRASILEIRA DE REUMATOLOGIA. Dor nas Costas. São Paulo: SBR, [s.d.]. Disponível em: https://www.reumatologia.org.br/doencas-reumaticas/dor-nas-costas-lombalgia/. Acesso em: 06 ago. 2025.