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O que são as doenças do sistema cardiovascular e como evitar

Entender como o coração e os vasos sanguíneos funcionam é o primeiro passo para protegê-los e ter uma vida mais longa e saudável.

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Muitas vezes, a saúde do coração é lembrada apenas em momentos de susto: uma pontada no peito, uma falta de ar inesperada ou a notícia de que um amigo ou familiar sofreu um infarto. As doenças do sistema cardiovascular são construídas silenciosamente, todos os dias, por meio de nossos hábitos e escolhas. 

Devido a vários fatores, é importante entender quais são essas complicações, saber como preveni-las para proteger o motor da nossa vida.

O que é o sistema cardiovascular?

Para entender as doenças do sistema cardiovascular, primeiro é preciso conhecer o sistema que elas afetam. Pense no sistema cardiovascular como a incrível e complexa rede de transporte do nosso corpo, responsável por garantir que cada uma de nossas trilhões de células receba oxigênio e nutrientes para se manter viva.

O coração é o motor dessa estrutura, uma bomba muscular potente e incansável. Ele é dividido em quatro câmaras: os dois átrios, que recebem o sangue que volta do corpo e dos pulmões, e os dois ventrículos, que o bombeiam com força para fora.

Os vasos sanguíneos funcionam como as vias desse sistema. Dessa forma, as artérias são os vasos mais fortes e elásticos, que funcionam como as "vias de ida", levando o sangue rico em oxigênio do coração para o restante do corpo. 

As veias, por sua vez, são as "vias de volta", trazendo o sangue já utilizado de volta ao coração. Conectando as duas, existem os capilares, vasos microscópicos onde ocorre a mágica: a entrega de oxigênio e nutrientes às células e a coleta de resíduos.

Essa circulação funciona em um circuito duplo e constante. Na circulação pulmonar, o coração envia o sangue sem oxigênio para os pulmões, onde ele é reabastecido. Na circulação sistêmica, o coração bombeia esse sangue agora oxigenado para todo o organismo.

Manter a integridade e a eficiência deste fluxo é vital. Quando um de seus componentes é comprometido, surgem as doenças do sistema cardiovascular.

Quais são as principais doenças do sistema cardiovascular?

O primeiro passo para a prevenção dessas doenças é conhecê-las. A mais comum é a Hipertensão Arterial, ou pressão alta, uma condição crônica definida pela força constantemente elevada do sangue contra as paredes das artérias. 

Essa sobrecarga contínua em todo o sistema a torna perigosa porque, na maioria dos casos, ela não apresenta sintomas claros em suas fases iniciais, sendo conhecida como a "inimiga silenciosa"

A hipertensão ainda é um dos principais fatores que aceleram outra condição central: a Doença Arterial Coronariana (DAC). Ela é o resultado do acúmulo de gordura nas artérias que nutrem o próprio músculo do coração, podendo levar à angina (uma dor no peito que surge durante o esforço) ou, em casos mais graves, ao infarto do miocárdio (ataque cardíaco).

Quando esse mesmo processo de obstrução arterial não acontece no coração, mas sim em um vaso que irriga o cérebro, ocorre o Acidente Vascular Cerebral (AVC), popularmente conhecido como derrame. Ele pode ser isquêmico, quando uma artéria é bloqueada por um coágulo, ou hemorrágico, quando um vaso se rompe.

Tanto um infarto prévio quanto a hipertensão de longa data podem, com o tempo, enfraquecer o músculo cardíaco, levando a outra condição grave: a Insuficiência Cardíaca

Nela, o coração perde sua capacidade de bombear sangue de forma eficiente para o corpo, sendo muitas vezes a consequência de outras doenças não tratadas corretamente, como diabetes, valvopatias, arritmias, doenças do miocárdio (como a miocardiopatia dilatada) e até mesmo infecções virais que afetam o coração.

Além dos problemas mecânicos e de bombeamento, o coração também pode sofrer com falhas em seu sistema elétrico, o que causa as Arritmias. Elas são alterações no ritmo dos batimentos, que podem ir desde palpitações inofensivas até ritmos perigosamente irregulares. 

Segundo dados da Sociedade Brasileira de Arritmias Cardíacas, estima-se que cerca de 20 milhões de brasileiros convivam com a condição. Esse número expressivo mostra como as alterações do ritmo cardíaco são comuns. 

Por isso, é fundamental estar atento a sinais como palpitações frequentes, tonturas ou desmaios. A atitude mais segura é sempre procurar uma avaliação médica para entender a origem do sintoma e cuidar da saúde elétrica do coração.

Como surgem problemas como hipertensão e infarto?

A causa raiz da maioria dos problemas cardiovasculares graves é um processo silencioso e progressivo chamado aterosclerose. De forma simplificada, trata-se da formação de placas de gordura, colesterol e outras substâncias no interior das artérias, que se tornam endurecidas e estreitas, como canos que vão entupindo com o tempo.

Tudo começa quando níveis elevados de colesterol LDL (o "colesterol ruim") se infiltram na parede das artérias. O corpo interpreta essa invasão como uma agressão e envia células de defesa para o local, gerando uma resposta inflamatória crônica. Com o tempo, essa batalha forma a placa de ateroma: uma massa composta por gordura, células inflamatórias e cálcio, coberta por uma capa fibrosa.

Esse processo de formação de placas é acelerado por fatores de risco como colesterol alto, tabagismo, diabetes e, principalmente, a hipertensão. Este último fator, em particular, atua de duas formas: agredindo a parede das artérias, o que facilita a deposição de gordura, e forçando o coração a trabalhar com mais força.

A consequência mais temida desse processo crônico é o infarto do miocárdio (ataque cardíaco). Ele ocorre, na maioria das vezes, quando a capa fibrosa de uma dessas placas se rompe. O organismo entende essa ruptura como uma lesão e, para "repará-la", forma um coágulo de sangue (trombo) sobre ela. 

Esse coágulo pode crescer a ponto de bloquear completamente a artéria, interrompendo de forma súbita o fluxo de sangue e oxigênio para uma parte do músculo do coração, que começa a morrer.

Quais sintomas exigem atenção imediata?

Muitas doenças do sistema cardiovascular se desenvolvem em silêncio por anos, sem dar sinais claros. Por isso, quando os sintomas de uma emergência surgem, eles costumam ser súbitos e intensos. Reconhecer esses sinais de alerta rapidamente, seja em si mesmo ou em alguém próximo, pode fazer toda a diferença e exige atendimento médico imediato.

No caso de um infarto do miocárdio, o sintoma mais clássico é a dor ou pressão forte no peito, que pode se espalhar para o braço esquerdo, costas, pescoço ou mandíbula. Frequentemente, essa dor vem acompanhada de falta de ar, suor frio, náuseas e tonturas. 

O infarto em mulheres, idosos e diabéticos pode se apresentar com sintomas atípicos e sutis.

Em vez da dor clássica no peito, os sinais podem incluir: 

Essa apresentação diferente é perigosa, pois os sintomas podem ser facilmente confundidos com problemas menos graves, como ansiedade ou problemas gástricos, o que pode levar a um atraso perigoso na busca por atendimento médico. A orientação é: na dúvida, principalmente se houver fatores de risco associados, procure ajuda.

Enquanto o infarto é uma emergência que afeta o coração, o Acidente Vascular Cerebral (AVC) ocorre quando o problema de circulação atinge o cérebro e seus sinais também costumam ser súbitos. 

Existe uma forma prática e reconhecida internacionalmente para ajudar a identificar os sinais rapidamente, que no Brasil foi adaptada como o “teste SAMU”. A sigla utiliza o nome do nosso Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) para facilitar a memorização dos passos. 

Originalmente, esse teste surgiu como o protocolo FAST (Face, Arms, Speech, Time), criado por instituições como a American Stroke Association, com foco na identificação rápida dos sinais de AVC isquêmico. A versão brasileira mantém os mesmos princípios, mas adapta a sigla para a realidade local. 

Funciona da seguinte forma:

O U da sigla é de Urgência. Ao identificar qualquer um desses sinais, ligue imediatamente para a emergência (192). Além disso, uma dor de cabeça súbita e muito forte, sem causa conhecida, perda de visão ou dificuldade para andar também são alertas graves.

É importante também reconhecer os sinais de uma crise de insuficiência cardíaca descompensada. Fique atento a uma piora rápida da falta de ar (principalmente ao deitar), um inchaço progressivo nas pernas e tornozelos, ganho de peso rápido em um ou dois dias (por retenção de líquido) e uma tosse seca e persistente

Como prevenir doenças cardiovasculares?

A boa notícia é que, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), a maioria das mortes prematuras por doenças do sistema cardiovascular pode ser evitada. 

A prevenção é o pilar mais importante para isso e se baseia em um conjunto de atitudes e hábitos que, somados, protegem o coração e os vasos sanguíneos ao longo da vida.

A alimentação como aliada do coração

Manter uma alimentação equilibrada é fundamental. Diante disso, a recomendação é priorizar uma dieta rica em frutas, legumes, verduras, grãos integrais e gorduras boas, como as presentes no azeite de oliva e nas oleaginosas. 

Reduzir o consumo de sal é importante para o controle da pressão arterial, enquanto a diminuição de açúcar, gorduras saturadas e alimentos ultraprocessados ajuda a manter os níveis de colesterol e a glicose sob controle.

A importância do movimento regular

O corpo precisa de movimento para manter a circulação ativa, controlar o colesterol e regular os níveis de açúcar no sangue. É por essa razão que o sedentarismo é um dos maiores inimigos da saúde cardiovascular, comprometendo todo o sistema. 

A prática regular de atividade física, com pelo menos 150 minutos semanais de exercícios moderados, como uma caminhada, ajuda a controlar o peso, estabilizar o metabolismo e fortalecer o coração.

O impacto do tabagismo e do álcool

O cigarro é um dos principais fatores de risco para infarto e AVC, porque as substâncias tóxicas do tabaco agridem a parede interna das artérias, facilitam a formação de placas de aterosclerose e aumentam a coagulação do sangue. Devido a isso, parar de fumar é uma das atitudes isoladas de maior impacto na prevenção. 

O consumo excessivo de álcool também compromete a saúde cardiovascular. Ele pode levar à hipertensão e a arritmias e ainda eleva os níveis de triglicerídeos (um tipo de gordura) no sangue e, com o tempo, pode ter um efeito tóxico direto sobre o músculo cardíaco, enfraquecendo sua capacidade de bombeamento.

Gerenciamento do estresse e qualidade do sono

A saúde mental está diretamente ligada à saúde do coração, principalmente através do gerenciamento do estresse e da qualidade do sono. O estresse crônico libera hormônios como cortisol e adrenalina, que em excesso aumentam a pressão arterial e provocam inflamações nos vasos sanguíneos. 

Da mesma forma, o sono de pouca qualidade afeta a regulação hormonal e o controle da pressão arterial. Algumas atitudes de prevenção podem se tornar parte da sua rotina. Sempre que possível, cultive momentos de relaxamento, tenha apoio emocional e garanta um bom descanso noturno.

Controle das condições de base

Por fim, a prevenção cardiovascular passa obrigatoriamente pelo controle rigoroso de condições que servem como motor para a aterosclerose, como o diabetes, a hipertensão e o colesterol alto. 

Mantê-las sob controle, com o uso correto de medicamentos e um estilo de vida saudável, auxilia a proteger o coração e os vasos a longo prazo.

Quais são as 4 doenças cardiovasculares que mais matam?

Embora existam muitas condições que afetam o sistema cardiovascular, dados do Ministério da Saúde apontam que quatro grupos principais são responsáveis pela grande maioria da mortalidade. 

No Brasil, as doenças do sistema cardiovascular causam cerca de 400 mil mortes por ano, o que reforça a importância de conhecer as mais perigosas.

Doença Isquêmica do Coração 

Esta categoria, consequência direta da aterosclerose nas artérias do coração, é a principal causa isolada de morte cardiovascular no mundo. 

Ela engloba um espectro de gravidade, que vai desde a  angina estável (uma dor no peito previsível, que surge com o esforço e alivia com o repouso) até o infarto agudo do miocárdio, o evento agudo e fatal que ocorre quando o fluxo de sangue é completamente bloqueado.

Acidente Vascular Cerebral (AVC) 

Conhecido como derrame, o AVC é a segunda maior causa de morte no país e a principal causa de incapacidade em adultos. 

Sua gravidade está não apenas no risco de morte, mas nas sequelas permanentes que pode deixar, como paralisia, dificuldades de fala e alterações cognitivas, que alteram drasticamente a vida do paciente e de sua família.

Doenças Hipertensivas 

Este grupo abrange as complicações diretas causadas pela pressão alta não controlada ao longo do tempo. A hipertensão funciona como uma "bomba-relógio" silenciosa que danifica progressivamente as artérias de todo o corpo. 

Esse dano contínuo afeta múltiplos órgãos: no coração, a sobrecarga pode levar à insuficiência cardíaca; nos rins, agride os vasos responsáveis pela filtragem, causando doença renal crônica; e no cérebro, é o principal fator de risco para o AVC.

Insuficiência Cardíaca 

A Insuficiência Cardíaca é uma condição crônica na qual o coração se torna fraco e perde sua capacidade de bombear o sangue eficientemente. Essa condição crônica, na qual o coração se torna fraco e perde sua capacidade de bombear o sangue eficientemente, é frequentemente o estágio final de outras doenças não tratadas. 

O coração pode ficar tão enfraquecido que não consegue ejetar o sangue com força (fração de ejeção reduzida) ou tão rígido que não é capaz de se encher adequadamente (fração de ejeção preservada). 

Como o sangue não é bombeado para a frente suficientemente em nenhuma dessas situações, ele acaba "represando" para trás. Esse acúmulo de líquido nos pulmões e no corpo é o que causa o cansaço, o inchaço e a progressiva perda da qualidade de vida.

Quando procurar um cardiologista?

A avaliação cardiológica não deve esperar por um sintoma. Como muitas doenças do sistema cardiovascular se desenvolvem silenciosamente, a prevenção ativa é a estratégia mais inteligente. 

A recomendação é que homens a partir dos 40 anos e mulheres a partir dos 45 anos, mesmo sem sintomas, iniciem um acompanhamento regular. Se houver fatores de risco, como histórico familiar de doença cardíaca precoce, essa conversa deve começar ainda mais cedo.

A consulta preventiva é uma conversa aprofundada sobre seu estilo de vida e histórico de saúde, seguida de um exame físico. 

Para compor o quadro de risco, o médico solicita exames como o eletrocardiograma (ECG), para ver a atividade elétrica do coração; dosagens de colesterol e glicemia no sangue; e, se necessário, testes como o teste ergométrico (teste de esforço) ou o ecocardiograma (ultrassom do coração).

As doenças cardiovasculares, em sua maioria, não são uma sentença, mas sim o resultado de uma história construída ao longo de anos. Cada escolha de hoje, o prato que você monta, a caminhada que você faz, a decisão de não fumar, a consulta que você não adia, é um investimento direto na qualidade e na duração da sua vida futura. 

A prevenção é a construção diária de uma saúde mais forte, para que o motor da sua vida continue funcionando com força e precisão em cada etapa da jornada.

 

Referências Bibliográficas:

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE (OMS). Cardiovascular diseases. Geneva: WHO, 2023. Disponível em: <https://www.who.int/news-room/fact-sheets/detail/cardiovascular-diseases-(cvds>. Acesso em: 29 jul. 2025.

MINISTÉRIO DA SAÚDE (Brasil). Doenças Cardiovasculares: Principal Causa de Morte no Brasil. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 2023. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/noticias/2023/setembro/doencas-cardiovasculares-sao-a-principal-causa-de-morte-no-brasil. Acesso em: 29 jul. 2025.

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